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84 d.c
- morte da princesa Alyssa -

Os berros da princesa ecoam pelos corredores da fortaleza. Dentro do quarto os meistres buscavam ao máximo ajudar a princesa, enquanto a parteira pedia para que ela fizesse mais força. Alyssa arfou, estava quase chegando ao seu ápice de exaustão e nada de seu filho nascer.

A porta rangeu denunciando a entrada de Baelon. Um sorriso cansado abriu-se nos lábios da princesa, e ergueu, com custo, sua mão destra na direção do marido, em um pedido silencioso para que ele se aproxime. Baelon parou ao lado de sua esposa, quase derramando lágrimas vendo a situação em que pôs sua princesa. Sutilmente acariciou o rosto suado de Alyssa.

— depois... me leva para o campo de rosas? - ela indagou, as palavras saindo falhas de sua boca. O príncipe sorriu, assentiu.

Enquanto isso, ao lado de fora do aposento, Verena se debatia nos braços do irmão mais velho, Daemon, querendo adentrar.

— me deixe entrar, Daemon.– vociferou estapeando os braços fortes de seu irmão.

Os guardas que rondam o corredor lhe lançam olhares penosos.

— comporte-se, Verena.– ordenou com impaciência, apertando mais e mais o corpo menor da menina.— irá vê-la quando acabar.

Os olhos violetas de Verena se enchem de lágrimas, enquanto lutava para se soltar das garras de Daemon. A garota sabia que sua mãe não resistiria ao parto, então, gostaria ela, de ficar ao seu lado, de estar lá dando forças a princesa, uma última vez.

— Daemon, seu fruto podre, deixe-me ficar ao lado de mamãe.- berrou.

O menino abriu a boca para retrucar mas Viserys, o filho mais velho de Alyssa, o fez antes.

— já sabes que ela não resistirá ao parto e mesmo assim gostaria de vê-la morrer? – as palavras grosseiras, que nada combina com sua compostura dócil, fez Verena parar de tentar escapar dos braços de Daemon.— então faça isso mas depois não venha reclamar do que viu.

Quando fora solta do aperto Verena olhou rancorosa os irmãos. Não entendia porque estavam sendo tão grosseiros com ela...

— pois não falarei nada.– retrucou.– e ao contrário de vocês darei forças para ela em seus últimos suspiros, porque quando ela partir não poderei fazer mas nada.

Passou pelos guardas que cuidam da porta do quarto, adentrando o cômodo.

— mamãe...– parou do outro lado da cama que sua mãe esta deitada, segurou sua mão e deixou um selar em sua testa.

Baelon olhou a filha que mal lhe olhou no rosto, pensou, que talvez, ela lhe culpasse pela dor que sua mãe passara.

Verena sentiu seu coração apertar-se vendo uma quantia alta de sangue manchado no lençol esbranquiçado da cama, assim como a camisola de seda da princesa.

— só mais um pouco, alteza, já estou vendo a cabeça da criança.– a parteira diz.

Os minutos seguintes pareceram horas. Quando o bebê nasceu, Baelon suspirou aliviado, vendo que sua esposa não iria sofrer mais com tamanha dor.

— é um menino, alteza.– com ânimo a parteira exclamou, embrulhando o recém nascido em uma manta avermelhada.

— mais um herdeiro...– Alyssa sorriu exausta, sentindo suas pálpebras pesadas.— isso não é bom, querido?! – Baelon tocou o rosto da esposa, deixando um selar casto em seus lábios.

— descanse, minha princesa, está na hora de descansar um pouco.

Verena piscou ao ouvir as palavras de seu pai. Sabia que a morte buscaria sua mãe, só não imaginou que doeria tanto.

— mãe...- tentou chama-la, porém, já era tarde.

A princesa parou de respirar em um dia nublado, em uma tarde doentia de outono. Deixando para trás seus filhos, e seu amado marido. A morte da princesa fez Verena ver o lado doloroso da vida, o luto, que perdurou até o fim do ano. Seus irmãos sempre ao seu lado. Baelon perdeu seu sorriso brilhante e apaixonado, dando lugar a um vazio. Mas se manteve firme por seus filhos.

