Halloween- O dia das bruxas

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Quíron havia chamado a mim, Grover e Annabeth para contar que Tyson teria que ir embora.
Eu fiquei um pouco chateada, desde o começo eu tinha gostado dele; então imaginei como Percy devia estar se sentindo.
Nós três concordamos rapidamente em ir ver onde Percy estava; e encontramos ele na beira da praia, com lágrimas descendo pelo seu rosto.
- Hey, Percy. - eu o chamei e ele se virou, fungando
- Tyson...- disse Percy - Ele teve de...
- Nós sabemos - disse Annabeth, suavemente
- Quíron nos contou. - eu expliquei
- Forjas do ciclopes. - Grover estremeceu - Ouvi dizer que a comida da cantina de lá é horrível! Tipo enchilada, nem pensar!
Eu não podia julgar Grover, enchiladas de queijo são realmente boas.
Annabeth estendeu a mão para Percy.
- Venha, cabeça de algas. Hora do jantar.
Caminhamos de volta para o pavilhão do refeitório juntos, só nós quatro, como nos velhos tempos.
Houve uma tempestade naquela noite, mas ela se dividiu em volta do acampamento.
Como sempre deveria ser.
Eu havia cochilado por uns 15 minutos, mas eu sonhei com minha mãe.
E estava aqui no meu quarto mesmo, eu saí da minha cama e vi meu corpo dormindo, dei uns dois passos pra trás assustada.
- Olá, querida.
- Puta merda!- eu disse assustada, me virando
- Olhe a boca! - disse minha mãe
Eu olhei pra meu corpo na cama, e depois pra minha mãe de novo.
- Eu morri? - perguntei
Minha mãe riu, como se fosse uma piada.
- Não, Max. Eu só tirei um pouco do seu tempo para lhe dizer que você foi muito bem na missão.
- Eu não fui bem. - neguei me sentando na cama, tomando cuidado para não encostar em mim mesmo
- E por que você acha isso? - ela me perguntou
Bufei, achando que era óbvio.
- Eu fui fatiada pelo ciclope, mãe! E não ajudei em quase nada.
Minha mãe sorriu, se aproximando de mim.
- Você foi incrível, Max. Não se esqueça de que arrancou a cabeça de Polifemo fora. Literalmente.
Isso fez eu me sentir um pouco melhor; eu olhei pra Hécate, notando que ela ainda sorria como idiota.
- O que foi? - perguntei
- Nada. - respondeu ela, balançando a cabeça - É a primeira vez que você me chama de mãe, sem eu ter que cobrar.
Me dei conta desse fato, e corei dos pés a cabeça.
Foi tão... involuntário que eu nem tinha reparado que falei.
- Você não está aqui pra dizer que algo terrível vai acontecer não é? - disse eu tentando mudar de assunto
Ela negou olhando lá pra fora do Chalé.
- Só quero que se prepare.
Franzi a testa.
- Pra que?
Ela me olhou, enigmática.
- Isso você vai ter que descobrir.
Depois ela simplesmente desapareceu, e eu acordei,tentando diminuir meus batimentos cardíacos.
Alguém bateu na porta, eu fui lá abrir me deparando com Cindy, de camisola, e com dois pacotes de bala fini na mão.
- Posso entrar? - ela me perguntou, depressa
Eu só acenei com a cabeça e fechei a porta, a olhando desconfiada.
- O que você está fazendo aqui?-perguntei
Ela pareceu ofendida e sacudiu os pacotes de bala fini pra mim.
- São suas favoritas, não são? Ou pelo menos eram.
- Ainda é minha favorita.- eu disse e peguei um pacote, que ela estava estendendo pra mim
Comemos em silêncio, o que estava me irritando.
- Cindy... - eu disse, colocando uma bala na boca - Você não viria aqui, um pouco antes do toque de recolher apenas para me dar bala. O que foi?
Ela suspirou e disse:
- Eu quero conversar.
- Certo. - disse eu - Sobre...?
Ela olhou para cima, buscando algum tipo de força.
- Sobre eu ser uma babaca com você, Max.
Epa, aquilo me pegou de surpresa.
Eu fiquei em silêncio, dando espaço para ela continuar falando.
- Eu sempre achei que a vida fosse simplesmente ser bonita,e ter algum garoto por perto. Quando a gente era menor, brincávamos a beça; e eu gostava disso. Gostava mesmo. -disse Cindy, fungando
Eu olhei pra ela e vi pequenas lágrimas brilharem em seus olhos.
Eu peguei em sua mão, fazendo ela olhar para mim.
- Brincar com você era sempre a parte do meu dia em que eu mais gostava.-eu disse, sorrindo nostálgica-Mas você simplesmente me deu um pé na bunda, e nunca mais foi a mesma comigo.
Ela sorriu, mas depois olhou pra mim e eu vi o claro arrependimento em seus olhos azuis.
- Quando eu descobri ser uma semideusa; achava que ser uma filha de Afrodite era um máximo.-disse Cindy, apertando a minha mão- Mas não era bem assim. Ela demorou dois meses para me reclamar; e eu tinha ouvido falar que para você chamar a atenção dela, tinha que fazer valer a pena. Ou seja...
Eu percebi pra onde a conversa estava indo e compreendi imediatamente.
- Você tinha que ficar com garotos?
Ela acenou com a cabeça, limpando uma pequena lágrima que descia do seu rosto.
- Eu queria ter um amor verdadeiro.-continuou ela - Então eu fui a procura de um. Comecei a me arrumar mais, passar mais maquiagem, sair mais, mas você sempre estava lá,Max.
Ela sorriu, negando com a cabeça.
- Você sempre esteve lá, me chamando pra ir brincar com você. Enquanto eu estava ocupada, querendo chamar a atenção de uma "deusa" que nunca nem se importou para saber da minha existência; você sempre me lembrava do quanto nós éramos unidas e como eu era de verdade. E aquilo me deixava com muita raiva, porque eu achava que você me atrapalhava.
Ela se interrompeu mais uma vez, para limpar as teimosas lágrimas que caíam por sua bochecha.
- Você ainda sente isso por mim? - eu perguntei, chateada - Você ainda tem raiva?
Cindy pareceu desesperada ao me ouvir falar isso.
- Não!! - disse ela - Claro que não, Max!Sabendo que você também é uma semideusa,me fez cair na real.
Eu franzi a testa.
- Como assim?
- Vendo você sair, pra essas missões.Me faz ver o qual fácil eu posso perder você. E isso me assusta.-disse ela, me encarando - Eu tenho que parar de tentar viver pra agradar os outros, e começar a pensar em mim. Então, eu, Christine Mayfield, não quero passar o resto da vida brigada com a minha irmãzinha. Eu sorri e me joguei em cima dela, a abraçando com muita força.
Esse abraço foi retribuído e ela molhou a minha blusa com suas lágrimas, eu logo percebi que também chorava.
- Me desculpa por ser uma total idiota, Max. - disse ela, se afastando com um pequeno sorisso
Eu sorri pra ela também, pegando uma fini e colocando na boca.
- Eu fui uma babaca com você também,me desculpe. Mas acho que está na genética. - eu disse e nós gargalhamos
Mas de repente, a porta do meu quarto foi escancarada e uma Joanna com os olhos arregalados entrou lá dentro.
- Max! - ela gaguejou - Annabeth... na colina... ela...
Eu e Cindy nos levantamos rapidamente, se algo ruim aconteceu a Annabeth...
Cindy perguntou o que aconteceu mais Joanna estava atordoada demais para falar algo coerente.
- Ela está lá caída... simplesmente lá caída...
Eu passei correndo por elas em direção a colina, o acampamento todo estava movimentado.
A notícia deve ter se espalhado.
Corri na colina acima, e no pé da árvore de Thalia tinha uma garota inconsciente.
Annabeth assim que me viu correu na minha direção.
- Ela... assim, de repente, lá...
Cindy tentou a acalmar mais ela estava atônita demais.
Vi Quíron e Percy chegarem.
Sem pensar muito fui até a garota, e me ajoelhei do seu lado.
Ela tinha cabelo preto curto, e sardas no nariz. Ela usava uma blusa preta, uma calça da mesma cor e uma jaqueta com o nome de algumas bandas que eu havia ouvido falar.
Ela não era de nenhum chalé, eu me lembraria de ter visto uma garota tão bonita assim.
- É verdade. - disse Grover- Eu não posso acreditar...
