DECLARAÇÕES

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VINCENT COOPER •


DEPOIS DE UM TEMPO conversando, e bebendo os caras resolveram ir embora e sozinho, meus pensamentos me dominaram. Quando meu corpo encontrou o colchão macio, tudo que eu fiz foi encarar o teto e me permitir ir longe, tão longe que não pude mais voltar por um tempo...
      Me peguei pensando na primeira vez que vi Vanessa Rios na minha frente. Naquela menina, sorridente e animada, ao contrário de mim que era tão fechado e sério, fruto da criação. De brincadeira em brincadeira, ela conseguiu me cativar, eu nunca soube o que era ter alguém na minha vida, até aquelas férias na casa da minha vó, foram as melhores.

O destino existia afinal?

        Ficamos anos sem contato, sem saber o que o outro estava fazendo da vida, se estávamos bem, ou não. Mas ainda sim, nos encontramos de novo, justo aqui na Austrália, no meu país, na minha zona de conforto. Vocês devem se lembrar que no início, eu disse que tinha tudo que queria não é? Que eu estava bem e que não precisava de mais nada, mas isso mudou drasticamente. Você acha que não precisa, porquê nunca teve, mas quando você têm... ah... você sabe que precisa mais do qualquer coisa.
            Naquele tempo, quando vim embora para casa, eu já sabia que eu jamais conseguiria sentir aquilo que senti com Vanessa, era diferente e sim, eu precisei daquilo todos os dias, cada segundo da minha vida. Mas, também dizem que, você se acostuma com a ausência e sim eu me acostumei a não ter a presença daquela garota, me acostumei tanto que eu "esqueci" como era tê-la, por isso enganei a mim mesmo com a Ashley, com o meu carro, com a minha moto, com o meu dinheiro, mas... quando ela voltou, tudo que havíamos vivido nos últimos dias, nos últimos meses, me lembrou como era me sentir bem de verdade, como era... sentir aquilo de novo, por mais que eu estivesse relutando e bom, ela também.

Então, destino existia?

— Dói te ver assim.

Fui tirado do transe no susto quando senti uma mão na minha e aquela voz tão perto. Olhei para o lado e a loira estava ali, com lágrimas nos olhos enquanto me encarava. O aperto na minha mão se intensificou e ela suspirou limpando o rosto com as costas da mão.

— O-o quê ? — eu respondi meio perdido a encarando. — Quando... você chegou?

— Tem um tempinho. — ela disse de cabeça baixa. — Você parecia distante, não quis incomodar.

— Hm, é... — eu disse meio sem jeito me sentando, minha cabeça estava girando um pouco, por conta do álcool.

— Sabe... eu estive pensando muito nos últimos dias Vincent. — ela disse e então se ajeitou melhor, virando seu corpo de frente para mim. — Eu não sei se quero isso, eu... não posso depositar tudo em um futuro incerto eu...

— Do que está falando? — questionei confuso segurando sua mão novamente.

— É como dar um tiro no escuro. — disse e meu coração apertou ao ver as lágrimas descendo por suas bochechas rosadas. — Eu te amo, mas você ama ela.

No primeiro momento, eu arregalei os olhos levamente mas depois tentei relaxar, apenas ficando em silêncio, não tinha o que dizer, eu não possuía argumentos, eu não iria negar pois ela estava certa.

— Eu sei de tudo Vincent, sei que você trouxe ela para a sua casa quando ela estava bêbada, sei o que vocês fizeram... — ela diz chorosa. — eu sei... eu não sou tão boba quanto você pensa.

— Como...

— No dia do bar, eu iria direto para a minha casa, mas meus pais e minha irmã não estavam, então decidi dormir aqui com você, e vim para cá, para te esperar. — ela diz colocando as mãos no rosto. Tentei abraçá-la, mas ela recusou me afastando. — Eu estava na cozinha, tomando água, quando ouvi o barulho da porta e alguns resmungos, risadas, vim verificar e quase não acreditei quando te vi segurando ela, ao subirem as escadas.

*Finalizada* BRANCO E PRETOOnde histórias criam vida. Descubra agora