22 - Morangos

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                             Lauren Jauregui

Considerando tudo que poderia dar errado, a festa da noite anterior tinha acabado sendo bem interessante.

Minha avó não demorou mais que uma hora e, aparentemente, não enfureceu Camila além do necessário. Ainda me segurou na porta, antes de ir, para dar mais um de seus discursos sobre cuidado. Ela estava terminantemente convencida que Camila estava se aproveitando de mim.

- Preste atenção na história de vida dessa moça, Lauren! Ela parece o tipo que se apaixona?

Tinha alguma verdade em suas palavras e se não fosse Dinah, revirando os olhos, ao seu lado, eu realmente teria deixado as palavras me atingirem. E fora a situação com Shawn, tudo mais tinha corrido na mais perfeita tranquilidade. Lynn tinha sido inconveniente em um momento ou dois, mas acho que ela finalmente estava começando a desenvolver uma saudável dose de medo de Camila, o que estava facilitando as coisas consideravelmente.

Hill apareceu, mesmo depois do murro… O que me supreendeu. Quer dizer, teria supreendido se eu não o tivesse visto conversando com minha avó. O sacana era um belo alpinista social e não ia dispensar uma festa na minha casa de jeito nenhum. Que tenha feito bom proveito, nunca mais seria convidado de novo.

Camila ainda estava dormindo, parcialmente coberta, com uma das coxas para fora do edredom. Saí do banheiro secando o cabelo e a ouvi gemer baixinho quando beijei sua coxa antes de sair do quarto.

Já tinha, seguramente, passado das três horas da manhã quando fomos dormir. A festa com a vizinhança acabou pouco depois da meia noite. Alguns vizinhos ficaram para trás para ajudar na limpeza, o que eu achei muito gentil. Não sei se Camila compartilhava meu sentimento, já que passou uma boa meia hora gritando ordens para cada um deles. O curioso é que eles sorriam e obedeciam.

Faziam caretas quando ela não estava olhando, mas é claro que Camila sempre percebia. Ela mostrava a língua para eles e continuava como se nada tivesse acontecido. Eles pareciam gostar dela. De um jeito bem peculiar, pareciam ter notado o que eu notei: que debaixo da rígida casca grossa, se escondia uma mulher incrível.

Era quase impossível de acreditar. Bom demais pra ser verdade…

Eu tinha um sorriso no rosto e um calor no coração que não ia embora.

Algo em mim sempre soube que ela era uma pessoa boa. Passou boa parte da noite conversando com um senhor de aparência debilitada. Ele não passou muito tempo, mas ela fez questão de ir buscá-lo em casa e depois deixá-lo de volta. Fiquei sabendo depois que ele tinha um câncer bem sério.

Não teria percebido sozinho que era algo grave: embora ele tivesse uma aparência frágil, estava sempre sorrindo e pareceu se divertir.

Desci as escadas passando a mão nos meus cabelos molhados.. Depois que os vizinhos foram embora, eu e Camila começamos nossa festa privada. Ela não tinha trazido os morangos e outros itens da sua experiência.

Mas eu estava tão envolvido de desejo pelo seu corpo que só notei isso quando já estávamos deitados para dormir. Mas tínhamos o domingo todo pela frente e eu não ia estragar aquelas compras especiais. De jeito nenhum.

- Vem, garoto!

Estava levando Max para o quintal da frente assim que terminei de tomar café quando vi Camila descendo as escadas.

- Não me acordou?

- Não. - fiquei um degrau abaixo dela e nossas bocas ficaram na mesma altura. Ela segurou meu rosto com as mãos e eu a beijei. - Estava tão linda dormindo. - revirou os olhos para mim - Tão pacífica e pouco agressiva. - brinquei.

A Chantagem (Adaptação)                    [Em Correção Ortográfica]Onde histórias criam vida. Descubra agora