O que tem de... errado?

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Mark não gostava de não saber das coisas.

Para ele, informação era coisa séria. Ele não gostava de comprar um produto que não sabia como tinha sido fabricado, porque já pegou casos horrendos de pessoas forçadas a trabalhar por um mínimo de comida. Ele não gostava de portas fechadas, porque não gostava de escutar as vozes de seus pais irritados e não entender porque eles estavam brigando, ficando então sem ter como ajudar. Ele não gostava que seu irmão não lhe contasse onde tinha ido à noite, porque  se ele ia mentir para a mãe, podia ao menos deixar um membro da família saber que estava tudo bem. Mark odiava não saber das coisas, porque se não sabia, não tinha como agir. E impotência era o pior sentimento que existia.

Por isso ele queria sempre saber, e saber mais. Ele queria entender, para poder ajudar. Yuta uma vez parou-lhe no exato momento em que disse isso, devolvendo as palavras numa outra direção: "Você também tem que entender mais sobre você para conseguir se ajudar, Mark." 

Foi uma verdade simples e ao mesmo tempo complicadíssima. Passaram o resto da sessão naquele tópico, porque por mais que o Sr. Nakamoto insistisse que tinha entendido seu ponto, Mark não sentia que ele houvesse lhe compreendido de fato. A questão era bem mais profunda. 

Mark estava aberto a se conhecer. Foi para isso que buscou a terapia, para começo de conversa! E estava dando seu melhor para tentar aproveitar as sessões. 

Se conhecer era fácil, ele tinha a informação. Mas e quanto aos outros? E quando não estavam dispostos a lhe dar essa informação? Como advogado, muitas vezes precisou pressionar pessoas inocentes para que elas lhe fornecessem um álibi, diversas vezes as pessoas simplesmente não queriam admitir o que estiveram fazendo. Se recusavam a lhe dar o conhecimento, por mais que fosse benéfico para todos.

Então Mark não gostava de não saber das coisas. Porque, se não tinha todo o quebra-cabeças, como apontar um culpado e uma vítima? Como defender e como acusar? Como ajudar a todos?

Quando Mark não sabia, se sentia confuso, perdido, frustrado e às vezes incapaz.

Ele não sabia que seus pais estavam à beira do divórcio, até o dia que encontrou os papéis em cima da cama do casal. 

Ele fez tudo o que pôde e, no fim, eles continuaram juntos. Não que fosse seu mérito, nada disso, mas foi Mark que insistiu que eles tentassem se resolver. Foi Mark que foi atrás da pedagoga da escola (a pobre mulher não tinha nada a ver com isso, mas não tinha como dizer não a um aluno exemplar pedindo ajuda) e, com ela, pegou o cartão de uma terapeuta de casais. Foi Mark que também buscou ajuda do padre, contando que sua família estava com dificuldades e trazendo um panfleto de encontro de casais da igreja. Foi Mark que pediu para eles darem uma chance. 

Funcionou. Eles tinham ficado bem. Contudo, Mark nunca deixou de se perguntar se todas as semanas de medo e apreensão pelo futuro de sua família não teriam sido poupadas se ele simplesmente soubesse antes. 

Hello! ... Kitty?Onde histórias criam vida. Descubra agora