BR NA ÁREA

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VANESSA RIOS

Eu não sabia ao certo há quanto tempo estávamos abraçados, apenas sentindo o  calor que emanava do corpo um do outro, ouvindo nossas respirações aceleradas. Então ele com certeza tinha que estragar tudo ao se afastar.

— Chega disso. — disse suspirando enquanto me dava as costas novamente. — Não é como se ainda fôssemos aquelas crianças.

— Claro... têm razão... — eu disse sem jeito. — Me desculpa...

Então ele ficou alguns minutos na sacada, olhando provavelmente o jardim e toda a extensão da sua casa. Eu queria falar, mas o quê? O que eu falaria ? Que pensei nele em todos esses anos? Que eu nunca tinha esquecido dele?

— Por quê você nunca me escreveu ? — ele questionou se virando para me olhar e parecia bem magoado.

— Vin, eu... — disse me aproximando devagar. — Aquela mulher... ela pareceu não gostar da nossa amizade, eu não queria causar mais problemas...

— Eu esperei você entrar em contato por anos. — ele disse me encarando e pude ver que seus olhos estavam brilhando. — Você era minha primeira amiga, eu não tinha outros amigos.

— Me desculpa, mas o que você queria que eu fizesse? — eu disse já sentindo o choro preso na garganta.

— Não importava o que a minha vó achava ou o que ela disse, eu queria sua amizade! — disse e então vi ele olhar para cima para evitar as lágrimas.

— Eu... não sei o que dizer. — disse caminhando até a cama, onde me sentei. — eu também pensei em você em todos esses anos mas, achei que nunca fosse te encontrar de novo.

— Essa coisa de destino é uma merda, não é? — ele riu sem humor cruzando os braços a altura do peito. — De qualquer forma, nada disso importa agora.

— Olha, eu sei que você tá magoado mas não é minha culpa ! — me defendi. — A sua vó aquele dia me magoou também, ela foi racista comigo e aparentemente você é o reflexo dela hoje ! — disse irritada me levantando. — Você implicou comigo desde que me conheceu ou você já sabia que era eu e fez para se vingar ?

— Claro que não, eu não sabia ! — disse negando quanto bagunçava os fios em frustração. — Se eu soubesse, eu nunca tinha nem olhado para você. — disse friamente me encarando.

— Você realmente está me culpando por tudo ? — disse incrédula. — Me diga Vincent, o que você queria que eu fizesse? — caminhei até ele. — O quê ? — a essa altura algumas lágrimas acabaram rolando.

— Eu não sei, porra ! – ele disse me encarando. — Você só não podia ter aparecido agora, não quando eu finalmente havia te esquecido. — diz e sinto o peso de suas palavras. — Eu estou bem, eu tenho namorada, eu tenho os meus amigos, por que você voltou ?

— Droga garoto, eu não controlo essas coisas, eu não sabia que ia te encontrar !! — disse já irritada. — Eu já entendi que você tem uma vida perfeita e que aparentemente você me odeia mas você não pode simplesmente me perdoar? Não precisamos ser melhores amigos, só... você não precisa me odiar...

— Não dá. — ele diz se aproximando mais e estávamos a uma distância perigosa.

Eu não conseguia olhar para outro lugar que não fosse o seu rosto, seus olhos e seus lábios bonitos... seus fios desalinhados...

— E por quê? Me diga Vincent. — o confrontei.

Ele ficou alguns segundos me olhando intensamente e eu me perdi naquela imensidão azul, até ele desviar para os meus lábios.

*Finalizada* BRANCO E PRETOOnde histórias criam vida. Descubra agora