Eu pus minha mão na sua testa e ela formigou como se estivesse queimando, embora sua pele esteje fria.
- Ela precisa de néctar e ambrosia. - eu disse mas ninguém se moveu, não entendi por que pareciam tão apavorados com a presença dela
Eu a peguei pelos ombros e a coloquei sentada, com a cabeça apoiada em meus ombros.
Ela tinha um cheio forte de pinheiro, até que era bom.
- Vamos. - gritei para os outros - O que há de errado com vocês? Vamos levá-la para a casa grande.
Ninguém se mecheu, estavam atônitos demais. Percy encarava a garota como se fosse um ET, e os outros não estavam diferente.
Até que a menina tomou fôlego, tossiu e abriu um os olhos. Suas íris eram de um azul elétrico, fascinante.
A menina olhou pra mim perplexa, com os olhos arregalados.
- Quem...
- Eu sou a Max. - disse eu - Você está em segurança agora.
- O sonho mais estranho...
- Está tudo bem.
- Morrendo.
- Não. - eu lhe assegurei - Você está bem. Qual é o seu nome?
A garota olhou para mim, parecendo não perceber a multidão ao redor.
- Eu sou Thalia. - disse a menina -Filha de Zeus.
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Algum tempo havia se passado desde que Thalia acordou.
Quatro meses, para ser mais exata e hoje era 31 de outubro, o meu aniversário de 13 anos.
E não ironicamente, era o dia das bruxas também.
Annabeth tinha dado a ideia de irmos na rua pedir doces, e eu concordei. Então combinamos de nos encontrar na esquina da casa de Percy.
Eu havia escolhido a minha fantasia de Michael Myers; era de um filme de terror antigo que eu havia assistido com minha irmã ontem.
Cindy estava nesse exato momento, me ajudando a colocar a roupa.
Ela iria me levar porque depois iria para uma festa, e o meu irmão já tinha saído com Mary e meu pai pra algum lugar que eu não prestei atenção.
E se eu ligo deles saírem bem no meu aniversário?
Bem, isso já é outra história.
- Pronta? - ela perguntou, colocando meus cabelos atrás da orelha
- Tá brincando? - eu disse a ela pegando minha faca e minha máscara-Eu nasci pronta!
Cindy riu, me dando um abraço apertado.
- Feliz aniversário, Max.
- Obrigado. - eu disse,ansiosa - Agora podemos ir?
- Vamos logo. - disse ela,saindo - Antes que você tenha um treco.
Eu saí pela porta e rapidamente entrei no carro. Cindy acelerou dando partida, me olhando estranho.
- O que foi? - eu perguntei
- Por que você está tão ansiosa desse jeito? É por causa de alguém?
Eu senti meu rosto inteiro corar, e eu não nem sabia direito o por que.
Minha irmã gargalhou, ao perceber meu rosto.
- Que fofo!! - zombou ela- Quem é o sortudo? Não vai me dizer que é o Per...
Eu bufei irritada pra ela.
- Não tem sortudo nenhum! E por favor, não termine essa frase.
Ela riu, rendendo as mãos para o alto e parando na esquina como combinado.
- Se divirta. - disse ela, animada - Não esqueça de me contar as novidades depois.
Revirei os olhos pra ela, saindo do carro.
- Ah, cala boca.
Ela só deu uma risada e acelerou o carro, indo embora.
Eu esperei por alguns segundos antes de ver Thalia, Annabeth e Percy vindo pra onde nós combinamos.
Thalia estava toda de preto, aparentemente com nenhuma fantasia; Annabeth estava de pirata; e Percy estava com uma camisa azul com o símbolo do capitão América nela.
Eles ainda não tinham me visto, e eu tive uma ideia; me escondi atrás de um arbusto, esperei até que eles estivessem perto depois apareci de uma vez.
- BUUUH!! - gritei pra eles
Thalia recuou; Annabeth tirou sua faca que fazia parte da fantasia, apontando pra mim. E Percy...
Ele gritou, bem alto e estridente.
Eu tirei minha máscara, gargalhando deles.
- Pelos deuses, Max. - disse Annabeth guardando sua faca
- Vocês tinham que ver suas caras.- eu disse rindo, depois me virei para Percy, que estava com os olhos arregalados pra mim - E você, gritou como uma garotinha!
