⭕️ Capítulo III: O Contador de Histórias ⭕️

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Um espelho! — ele disse ofegante, o tigre continuou rosnando em fúria. O loiro soltou os ombros devagar, ficou triste porque...

— O que isso tem haver com o enigma? — a voz do jovem soou junto com o ranger das pedras e com o crepitar das tochas. Lucas juntou as sobrancelhas.

— Espera... o espelho mágico, ele...

Ele contava histórias. O garoto, então, se lembrou do feito mágico do espelho que tanto protegeu por cinco anos.

Toda vez que colocava a mão no vidro do objeto, Carlin assistia às tramas envolventes, mundos fantasiosos e personagens fascinantes. Ao recordar disso, Lucas também lembrou de como chamava aquele espelho: O Contador de Histórias.

Até porque um enredo era sempre contado, como se hologramas em três dimensões passassem diante de seus olhos, como se quem tocasse o espelho estivesse... dentro de um novo mundo.

Ao pensar nisso, Lucas começou a supor que aquelas histórias não fossem somente histórias. E se fossem... realidades alternativas? E se ele, Lucas, estivesse dentro de uma das histórias? Dentro de uma realidade? As dúvidas tomavam conta de sua mente enquanto o garoto tentava recordar de sua vida.

O som da esfinge tremendo cessou brevemente. Isso seria uma pista de que ele estava no caminho certo? Tentou se concentrar no enigma, Lucas colocou as mãos no queixo, o tigre já estava até calmo — desistiu de sair. O loiro encarou a fera e pensou em voz alta:

— Se você ao menos pudesse me ajudar — a besta, como se tivesse entendido, ergueu o olhar e encarou Lucas. O magrelo arregalou os olhos quando a fera gigante olhou mais para cima.

O jovem seguiu o olhar do felino e, ao encarar o teto, enxergou a claraboia. Por ela, havia um céu cheio de estrelas e um ponto laranja. Aquilo seria uma pista dada pelo próprio tigre? Era, certamente, um círculo e... Lucas teve uma epifania.

— Um círculo! Um círculo sempre começa pela reta final, já que não têm começo, nem meio e nem fim.

Na parede cheia de hieróglifos, as letras cursivas ficaram ainda mais vermelhas, Carlin sorriu, achou que tinha desvendado o enigma, mas...

O chão tremeu novamente, os grãos de areia caíram em seus cabelos, o garoto estava no meio do caos, do desmoronamento.

Um estrondo ensurdecedor soou, Lucas levou as mãos até as orelhas, um pedregulho de dois metros deslocou do teto e caiu justamente em cima da jaula. Quando o garoto abriu os olhos, começou a tremer dos fios do cabelo até as pontas dos pés.

O tigre não estava mais preso.

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