Life and Death

O Nascimento de uma Semideusa

Visão Narrada

Zakk e Lillith caminharam pela floresta por alguns minutos em completo silêncio. Ela tinha muitas perguntas, mas não sabia qual seria a melhor hora de perguntar. Sabia que Zakk já havia notado sua inquietude, mas por algum motivo, ele não teria a iniciativa de perguntar. Mas o motivo era mais complicado do que ela imaginaria.

Se ela pretendia se tornar uma adepta na escola da morte, deveria primeiro perder a timidez. Um semideus da morte nunca se intimida, um semideus da morte não se limita. Membros dessa escola vêem beleza na morte, sentem felicidade alegria—e em alguns casos, prazer—em tirar a vida de uma pessoa, sentir suas almas deixarem seus corpos, enquanto dão seu último suspiro. Timidez não tem lugar nessa escola.

—Ouvi dizer que o ritual da sua escola é... macabro...

Zakk sorriu de lado soltando uma risada anasalada.

—Medo de fantasmas?

—Não, é que...—Lillith coçou a nuca um tanto inquieta.—Eu ouvi histórias, dizem que as pessoas morrem nesse ritual e retornam... diferentes. É verdade?

O menor parou sua caminhada e a encarou de maneira séria, seus olhos vermelhos pareciam brilhar no escuro como uma chama ardente.

—Se você tem medo da morte então pode esquecer, não existe um semideus da nossa escola que não a transcende.

—Não é a morte que eu temo, eu temo que minha morte não tenha um propósito, que eu simplesmente morra por nada.

Os olhos do dullahan pareciam ver sua própria alma.

—Nenhuma morte tem um propósito, nós vivemos pra morrer e matar, mas não ache que ser uma semideusa vai mudar a única verdade da vida, você vai morrer, talvez demore, talvez em um momento próximo, talvez várias vezes, mas essa é a verdade, no final vamos todos acabar assim.

Zakk apontou a sua frente, estavam no cemitério. Haviam chegado.

—Essa é sua última chance de voltar atrás. Você quer ser uma semideusa da morte ou não?

Lillith ponderou as palavras do menor com cuidado, pelo visto, Zakk sabia que morreria um dia e estava conformado com isso. Mas e ela? Será que ela aceitava?

—Você se arrepende?—Zakk franziu o cenho.—Você se arrepende de ter tirado vidas? De ter, possivelmente, destruído famílias, sabendo que no fim vai morrer também?

Zakk apenas sorriu com uma pitada de cinismo. Ele não se arrependia e faria tudo de novo. Seu sorriso era a prova disso. O moreno apenas a deu passagem e ela seguiu para dentro do cemitério.

—Então.—Disse Lillith.—Como funciona o ritual?

—É simples, eu vou desenhar a marca no seu corpo e aí vou te matar.

—O QUE?—Lillith procurou algum sinal de brincadeira no rosto do menor. Ele estava tão quanto nunca.

—O ritual consiste na sua alma sendo mandada ao Domínio da Morte, é como um submundo que não pertence a nenhum panteão, lá você passará por uma prova pra se juntar a escola da morte.

—E se eu falhar?

—Sua alma ficará presa lá e você será torturada por toda a eternidade.

Estava totalmente incrédula. Aquele era o ritual da escola da morte? Quem em sã consciência sacrificaria a própria vida em troca de poder? Lillith já estava reconsiderando a ideia até ver o semblante impaciente de Zakk.

—Você não disse que queria ser uma semideusa da morte? Pois esse é o preço que deve pagar, é isso que terá que fazer se quiser ser uma de nós.

Ponderou um pouco mais. Quais seriam os riscos de passar por aquele ritual? E o que ela ganharia em troca? Ela poderia perder sua vida, ou ganhar um grande poder. Não sabia se valia a pena. Isso até se lembrar de seu irmão, de tudo que ele havia feito por ela. E o que ela havia feito em troca de seu carinho? Nada. Ela não havia feito nada. Talvez agora ela tivesse uma chance.