9 - Outras Intenções

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                        Lauren Jauregui
    

Girei a maçaneta bem devagar e coloquei metade do corpo para dentro do quarto.

Camila ainda estava dormindo na minha cama. Ela estava deitada de lado com as costas viradas para a porta. A camiseta justa do seu pijama estava enrolada em baixo da sua cintura e boa parte de sua barriga estava a mostra.

De onde eu observava, as curvas do seu corpo poderiam se alinhar perfeitamente com a linha de um violão. Camila e suas malditas curvas latinas que fazem o pênis criar vida própria e querer sair para um passeio.

Ela estava descoberta com as pernas entrelaçadas no edredom. Eu conseguia ver o desenho de sua calcinha por baixo do pano do short curto e fino.

Pare, Lauren. Isso não vai acabar bem.

Dei um passo para trás e saí do quarto.

Só queria ver se ela estava acordada. Não queria que ela precisasse levantar, ia acabar piorando o pé que, apesar de sua teimosia, com certeza não devia estar muito bem.

Precisava me ocupar aquela manhã. Ou melhor, precisaria me ocupar o dia inteiro.
O fim de semana inteiro. O mês inteiro. Até ela ir embora. Aquilo tinha sido uma ideia igualmente sensacional e ridícula. A oportunidade de enfiar um pouco de
humildade em Karla foi irresistível, mas pensar que eu poderia domá-la? Não, isso
nunca. No máximo seria agradável vê-la ser gentil e humana por alguns dias. Mas ia acabar. Mesmo que ela ainda passasse alguns meses com a intenção de ser um
indivíduo melhor, mas as pessoas não mudam. Isso eu já tinha aprendido muito
bem.

O problema agora ia ser resistir a vontade de me envolver com ela.

Desci as escadas sem pressa.

Era incrível como ela conseguia ser uma mulher que gerava opiniões unânimes. No
escritório onde trabalhávamos, quando o assunto era Camila Cabello todo
mundo concordava:

Ela era uma megera insuportável.

Ela era a melhor e mais temível advogada do escritório.

E ela era gostosa.

Por Deus, como era gostosa.

Claro que homens e mulheres se dividiam nessa última opinião. A maioria não negava. Nós todos tínhamos plena consciência de que ela era o tipo de mulher que qualquer um de nós adoraria espremer contra a parede.

Mas algumas mulheres usavam outros tipos de elogios. Uns que facilmente são confundidos com ofensas.

Bastava Camila se aproximar e começava a interminável sequência de “vadia”, “como ela tem coragem de usar um vestido tão colado em uma audiência”, “ela engordou” ou “ela emagreceu demais”.

Não, senhoritas, sinto muito.

Ela não está acima do peso ou abaixo. A roupa é sensual e não vulgar. E quanto ao
“vadia”… bem… isso era verdade. Mas o fato inegável é que todas as suas colegas de trabalho apenas a ofendiam porque a admiravam. É o jeito feminino de elogiar
através de camadas e camadas de inveja.

E Camila dava muitos motivos para ser invejada.

Abri a porta e deixei Max entrar enquanto colocava sua ração.

Conseguia me lembrar de quando a vi pela primeira vez. Tinha acabado de entrar para o escritório, era a festa de Natal na casa de um dos sócios majoritários. Estávamos no salão principal e eu a vi.

Ela usava um vestido amarelo que… minha nossa… Era a mulher mais bonita do salão. Talvez fosse até a mulher mais linda que eu já tinha visto na vida.

A Chantagem (Adaptação)                    [Em Correção Ortográfica]Onde histórias criam vida. Descubra agora