Vermelho | Morrigan

05 - Lar

(Dois anos depois)

Lar;

No apartamento de Morrigan tinha absolutamente tudo, e era bagunçado. Com garrafas vazias nos cantos da cozinha, quadros tortos nas paredes, flores mortas nos balcões e superfícies, essas das muitas flores que recebe de admiradores.

As cortinas brancas abertas, mas as janelas fechadas, igualmente a todas as portas. Havia um sofá que não estava no lugar devido, pois no meio da sala havia uma longa lona pelo chão, essa que estava repleta de marcas de tinta, com pincéis espalhados, potes de vidro, telas, dois cavaletes, e por fim um móvel no canto da sala, este que estava com algumas velas, cadernos e folhas, lápis e canetas, além xícaras e taças vazias.

Também havia mais três cômodos, um era o quarto de Mor, que por incrível que pareça, estava perfeitamente arrumado, com os lençóis novos como os de loja, aquela cama parecia intocada. Já o cômodo do lado, o menor, era como um escritório, só que bagunçado. Com apenas uma mesa, essa que tinha bastante papéis e potes com canetas, alguns porta-retratos com sua família, e nos cantos várias telas, era quase um depósito de artes.

No outro cômodo, era o maior, uma sala trancada, e muito aconchegante. Com um grande sofá marrom, uma cesta com cobertores ao lado, uma mesinha de centro branca, com um potinho com resto de cigarros, algumas revistas de moda e artes, no outro lado da sala, havia outras duas poltronas da mesma cor que o sofá, entre elas livros empilhados, os que havia lido nas últimas semanas. Uma rede, uma enorme estante cheia de livros, uma grande janela aberta, com resto de velas e incensos na madeira, também uma prateleira com plantas, e por fim nos cantos e paredes tinham telas.

Muitas telas. Essas de diversos tamanhos, porém muito detalhadas, algumas de crianças, especificamente seus sobrinhos, paisagens de lugares que Morrigan amava, e pinturas de mulheres, essas eram as favoritas de Morrigan.

Algumas eram só partes do corpo, como lábios, pés, olhos, e mãos com taças de bebidas, também havia corpos pelados ou com peças íntimas, eram momentos bem específicos e intensos, digamos assim. Havia uma tela, que estava meio escondida, era um rosto de uma mulher, sendo mais específica, de Lynx, assim como todas as outras pinturas.

O lugar perfeito para Morrigan, e o pesadelo de Lynx.

Já Lynx não tem um lugar perfeito, vive à mercê de idas e vindas, por diversos lugares no mundo. Talvez esse seja o grande motivo dela ser do jeito que é, alguém sem um local pra chamar de lar não tem nada.

Já viveu em mais lugares do que poderia se lembrar. Em uma casa de só um cômodo com sua mãe quando pequena, em uma casa imensa por alguns meses com seu pai, no ano seguinte em uma casa similar de seus tio-avós, dois anos depois no acampamento illyriano, três anos depois na côrte crepuscular, onde aprendeu absolutamente tudo que podia sobre participar se uma corte. E aos dez anos, foi para corte diurna viver com seu primo, onde passou toda sua adolescência e início da vida adulta, por 15 anos, depois quase três anos na corte noturna, e por vários lugares nesses últimos dois anos.

E agora, novamente a caminho de Velaris, juntamente com seu primo e mais alguns membros de seu círculo. Lynx se dava relativamente bem com eles, mas eles meio que a criaram, então tão mais pra uns tiozões bonitos.

Lynx não tem coisas de um lar, como velas e sofás, mas tem uma grande mala com suas roupas, jóias e sapatos, um colar que quase não sai nunca do peito, e uma mochila marrom com um chaveiro de uma florzinha amarela, dentro dela tem sua xícara branca com desenhos meios estranhos, enrolada em um paninho branco, para não quebrar. Também há uma bolsinha com linhas e agulhas de crochê, uma caneta e um lápis junto com seu caderninho verde, um dos vários que já existiram inclusive, esse que serve pra absolutamente tudo.