🪞 Capítulo II: Reflexo 🪞

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Como assim?! — o loiro berrou. 

O tigre rosnou e começou a se agitar, lançando as garras pelas grades de metal. Quanto mais o animal se movia frenético, mais as paredes tremiam, o chão cedia, o fim do mundo começava.

Lucas respirou fundo em meio ao caos e tentou pensar de forma racional. Precisava sair dali, não tinha entendido nada sobre reiniciar a realidade, mas já sabia que as palavras que se formavam na pedra iam ter o enigma. Quando as letras brilharam vermelhas no pedregulho cinza, o jovem leu:

— "O que sempre começa pela reta final?"— Lucas revirou os olhos, estava apavorado e irritado! Que pergunta era essa?!

Por mais que tentasse, o loiro não conseguia raciocinar. Estava tremendo junto com as paredes, suando de pavor em um ambiente congelante. Tudo estava contra ele...

Insistindo, Carlin olhou de novo a enorme pedra e ficou pensativo. Supôs que tinha pouco tempo para solucionar o mistério, já que o tremor só piorava.

Tentou se concentrar no enigma, mesmo com a sua mente pensando no tigre, nas paredes quebrando e... na pergunta: o que sempre começa pela reta final?

Lucas não teria as respostas para isso. Como ele poderia solucionar um enigma tão amplo? E mais: como iria com isso reiniciar a realidade?

Lembrava-se de ser só um jovem viciado em fliperama e inimigo número um da matemática. Não entendia nada sobre enigmas, não mais do que qualquer outra pessoa poderia saber o que eram: um mistério.

Ofegante, o loiro olhou ao redor e só encontrou paredes amarelas com símbolos e tochas penduradas em cada canto do lugar.

— As pistas foram tiradas de mim? — ele disse após reunir em desespero o que restava de sua racionalidade. Lucas ergueu as sobrancelhas assustado e sussurrou para si mesmo:

— Minhas memórias...

Talvez, se Lucas recordasse da sua trajetória de vida, ele poderia resolver o enigma... Sabia que tinha feito uma viagem até o Egito e...

O loiro se concentrou muito e fechou os olhos, lembrou-se da imagem de um homem gordo com pele enrugada e com um chapéu na cabeça. Carlin abriu os olhos:

— Sr. Nicollas! — o garoto recordou o pedido do amigo, sobre manter um objeto mágico seguro... mas qual objeto?

O tigre rosnou feio chamando a sua atenção. A besta babava ao exibir as presas, o líquido gosmento pingava pelas grades tortas. Os dentes brilhavam com a luz fraca que vinha das tochas, as chamas crepitavam e balançavam sem parar, quase apagando, mas elas realçavam o olhar feroz do animal.

Os olhos negros e profundos entravam dentro de Lucas causando um terrível medo, com as grades tortas, o jovem temia que o tigre conseguisse sair.

De alguma forma, o pavor transformou-se em curiosidade, Lucas conseguia ver o seu reflexo perfeito no olhar do tigre. Sentiu o coração na boca, lembrou qual era o objeto que precisou esconder por anos. Tudo isso por conta de um reflexo.

— Um espelho!

Na Reta Final 🔒Onde histórias criam vida. Descubra agora