Imortalidade Fatal - KageHina

CAPÍTULO 12

Flashback - 1992, Sydney, Austrália.

Se Kageyama ganhasse um dólar para cada vez que ele tivesse uma pessoa ruiva, desprovida de altura e bom senso tirando sua paciência ele teria um total de dois dólares, o que era pouco, mas extremamente bizarro que tenha acontecido duas vezes.

A verdade é que ele era o ser mais azarado do planeta. Conviver com essa gritante falta de sorte ao decorrer dos anos havia se tornado rotineiro, mas ele não podia deixar de se surpreender com a persistência do universo em piorar sua situação.

Quando a garota, Natsu, lançou mais uma pergunta totalmente específica e sem nexo no ar, ele não conseguiu segurar o resmungo de mal humor que saiu de sua garganta.

- Eu juro por Deus, garota... - ele começou sua décima sexta ameaça do dia, mas foi impedido de continuar pela resposta rápida da ruiva.

- Garota sua mãe! Eu tenho nome, Natsu, obrigada! - Ela respondeu com o dedo apontado na cara de Tobio, que revirou os olhos. - Vai fazer duas semanas que você está sentado nesse sofá olhando pra esse caderno sem conseguir tirar uma única coisa da sua cabeça! Qual é, Kageyama, tô tentando te ajudar!

A pior parte de todas é que ela estava absolutamente certa. Tobio não sabia porque exatamente havia cometido a besteira de contar para Natsu que era compositor, talvez fossem os olhos redondos brilhantes da garota que fizeram o homem se sentir culpado por esconder isso dela. Por sorte, ele teve a decência de esconder a informação que ele compunha para grandes empresas, então, na cabeça da pequena ruiva, Kageyama estava apenas escrevendo músicas para alguma banda local.

Sua situação ficava pior, entretanto. Faziam, na verdade, exatamente um mês e dois dias que ele havia chegado à Austrália para uma reunião com uma gravadora. Eles foram muito claros com o pedido: estavam desesperados.

Bandas que atingiram seu ápice e glória no início da década de 70 e agora, mais de vinte anos depois, não conseguiam voltar às paradas. O medo crescente do fracasso rodeava a grande maioria, e quem foi chamado para ser o salvador da pátria? Exatamente, Kageyama Tobio.

A gravadora não lhe deu um prazo fixo, provavelmente para evitar que ele fizesse um trabalho mal feito, afinal, eles não estavam buscando rapidez, e sim, eficácia. Mas Tobio sabia que eles estavam desesperados e precisavam disso o quanto antes. E, é claro, rapidez e eficiência em situações como essas significava uma coisa muito importante: dinheiro.

O problema, como ele mesmo já havia pontuado antes, Kageyama era o homem mais azarado do mundo.

Em outros tempos, produzir algo digno de um hit, pelo menos da semana, não era problema para ele. O problema mesmo é que Tobio estava passando por uma de suas mais severas crises de criatividade. Nada vinha a sua cabeça, não importa o quanto ele se esforçasse. Nada.

- As pessoas passam por bloqueios criativos! Bem vinda a vida adulta, Natsu! - Ele respondeu, sarcástico enquanto colocava seu caderno em cima na mesa de centro do ambiente.

- Eu já sou adulta! Faço dezenove anos daqui a 4 meses, idiota! - Ela respondeu e Kageyama não conseguiu evitar de enrugar sua testa em dúvida. Dezenove? Como isso era possível? Ela parecia tão... Jovem e pequena! Ele resolveu guardar para si mesmo o fato de que poderia jurar que ela tinha, no máximo, 14 anos. - A questão é que, ficar sentado aí reclamando que tá com um bloqueio NÃO VAI fazer seu bloqueio sumir, sabia?

- Há. - Ele riu, forçadamente. - Você jura? Então vai em frente, me diz o que eu devo fazer pra voltar com minhas idéias, senhora-sabe-tudo!

- Volte a fazer o que você costumava fazer quando tinha bloqueio antes, uai! - Ela respondeu, como se fosse óbvio. - Todo mundo tem alguma coisa que te enche de inspiração, na maioria dos casos dos rockeiros é se entupir de drogas, espero que esse não seja o seu.