Capítulo XI - Desconfiança

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     — Mas matar humanos para obter mais rituais vale para qualquer criatura mágica, não apenas para Akumis. — Completa o Hiroshi.

     — E o que aconteceria se eles não materem humanos? — A Fumiko pergunta com curiosidade.

     — No caso de um Akumi real, ele ficaria sem rituais, igual a aquele Yurei. Mas no caso de um Akumi humano, ele iria enlouquecer antes de ficar sem rituais, perdendo qualquer senso humano e matando qualquer um que ele vê.

     — Será que não vamos conseguir nenhuma pista sobre quem é o Akumi 46? — A Misaki fala enquanto suspira.

     — Nós ainda não terminamos de investigar. — Fala o Haiji. — Ainda é cedo para dizer se vamos encontrar algo a respeito disso. Mas se todos os documentos foram censurados, não poderemos dizer que não tentamos.

     — Sim, você tem razão. — A Misaki concorda. — Se acham que temos tempo, podemos tentar reconstruir o que aconteceu aqui com tudo o que encontramos?

     — Claro, por que não? — Responde o Leon.

     Conversando juntos sobre os documentos que encontraram, eles conseguem reconstruir uma boa parte do que havia acontecido naquele lugar. Tudo começou em 2014, um ano em que o sobrenatural não era conhecido ainda. Uma empresa que deveria trabalhar com entregas tinha uma parte subterrânea, onde eles trabalhavam como cientistas estudando Racionais Físicos, eles também pareciam colocá-los para lutarem entre si, como um teste de resistência.

     Akumi 46, era o sobrenatural mais incomum que eles estavam estudando, já que ele tinha um aspecto mais humano. Um cientista parecia querer se aproximar dele, e até tinha descobrido o nome dele, mas o chefe dele não aprovou os seus atos. O Akumi 46 era mais fraco que outro Akumi, mas era mais rápido. Usando a sua inteligência, ele se juntou aos outros sobrenaturais para escapar, mas ele foi pego novamente e voltou mais forte do que antes. No fim, os sobrenaturais se rebelaram contra os cientistas e atacaram todos, onde nenhum sobrevivente deve ter restado.

     — Espera... tem algo estranho... — O Hiroshi fala consigo mesmo e com os outros ao mesmo tempo. - Os sobrenaturais não trabalham em conjunto.

     — O Akumi 46 já foi um humano, talvez ele ainda pensasse como um? — Sugere o Leon.

     — Mesmo pensando como um humano, ele ainda agiria como um Akumi.

     — Então podem estar mudando os seus métodos. — Sugere a Fumiko. — As criaturas podem ter percebido que humanos conseguem lidar com eles, por isso mudam os hábitos.

     — Talvez... — O Hiroshi responde completamente pensativo sobre esse assunto.

     — Agora só faltam 4 salas para terminarmos de investigar esse prédio. — Fala a Misaki. — Para as salas da direita e esquerda podemos nos separar em dois grupos. Enquanto a Takahashi, o Yoshida e o Izakura investigam a sala da direita, eu e o Leon investigamos a da esquerda.

     Como esse era um bom plano, eles o seguiram assim como a Misaki disse. Olhando de fora, nenhuma das salas tinham portas, e também eram onde provavelmente aqueles zumbis de mais cedo deviam estar. Na sala da direita, há duas pilhas de documentos, uma maior e outra menor.

     — Essa sala parece ter muita coisa. — A Fumiko fala quando o grupo chega. — Parece que vamos demorar um tempo aqui.

     — Então devemos começar logo. - O Haiji fala.

     Mas assim que eles começam a investigar, percebem algo em comum nos documentos que encontravam.

     — Todos são fichas das criaturas que estavam aqui! — Fala o Hiroshi. — A maioria deles não tem nome ou idade, mas todos possuem fotos e os codinomes que os cientistas deram.

     — Isso significa que só precisamos encontrar o codinome "Akumi 46", não é? — O Haiji pergunta.

     — Sim, mas está tudo desorganizado... — Fala a Fumiko. — Encontrar o Akumi 46 não vai ser tão fácil assim.

     — Não há nada que possamos fazer além de procurar. — Sugere o Hiroshi. — Talvez a gente encontre algo que nos ajude a achar ele.

     — Eu acabei de pensar, o que faríamos se nós encontrarmos o rosto do Akumi 46? — Pergunta a Fumiko. — Acho que só a polícia conseguiria mais informações dele a partir do rosto.

     — Bem, não custa nada tentar, viemos aqui para isso. — Fala o Haiji.

     Com isso, eles começam a procurar o Akumi 46 no meio de tantos papéis. Durante essa investigação, o Haiji lembra que precisa falar com o Hiroshi.

     — Hiroshi, me desculpa... — Fala o Haiji.

     — Por que você está se desculpando? — Questiona o Hiroshi.

     — Porque no passado eu prometi que sempre ia ficar ao seu lado, que nunca te abandonaria. Mas acabei saindo do Japão, e quando eu voltei, não tive coragem de falar com você.

     — Ah.. então era sobre isso... Se quiser que eu te desculpe, vai ter que explicar o por quê.

     — Tudo bem, eu explico. O meu pai adoeceu e precisava de um acompanhante, o Kazuto estava ocupado já que ele era da Austeridade, então eu que fiz esse papel. Não deu tempo de explicar isso para você antes... E quando o meu pai melhorou e eu voltei, a nossa mãe disse que você ficou chateado comigo, que provavelmente nem queria ver a minha cara, então acabei me afastando... Tudo poderia ter sido resolvido no diálogo mas eu escolhi me afastar...

     — Acho que se fosse diferente eu não teria te dado ouvidos, você deve ter feito a melhor escolha.

     — Eu encontrei! — Exclama a Fumiko.

     Enquanto isso, a Misaki e o Leon investigavam a sala da esquerda, talvez não tivesse nada de relevante na sala. A Misaki sabia o que estava fazendo, ela determinou os grupos de propósito para que pudesse conversar a sós com o Leon.

     — É estranho, não é? — A Misaki fala.

     — Do que você está falando? — O Leon pergunta e olha para ela sem entender do que ela estava falando.

     — É claro que estou falando de você. — Ela começa a falar sério e o clima fica tenso. — Começando da sua aparência, você tem 25 anos com essa cara de adolescente?

     — Eu ainda não sei onde você quer chegar... Pessoas envelhecem de formas diferentes, sabia?

     — Talvez, mas o seu caso é diferente. O seu jeito de atirar também é estranho, você parece errar alguns tiros de propósito.

     — Eu não entendo, você parece estar suspeitando de mim... Por quê? O que eu fiz de errado?

Sobrenatural, O Prédio SubterrâneoOnde histórias criam vida. Descubra agora