Ele pareceu se recompor do susto.
- Ha-ha. - disse ele, me olhando torto-Muito engraçado!
Eu ri dele, e fui andando na frente. Mas depois parei, me virando para trás vendo que ninguém me seguiu.
Acho que peguei um pouco pesado no susto, mas se desse, eu faria de novo.
- Vocês vem ou não? - eu disse, e eles vieram
Um tempo depois Thalia veio para meu lado.
- Michael Myers. - disse ela, me olhando de cima a baixo - Boa escolha.
Eu corei, olhando para a minha abóbora, com alguns doces que tínhamos pegado.
- Você já assistiu? - perguntei, surpresa
- Ah, claro. - disse ela - O cara que matou a irmã , e fez mais algumas coisas. Filme legal.
- E educativo. - completei
Ela riu, concordando.
- Sim, e educativo.
Paramos em frente a casa da velha Carmem, uma senhora chata,e que sempre que podia, incomodava a vizinhança toda.
- Tá. - eu disse, observando a casa-Quem bate?
- Eu não. - negou Percy
- Nem eu. - disse
- Por que? - Thalia nos perguntou
- Ela é chata. E ranzinza. - disse Percy
- Isso mesmo. - concordei - E uma vez ela me chingou de cabelo de cenoura.
Annabeth me olhou, tentando não rir.
- E o que você fez? - a loirinha me perguntou
- Mandei ela ir a merda, é claro.
Thalia riu e foi na frente, batendo na porta.
A velha abriu, e a encarou com desprezo.
- O que quer?
- Doces ou travessuras? - Thalia perguntou olhando pra ela
A velha ia responder alguma coisa, mais seus olhos se focaram em em algo atrás de Thalia, ou seja,eu.
- Você!! - disse ela, apontando o dedo enrugado pra mim - Saia daqui, sua delinquente,não vou dar doce nenhum pra você e seus amigos idiotas!!
Meu rosto ficou vermelho de raiva.
- Ora sua...
- Venham! - disse Annabeth - Não vale a pena.
Depois eu fui para o lado de Thalia.
- Do que você está fantasiada? - eu perguntei
- Ah, bem... Eu estou velha demais para me fantasiar. - disse ela, dando ombros
- E quantos anos você tem?
- De acordo com Quíron eu tenho 14. E faço 15 em dezembro .
- Você não está tão velha assim.-percebi
- Talvez. - ela concordou - Mas acabando que eu me fantasiei de mim mesma. Sem graça. Isso definiria.
- Eu não acho isso. - eu discordei
Ela me olhou, erguendo as sobrancelhas.
- Então do que você definiria?
- De uma garota maneira. - eu disse a olhando- E bem bonita.
Thalia corou, e balbuciou alguma coisa que eu não entendi.
Passamos noite nos divertindo, comendo muitos doces e rindo das palhaçadas de Percy e Annabeth. Esses dois mais discutiam que pediam doces.
Thalia me fez parar no meio do caminho.
- Eu queria te entregar uma coisa.-disse ela, torcendo a mão uma na outra, nervosa
- O que foi?
Ela tirou um pequeno saquinho, onde tinham brincos em formato de abóboras.
- Feliz aniversário. - disse ela, estendendo o saquinho na minha direção
Eu peguei, achando adorável os brincos.
- Obrigada. - eu a disse e estendi o saquinho na altura do seus olhos - Acha que pode me ajudar a colocar?
- Claro. - ela concordou,pegando um dos brincos
Eu coloquei de um lado e ela de outro.
- Ficou bonito em você. - disse ela, olhando para mim e sorrindo
Meu rosto ficou quente, perfeito.
- Você tem bom gosto. - eu disse
- Hey, vocês duas! - disse Percy, na frente - Vem logo!!
- Já tô indo!! - berrei pra ele
Nós corremos para alcança-los.
Aquela era a melhor noite de aniversário que uma garota de 13 anos poderia querer.
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Notas finais: Obrigado por ler até aqui, eu queria saber se vocês estão gostando realmente da história.
Se tiver, o 1° capítulo do terceiro livro já está disponível no meu perfil.
Até lá.
E um feliz dias das bruxas!

Maxine Mayfield - O Mar de Monstros Onde histórias criam vida. Descubra agora