Extra 02

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— Então, você finalmente vai me dizer pra onde estamos indo? — Sana indagou.

Tzuyu dirigia concentrada, ignorando a ansiedade da namorada no banco do carona.

— Não.

— Hum... eu não lembro de nenhuma data especial... — Sana colocou a mão no queixo, buscando na memória um motivo que justificasse a repentina ideia de passeio em um dia, aparentemente, aleatório.

— Não há nada de especial no dia de hoje... Quero levar você pra sair, só isso — deu de ombros, sorrindo sem mostrar os dentes.

Sana pareceu aceitar a resposta, mas continuaria questionando o lugar se não fosse o toque do celular de Tzuyu. Era uma mensagem.

— Ah, é a minha irmã — Chou disse pegando o celular, alternando o olhar entre a estrada e a tela. Sana ficou instantaneamente inquieta em seu lugar.

— Não leia isso agora! — repreendeu.

— Espere, parece ser importante — continuou lendo, ignorando uma Sana irritada ao seu lado.

— Você precisa prestar atenção na estrada!

— Sim, mas eu posso ser multitarefas aqui — brincou enquanto respondia a mensagem de sua irmã.

— Tzuyu! — Sana disse em um tom mais elevado. — Você me prometeu que nunca mais faria esse tipo de coisa, usar o celular enquanto dirige!

— Eu não vou demorar... — Quando seu olhar voltou para a pista, ela não pôde terminar sua frase. Se viu pisando com força no pedal do freio e nada mais que os faróis do outro veículo.

O som da batida ecoou, até sentir seus olhos pesados. Ela acordou com a cabeça no volante, estava tonta. Quando começou a recuperar seus sentidos, se perguntou o que havia acontecido.

Até seus olhos caírem no banco ao lado.

Sana estava desacordada, com o rosto todo ensanguentado. Sua cabeça bateu com tanta força na janela que acabou quebrando o vidro. Foi a pior cena que Tzuyu poderia ter visto em toda sua vida. Sana não respirava e nem respondia. A cabeça pesava para o lado da janela quebrada.

— Não... Não! Sana! Acorde!! Sana!! — gritava desesperadamente. Chorava rios. — Sana, amor!!

Tzuyu acordou chorando, chorando como dificilmente fazia. Ela encarava o teto, reconhecendo seu quarto e logo deduzindo o que havia acontecido. Seu coração ainda estava acelerado.

Mais que porra.

Um pesadelo. Mas se perguntava: por que um acidente de carro? Ela se levantou, deixando Sana dormindo calmamente encolhida nos lençóis, e caminhou até o banheiro para lavar o rosto. Vou levar isso como um aviso pra dirigir com mais cuidado. Eu não quero que nada aconteça a ela, pensou.

Não demorou muito, voltou para o quarto, deitando-se ao lado de seu amor. Sana murmurou em confusão quando sentiu ser puxada para os braços de Tzuyu.

— Shh... Desculpe por acordar você... — deixou um beijo na testa de Sana, que deitou a cabeça no peito da namorada.

— O que foi? — perguntou sonolenta, mas ainda preocupada.

— Só um pesadelo — respondeu de olhos fechados, inebriada com o aroma dos fios do topo da cabeça de Sana.

— Sobre o que?

— Eu direi a você mais tarde.

— Você vai esquecer... — resmungou.

— Não, só volte a dormir. — Dito isso, iniciou os carinhos nos cabelos da Minatozaki.

E Sana estava com muito sono para discutir.

Quando amanheceu, a mais velha delas foi a primeira a acordar. Vendo que o quarto já estava claro, resolveu levantar, desvencilhando-se de Tzuyu. Sentou na cama, levantando os braços para se espreguiçar quando sentiu mãos em sua cintura, puxando sua camisa.

— Não vai... — Tzuyu resmungou em um estado de dormência.

— Preciso fazer xixi.

— Não vaaaaai — insistiu de forma manhosa.

— Tzu, qual é... Eu vou e volto assim que acabar.

Tzuyu murmurou mais algumas coisas que Sana não foi capaz de entender, mas sabia que ela continuava insistindo para não ir ao banheiro. Sana bufou.

— Mas que diabos...

— Okay, então me dê um beijo — condicionou Tzuyu.

— O quê?! Não! Nós estamos fedorentas! — Sana direcionou uma careta para a mais nova, que ainda estava se olhos fechados prendendo ela.

— Então eu não vou deixar você ir.

— Deus! Por que você tem que ser tão difícil? — Levantou na marra, lutando contra as forças da Chou, que não eram muitas ao despertar. Seus músculos ainda estavam dormindo.

— Sannieeeee! — choramingou alto.

Eu só quero fazer xixi!!

— Certo! Só um selinho! — Sana se virou bufando, a paciência já perdida.

Tzuyu soltou a blusa, deitando com as costas no colchão e um sorriso manhoso nos lábios. Sana se apoiou por cima dela, inclinando-se para deixar o selar.

— É melhor você realmente me deixar ir depois disso...

A mais nova, ainda de olhos fechados, deu um sorriso malicioso, este que Sana não teve tempo para interpretar. Tzuyu abriu a boca e, apenas para irritar mais Sana – e brincar com a morte – lançou uma lufada no rosto da japonesa. Uma lufada bafônica, no sentido nojento da palavra.

— Porra! — Sana deixou o quarto batendo os pés.

Tzuyu ria, as risadas sendo abafadas pelo travesseiro que cobria seu rosto, lançado por Sana na fúria.

— Inacreditável! — gritou do banheiro.

Mais tarde naquele dia, Sana acabou lembrando do pesadelo de Tzuyu.

— Você pode me contar agora?

— Eu sonhei que você tinha sofrido um acidente de carro... — começou, receosa.

— Como assim? Eu dificilmente dirijo — expressou confusão.

— Eu... Uh... Eu estava dirigindo... — coçou a nuca, desviando do olhar tedioso de Sana.

— Digitando enquanto dirigia...? — Tzuyu sentiu que a resposta para a pergunta assinaria seu atestado de óbito.

— Eu juro que parei de fazer isso desde o acidente! — exclamou com pressa em se defender. Sana praticamente rosnava bem próximo ao seu rosto. Quando ela se aproximou tanto?

Mas, repentinamente, ela se afastou, mudando de expressão. Sana parecia agora preocupada.

— Okay, mas o quão machucada eu estava?

— Acho que você estava morta lá — deu de ombros.

— EU MORRI??!! — Começou a chorar. Tzuyu arregalou os olhos, incrédula. — E VOCÊ DISSE ISSO TÃO NATURALMENTE!!

[Mais extras em breve!]

Quarenta e Oito Horas | SatzuOnde histórias criam vida. Descubra agora