CAPÍTULO 11

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Kageyama estava dividido entre matar Hinata ou se matar. Ambas opções eram inviáveis pois ele não podia morrer e Hinata já estava morto.

Mas, sendo honesto, ele tinha contornado a situação incrivelmente bem. É claro que Hinata ter se enfiado na sua frente na hora do tiro arruinou totalmente a lógica de Tobio. Ele teria uma conversa séria com o ruivo depois.

A pior parte foi a tristeza no rosto de Yachi e Tanaka. Depois que os delinquentes saíram correndo, ele colocou sua mão no pescoço na Hinata, esperando, por um milagre, sentir algo.

Nada.

Mas ele mentiu. Afirmou ter sentido o sangue pulsar e avisou que levaria o menor para o hospital. Na mesma hora os dois disseram que iriam também.

Kageyama respirou fundo. Deus, ele esperaria Hinata voltar a vida e depois o mataria de novo.

Tobio contou a única mentira que sua mente conseguiu articular em tão pouco tempo: ele levaria Hinata para o hospital onde a mãe do ruivo trabalhava. Os dois, tomados pelo desespero, sequer questionaram e Kageyama soltou o ar, aliviado.

Depois ele mandou os dois chamarem a polícia e fazerem o boletim de ocorrência. Ele afirmou que muitas pessoas no hospital apenas deixaria a pobre senhora Hinata mais ansiosa. Yachi foi a primeira a concordar, e felizmente, Tanaka aceitou logo em seguida.

Mas como nada na vida de Tobio vem de um jeito fácil, a loira pareceu ter o primeiro vislumbre de sanidade em meio aquele mar de medo e choro.

- Mas Kageyama, como você vai levar ele pro hospital de a pé? A gente devia chamar a ambulância... - Merda. Merda, merda, merda, merda.

- Minha casa é logo aqui. - Mentira - Eu vou levar ele de carro. Em menos de 5 minutos chego no hospital. - Não tinha a mínima possibilidade dela acreditar nisso.

- Tudo bem... Mas Kageyama, por favor, me liga assim que você chegar lá. - Ela respondeu em meio ao choro e as lágrimas que desciam sem parar por seu rosto, para a surpresa de Tobio.

Talvez o medo deixasse as pessoas totalmente loucas, ele concluiu.

No momento que os dois adentraram totalmente no prédio de Yachi, ele começou a correr. Não fazia sentido a rapidez agora, Hinata já estava morto mesmo. Mas Kageyama não estava pensando direito, e quando se deu conta, já estava parado ofegante em frente ao seu prédio.

Decidindo que não queria ser pego pelas câmeras de segurança da portaria, Tobio subiu pelas escadas de emergência, entrando em sua própria casa pela janela. Patético.

Ele deitou o corpo de Hinata no chão de sua cozinha e começou a trabalhar. Pegou uma faca pontiaguda, um pano seco e se aproximou do ruivo. Um tremor subiu por suas mãos.

Ele precisava tirar aquela bala de lá.

Kageyama respirou fundo, tentando se acalmar. "Você já fez isso várias vezes em você mesmo, não tem nada demais!" Ele pensou consigo mesmo.

Ele tirou o casaco de Hinata, que agora estava encharcado de sangue. Depois, tirou a camiseta, tendo que, inevitavelmente, rasgar ela com a faca no processo. Então o ferimento estava a mostra.

Era horrível. Por conta do processo de cicatrização mais rápido, o machucado já não escorria sangue e a pele já estava começando a criar uma pequena camada em cima da bala.

Tobio respirou fundo e começou. Primeiro ele abriu um corte profundo, e então, colocou suas mãos na massa, literalmente. Ele tentou não pensar que estava realmente tocando o coração de Hinata naquele instante pelo bem de sua sanidade. Depois de alguns segundos de busca, ele encontrou a bala perdida naquele emaranhado de sangue e órgãos.

Imortalidade Fatal - KageHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora