EPÍLOGO

4.1K 439 969
                                    

Três anos depois – Rio de Janeiro, Brasil.

Os pulmões de Kageyama se encheram com o aroma do litoral brasileiro que ele tanto sentiu saudades. Era bom estar de volta depois de tantos anos. E, dessa vez, para sua sorte, além de estar em um hotel muito luxuoso comparado a sua última estadia, ele tinha Hinata.

O barulho do chuveiro preenchia o fundo da mente de Tobio, mas ele não se importava. A presença de Shouyou era algo recorrente em sua vida agora, e ele não podia estar mais satisfeito.

Sentando em uma banqueta de frente para a linda paisagem, Tobio se permitiu relaxar e deixar seus pensamentos vagarem. Sorrindo, ele puxou sua guitarra e dedilhou acordes despretensiosamente. No começo, eram apenas sons soltos, sem seguir uma melodia única, mas, aos poucos, o visual deslumbrante do mar invadia sua mente e uma música ia surgindo.

Não foi uma surpresa para ele quando o instrumental de All Along The Watchtower, de Jimi Hendrix, tomou forma. Essa era, sem dúvidas, uma das músicas que Kageyama mais gostava. Talvez fosse por ele não ter tido participação nenhuma na criação dela, ou, então, simplesmente a satisfação de ouvir algo extremamente bem feito.

Tobio não soube dizer quanto tempo ele ficou ali, hora de olhos abertos, hora com eles fechados, apenas tocando o solo que ele tanto gostava. Ele não cantou, até porque a música não lhe importava. Era a melodia que o prendia e que dançava por seu corpo como uma corrente leve de eletricidade, movendo seus dedos sem que ele precisasse, de fato, pensar sobre.

Foi com o peso da mão quente de Hinata que ele saiu de seu transe. Shouyou estava parado atrás dele, já vestido mas com uma toalha em mãos para secar seu cabelo.

– Você compôs essa também? – Ele perguntou. Kageyama sorriu.

– Não. – Respondeu divertido enquanto um bico emburrado surgia na boca de Hinata. Essa era mais uma de suas manias.

Cerca de dois meses depois de terem começado a ficar juntos, Shouyou decidiu que iria descobrir todas as composições de Kageyama. Sozinho. Desde então, o ruivo aparece rotineiramente com músicas aleatórias perguntando se Tobio compôs alguma delas. Na maioria das vezes ele está errado.

Às vezes, entretanto, quando ambos passavam por algum lugar público, era Kageyama quem chegava sussurrando no ouvido de Shouyou "Eu que escrevi essa música". Hinata sempre ficava surpreso e extremamente corado, mas ele nunca reclamava, então, Kageyama não parou.

Se levantando, o moreno deixou sua guitarra numa mesa de canto e voltou para perto de seu namorado.

Seu namorado. Ele ainda não havia se acostumado com isso, mesmo depois de mais de dois anos juntos.

– Você tá tenso, Sho… – Tobio falou enquanto passava suas mãos pelos ombros do outro.

– E como eu poderia não estar tão tenso?! – Ele respondeu, aflito.

Oh, certo. Era hora de Kageyama entrar em ação. Não era uma surpresa para ele que Hinata estava uma pilha de nervos desde que ele aceitou a proposta de Kageyama: ir para o Brasil rever Kuroo e Kenma.

Não que ele não gostasse dos dois, longe disso, mas porque isso implicava contar a verdade sobre sua imortalidade. Tobio tentou tranquilizá-lo avisando que já havia conversado com Kuroo sobre isso – e ele realmente tinha – mas isso pareceu não ser o suficiente para relaxar Hinata.

Não demorou muito tempo para Kageyama perceber que a questão de Shouyou com o segredo da vida eterna era muito mais profunda do que para ele. Enquanto Tobio já havia contado para Miwa seu segredo, o ruivo mal conseguia pensar sobre a possibilidade de mencionar isso para seus amigos de Tokyo. Mas tudo bem, eles voltariam para o Japão em alguns meses e ele esperava que até lá Hinata já teria melhorado nesse quesito. Ele confiava muito no processo de seu namorado.

Imortalidade Fatal - KageHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora