CAPÍTULO VIIII

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— Pro mais quanto tempo vamos ficar nisso? — falei me jogando no sofá.

— Não sei, por quanto tempo vamos ficar nisso? — Harry não se deu ao trabalho de levantar a cabeça.

— Esse é o seu plano brilhante? Me manter presa aqui? — ele continuou sem me olhar.

— Se for necessário.

— Quanto tempo mais você vai conseguir ficar sem se alimentar? — eu o respondi de forma desafiadora.

Já faziam dois dias desda visita de Layla, Harry continuava agindo de forma distante e misteriosa comigo.

— Eu posso arrumar comida em outro lugar — ele finalmente me olhou.

A aparência dele estava péssima, Harry estava com olheiras profundas e seus lábios estavam secos e pálidos.

— Você só precisava falar comigo! — Minha voz ficou alterada.

— É você só precisava me obedecer. — Harry se levantou, saindo da sala e me deixando a sos.

Eu estava sendo mantida trancada na casa, Harry achava que eu iria realmente fugir dele, o que é um total absurdo! Eu estava realmente chateada porém nunca poderia deixar ele.

Já faziam dois dias que Harry não se alimentava, ele se recusava a dar o braço a torcer e mesmo com minhas tentativas de falar com ele, Harry se mostrava irredutível.

Eu me perguntava o que de tão sério ele estava escondendo de mim, para chegar ao ponto de quase morrer de fome.

Poucas horas sem comida já poderiam ser crueis com um vampiro, mas ficar dias sem comer?! Isso já passava do nível de controle e sobrevivência de qualquer um.

— Harry — falei seu nome em voz alta, ele não veio até mim, porém eu sabia que ele podia me ouvir — Já chega dessa infantilidade, se você não quer falar o que está acontecendo então ok! Mas vale a pena morrer de fome por isso? — eu fiquei olhando para a porta por alguns instantes, mas quando percebi que ele não iria aparecer, continuei falando — Você disse para mim que queria que eu confiasse em você, eu confio, confio minha vida a você... então porfavor, venha até aqui.

Harry apareceu na porta da sala, ele me olhou de forma desconfiada, mas quando eu abri meus braços para ele, Harry caminhou em minha direção, ele me envolveu em seus braços e colocou sua cabeça em meu ombro.

— Porfavor, chega de perguntas — ele falou em voz baixa — apenas faça o que eu mandar.

— Eu não posso prometer isso... — ele afastou seu corpo do meu — eu sei que algo está incomodando você, e duro ver você preocupado e não fazer nada.

— Isso não é um assunto para VOCÊ se envolver.

— Você e um assunto para eu me envolver. — respondi ficando de pé.

— É o que você pode fazer para resolver minhas preocupações? — a voz dele se tornou acusadora — Você e só uma humana, fraca e mortal... o que alguém como você pode fazer por mim?

As palavras dele me atingiram com força, ele estava certo, em comparação a vampiros e lobisomens eu era fraca, mas ouvir isso em voz alta, sentir o desdém na forma como ele falou isso, aquilo realmente doeu.

Harry simplesmente se virou e saiu andando.

Enquanto eu ficava ali parada no silêncio, percebi que por mais que eu o amasse, nossa relação não era nada além de uma relação de sobrevivência, eu nunca poderia apoiar ou ajudar ele como em uma relação humana.

— Que seja — resmunguei enquanto saia pisando o mais forte possível.

Sabia que Harry era capaz de saber exatamente onde eu estava e o que estava fazendo, então não me preocupei em ser discreta.

Caminhei até a porta da frente, ela era feita de uma madeira pesada e estava trancada, sabia que Harry agora estava me observando de perto, analisando cuidadosamente o que eu estava fazendo.

Segurei a maçaneta da porta, a puxando com tuda a minha força, ouvi uma risada amarga atrás de mim quando a porta não se moveu.

Girei meu corpo, caminhando até a sala, em uma mesa no canto da parede estava um vaso de flores, eu o peguei, caminhando até uma janela próxima, me preparando para atirar o vaso nela.

Porém, antes deu conseguir fazer, Harry segurou meu braço por trás, pegando o vaso de flor e o jogando com toda a sua força par alonge, o vaso se despedaçou em mil pedaços, fazendo as flores que estavam nele voar para todos os lados.

— Você é pior do que eu pensei — ele sussurou, próximo a mim — então... Não tem motivos para eu tentar ser gentil com você, não é?

A voz de Harry estava sombria, o que fez meus músculos congelarem, sua presença se tornou ameaçadora e instintivamente senti como se minha vida estivesse em perigo, um no se formou na minha garganta, me fazendo perder o fôlego e pude sentir as lágrimas se acumulando em meus olhos.

Harry segurou minha garganta, sem qualquer cuidado ou gentileza, me mantendo imóvel enquanto farejava o ar ao meu redor, senti as gotas de saliva que escorriam dos lados dele, caindo sobre meus ombros enquanto sua respiração se tornava irregular.

Harry então, enfiou seus dentes afiados em mim, desta vez, causando uma sensação de dor aguda, como se minha carne estivesse sendo rasgada.

Comecei a me debater enquanto sentia minha pele sendo cortada em dois, um grito agudo de dor me escapou enquanto eu lutava para sair de seu toque, mas era impossível.

Harry apertou mais minha garganta, impedindo que eu conseguisse gritar, o ar começou a faltar em meus pulmões e senti o gosto metálico do sangue em minha boca.

De repente, ele me soltou, fazendo meu corpo mole cair de joelhos no chão, Harry caminhou, se abaixando na minha frente, seus lábios, pescoço e camisa estavam tingidos de um vermelho vivo, seus olhos estavam marejados e seu rosto tinha uma expressão de dor.

— Talvez isso seja o certo — ele sussurou — talvez ambos tevessemos apenas morrer... — ele tocou minhas bochechas com a ponta dos dedos — Não se preocupe... Eu vou depois de você.

Harry inclinou a cabeça, esfregando seu rosto do meu pescoço ferido, sua pele macia e gelada me acariciou enquanto eu ouvia seu choro abafado.

— Me perdoe — ele falou, antes deu sentir seus dentes perfurando minha pele outra vez.

A dor agora ja não me incomodava, meu corpo estava fraco e já sem forças para lugar, deixei meus músculos caírem sobre o corpo dele, em um abraço melancólico.

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⏰ Última atualização: Feb 07 ⏰

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