Verena Targaryen passou a treinar com seu irmão Daemon, desenvolvendo habilidades excelentes em combate. Em seu tempo livre a princesa se trancafiava na biblioteca, e diferente de seu rebelde irmão, passava as horas de sua tarde estudando estratégia de guerra. Rainha Alysanne acabou apegada emocionalmente em sua pequena neta, ela a lembrava de sua filha, até demais. Mesmo que Verena não tenha nenhum traço físico de sua mãe. Baelon cada vez mais se sentia orgulhoso com as conquistas de sua filha, por mais mínimas que fossem. Sempre se mantendo o mas presente possível, onde fosse sua filha o seguia, consequentemente seus dois filhos homens vinham atrás, uma vez que Viserys e Daemon não conseguiam deixar sua irmã sozinha, principalmente por não confiar em deixa-la só.

— Verena, minha querida, por que não vais ver Aegon? – Alysanne perguntou sentando em uma cadeira próxima de sua neta, que lia mais um de seus livros.- os meistres disseram que ele não durará muito.

Verena suspirou fundo, fechando seu livro com força causando ruído. Olhou sua avó, e franziu o cenho.

— não consigo.– admitiu baixinho. Mesmo que tentasse olhar nos olhos de seu irmão era como lembrar que ele é o motivo qual sua mãe morreu. Tinha ciência que ele não havia culpa alguma nisso, mas ainda sim é difícil vê-lo.— por mas que minha mente saiba que ele não há culpa na morte de minha mãe, meu coração sangra ao vê-lo e lembrar que ele foi a causa me mata.

A rainha sorriu minimalista. Não julgaria sua neta, não por ter um apego sentimental, mas por saber como ela se sente.

— sinto muito por ter que passar por isso tão jovem, mas creio que sua mãe esteja a olhando, de qualquer lugar que possa estar. – tocou carinhosamente as mãos de Verena.— e, infelizmente, não possuo poderes para tirar tamanha dor de sua peito, mas tenho certeza que o tempo irá curar sua ferida, é o remédio que precisa. Contudo, seu irmão não tem tempo, ele morrerá logo, talvez ele amanheça morto, não sabemos. Por isso eu lhe aconselho a dar um último adeus, para não ficar com remorso futuramente.

A boa rainha Alysanne já previa a morte de seu neto, vendo suas condições, e como dito o bebê Aegon veio a falecer um ano depois da morte da princesa Alyssa. Baelon sentiu o impacto da morte, assim como Viserys e Daemon. Contudo, Verena não conseguia ter empatia na morte de seu irmão.

Verena Targaryen, com o passar dos anos, foi se fortalecendo a ponto de ganhar fama por tamanha força. Viu seu irmão Daemon se rebelar mais e mais, e acabará que havia se tornado sua babá. Quando ele aprontava ela ia ao seu socorro. Viserys acabou sendo o herdeiro do avô, e se ressentiu quando Verena não esteve ao seu lado na coroação, afinal, se ocupara em cuidar de Daemon.

Agora, após três anos longe, Verena estava regressando para casa depois de largar seu irmão rebelde em Passopedra. Juntamente da serpente do mar, lorde Corlys Velaryon, lutavam para reivindicar o território.

— princesa Verena Targaryen, primeira de seu nome, intitulada princesa de ferro, a senhora das ilhas de ferro, protetora dos fracos, mãe dos selvagens, e sub-general do exército do príncipe Daemon.

Os murmúrios ecoantes cessaram quando Verena parou no alto da escadaria, em um vestido impecável cheio de pedraria, na cor amarela. Não condizendo com as cores de sua casa.

— bem-vinda de volta, princesa.– Sor Harwin Strong, herdeiro de Harrenal, e capitão da patrulha de porto real, exclama com um sorriso educado formado na boca.

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Destinadas: O Sacrifício de uma Guerreira ━━━ Alicent Hightower Onde histórias criam vida. Descubra agora