17 - Discussões

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- Admiro mulheres como você.

Devon Hill estava de volta e eu já tinha me arrependido de ter flertado com ele.

- Obrigada? - sarcástica.

- Sem julgamentos. Quero dizer, eu trabalho com a garota.

Ele estava querendo sugerir alguma coisa. Essa parte estava bem clara. Mas o quê?

- Perdão?

- Eu ganho mais de trezentos mil por ano, sabia? - ele piscou um olho para mim e beliscou minha cintura.

Não enfiei o punho no meio das suas fuças porque imaginei que ele estivesse temporariamente insano para me tocar com esse nível de liberdade.

- Não sei do que o senhor está falando e Hill... Não me toque sem minha permissão. - eu não ia falar de novo. Próxima vez era punho nas fuças e deixei meu tom afirmar isso bem claramente.

- É claro que não sabe. - riu - Você, uma advogada ambiciosa que mora do outro lado do país veio até aqui só para ajudar a herdeira Morgado com sua mudança. É claro. Vocês devem ser muito amigas. - virou o que sobrava da sua dose de whisky - Ou você está apaixonada. É claro. - riu - Muito conveniente.

Senti o gosto da bile na minha garganta e queria que ele dissesse mais alguma coisa indevida. Qualquer coisa que justificasse o tapa que eu ia enfiar na sua cara em um futuro muito próximo.

- Não me conhece, Hill. - pro inferno com a educação, eu ia ser grossa e ele ia sentir - Não defina uma pessoa que você não conhece por clichês. Pode ser perigoso.

- Você é uma mulher muito bonita. E, não me leve a mal, eu entendo ambição. Aqui. - ele me deu um cartão e pegou mais um copo de whisky da bandeja de um garçom - Quando ela te largar, e ela vai te largar, liga pra mim. Podemos compartilhar ambições. - sorriu, colocando o copo na boca - Posso te ajudar com algumas coisas e você pode... me ajudar com outras.

Coloquei o cartão dentro do seu copo e vi o papel escurecer sugando o líquido.

- Não recuse um alguém só porque ele não é o homem mais rico do mundo, senhorita Cabello. Amanhã, ele pode ser o melhor que a senhorita pode conseguir. - ele soou irritado.

- Se acha que eu preciso de alguém para o que quer que seja, claramente, não me conhece.

Ele me observou como se decidisse se fazia mais algum comentário agressivo ou se me beijava. Para mim, tanto fazia, de um jeito ou de outro ele ia levar um murro.

Era só uma questão de tempo.

- Não te dói? - perguntou - Pessoas como ela que podem ter tudo simplesmente pelo fato de terem nascido?

- Você também não conhece Lauren, Hill. Parece que tem um péssimo costume de julgar pessoas sem qualquer conhecimento.

- O quê? Ela teve uma vida difícil? Fala sério, Camila? O que é o pior que pode lhe ter acontecido? Sua ferrarri nova veio da cor errada? E o que é o pior que aconteceu na minha vida? Na sua? E na de milhões de pessoas como eu e você? E ela... Ela só precisou nascer. Não digo que a odeio, quero dizer, não é culpa dela. Mas é difícil não invejá-la ou não ressentir a injustiça da vida.

- Não existe vida fácil.

- Não... Mas existe vida mais difícil. Sabe o quanto eu tive que batalhar pela posição que tenho hoje nesse escritório? Quanto tempo de trabalho escravo, horas e horas de sono e descanso perdidas. Tanta coisa que eu tive que abrir mão só para conseguir subir nesse lugar, um milímetro de cada vez. E ela? Ela já tinha o emprego mesmo antes de vir fazer a entrevista.

A Chantagem (Adaptação)                    [Em Correção Ortográfica]Onde histórias criam vida. Descubra agora