Capítulo VII - Inesquecível

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     Aquilo era real? Por que aquilo aconteceu? Aquilo poderia ter sido diferente? — São as perguntas que vêm à cabeça do Hiroshi no dia seguinte quando acorda em seu dormitório. Ele não consegue se lembrar muito bem, mas talvez o Takechi o tenha convencido de voltar para a base. Mas ele consegue se lembrar muito bem daquela cena.

     Todos os dormitórios que estão ocupados têm um despertador agendado para às 6:30h da manhã, por isso todos acordaram na mesma hora para se prepararem para continuar as suas missões.

     Saindo de seu dormitório, o Haiji encontra o Hiroshi ao lado da porta. Ele estava olhando para o outro lado e para baixo, o Haiji sabia que aquele era o sinal de que o seu irmão precisava falar ou conversar sobre algo.

     — Hiroshi? Você precisa de alguma coisa? — O Haiji pergunta e percebe uma expressão séria no olhar do Hiroshi. — Aconteceu alguma coisa?

     — A mamãe... morreu... — O Hiroshi fala com certa dificuldade. — Quer dizer... uma criatura invadiu a nossa casa e... matou ela.

     Imagine que você não vê a sua mãe há anos. Agora imagine que você descobre que ela foi morta. É assim que o Haiji se sentiu quando recebeu a mensagem do Hiroshi, ele não conseguia acreditar no que ele tinha ouvido.

     — O quê...? — O Haiji fala. — Como... quando isso aconteceu?

     — Ela me ligou ontem à noite... ela estava desesperada... O Takechi Kurosawa se ofereceu para dirigir até lá, mas quando chegamos já era tarde demais... E se eu chegasse mais cedo? E se eu estivesse lá desde o início? E se eu-

     De repente, o Haiji segura os ombros do Hiroshi.

     — Hiroshi... Não se culpe pelo o que aconteceu. O único culpado por isso foi a criatura que matou ela!

     E mais uma vez o Hiroshi não consegue encontrar palavras para dizer. Então ele só muda de assunto:

     — Eu acho que os outros estão nos esperando... - Talvez essa seja a maneira dele de lidar com temas difíceis para ele.

     O Haiji só conseguiu concordar, ele não conseguiria falar muito mais sobre isso, afinal, também era um tema difícil para ele. Andando um pouco, a Fumiko, a Misaki e o Leon já estavam lá.

     — Estávamos esperando por vocês. — A Misaki fala e segue com uma pergunta. — Onde vocês estavam?

     — Desculpa. — Fala o Haiji. — Eu não tenho o costume acordar cedo.

     — Fiquei esperando por ele. — Fala o Hiroshi.

     — Vamos por agora. — Fala a Misaki parecendo que iria perguntar alguma coisa mas desistindo.

     E enquanto eles começam a caminhar em direção à garagem maior, mas uma voz os impedem.

     — Esperem! — Fala o Takeshi enquanto alcança eles. — É apenas uma mensagem breve sobre aquele Mono que vocês encontraram. Não abram aquela porta da sala onde ele se encontra, depois eu lido com aquilo.

     — Por que nós não podemos lidar com ele? — Pergunta a Misaki. — Não é o nosso objetivo matar essas criaturas?

     — Esse pode até ser o objetivo de vocês. — O Takechi começa a falar. — Mas um Mono ainda é muito forte para vocês, e, considerando que conseguem evitá-lo, não quero que se arrisquem ao ponto de morrer, consegue me entender?

     A Misaki só vira a cabeça e fica quieta, adimitindo a sua derrota. E o Takechi olha para o Hiroshi e fala:

     — Izakura, posso falar com você a sós?

     O Hiroshi sinaliza que sim com a cabeça. Os dois se afstam um pouco dos outros para conversarem.

     — Eu vou ser rápido. — Fala o Takechi. — Qual a porcentagem de sobrenaturais da região que você vive?

     — 61%... — Fala o Hiroshi. — Mas essa porcentagem alta é só no lado de fora das casas... Dentro das casas nem passa de 5%.

     — Entendo... Era apenas isso, pode voltar para a sua missão agora.

     Então o Takechi segue o seu próprio caminho enquanto o Hiroshi chega até os outros. A equipe entra no mesmo carro do dia anterior. A Misaki inicia uma conversa:

     — Pela quantidade de salas que investigamos ontem, acho que a nossa missão acaba hoje.

     — É verdade. — Fala o Leon. — E ontem nós começamos a investigar de tarde, agora nós temos tempo de sobra para terminar a missão hoje. Para um lugar que se dizia prédio subterrâneo ele só tem um andar.

     Enquanto isso, o Haiji e o Hiroshi conversavam um com o outro:

     — O que o Kurosawa queria te perguntar? — O Haiji pergunta.

     — Só coisa de pesquisador... Não era nada demais...

     — Você está bem mesmo?

     — Você já me conhece bastante... O que você acha?

     A conversa desses dois acaba mais uma vez com o Haiji sem saber o que falar. Assim que eles chegam no prédio subterrâneo, eles vão direto para onde pararam no dia anterior. Anteriormente, eles haviam combinado de investigar das salas mais próximas até as salas mais distantes, mas aqui haviam duas salas, uma na esquerda e outra na direita, igualmente distantes.

     — Aonde nós vamos primeiro? — Pergunta o Leon. — Esquerda ou direita?

     — Esquerda. — Responde a Misaki. — Parece que lá é uma sala de arquivos. — Nessa porta da esquerda tem uma placa escrito "Sala Arq..".

     E todos concordam em ir para a sala de arquivos primeiro. Assim que o Haiji abre aquela porta, todos eles se deparam com pilhas e pilhas de folhas e livros.

     — Vamos demorar uma eternidade se lermos todos esses arquivos. — Comenta o Haiji. — Precisamos procurar algo específico.

     — O que acham de procurarmos sobre aquele "Akumi 46"? Daquelas fichas que o Leon encontrou, ele é o único diferente. — A Fumiko sugere.

     — Me parece um bom plano. — Fala a Misaki. — Ao trabalho. Mesmo procurando por algo específico, nós ainda vamos demorar algum tempo.

     Então eles se separam para procurar arquivos que citam o Akumi 46. Mas foi relativamente fácil encontrar todos que citavam esse Akumi, a maioria dos arquivos estavam em branco ou não tinham nada haver com o que eles procuravam.

     — Eu encontrei uma mensagem escrita à mão. — Fala o Haiji.

"O Akumi 46 se fingiu de bonzinho, fingiu que ainda tinha uma mente humana, apenas para manipular você, não consegue ver?
Por onde ele passa só se consegue ver pilhas de corpos mortos com a sua assinatura do lado, 46, acho que ele adotou o 46 como o segundo nome dele."

     Não pode ser... Seria possível...? — É o que se passou na cabeça do Hiroshi ao ler aquilo. Mas ele não conseguiu evitar o rosto de surpresa, choque, espanto, medo, tudo ao mesmo tempo.

     — Está tudo bem? Parece que você viu um fantasma. — Pergunta a Fumiko.

     O Hiroshi volta aos seus sentidos e percebe que todos os outros estavam olhando para ele.

Sobrenatural, O Prédio SubterrâneoOnde histórias criam vida. Descubra agora