The Umbrella Academy - Liliane Hargreeves

Capítulo 24

Quando o relógio passou da meia noite, eu já havia bebido tanto que mal conseguia me manter de pé.
A noite era uma criança, ninguém dormiu.
— Você vai continuar bebendo? — Perguntou Viktor ao se aproximar e sentar ao meu lado no sofá, onde estava completamente jogada.
Acenei com a cabeça dizendo que sim, antes de me debruçar e vomitar no tapete da sala.
— Vem, vou te levar para cima — Disse ele me apoiando em si e seguindo para meu quarto.
Fazia tempo que não bebia tanto ao ponto de vomitar.
Ao entrar no quarto Viktor se sentou ao meu lado da cama e começou a conversa comigo, embora eu não estivesse prestando tanta atenção
— Ficou sabendo que a s/n foi embora? — Disse ele, e eu acenei confirmando que sim — E que ela e o Five terminaram? — Fiquei surpresa com a última afirmação, por que eles terminaram?.
— Por que? - Perguntei
— Eu não sei, mas algo me diz que tem haver com você, como era o único sóbrio na festa percebi que Five não parava de te olhar — Explicou ele — Converse com ele quando estiver sóbria — Avisou meu irmão por fim, e então se retirou.
Me joguei na cama como se não estivesse acontecendo nada ao meu redor e adormeci.    

Acordei um tempo depois com uma forte dor de cabeça.
— Bom dia florzinha, ou boa tarde, vamos levantar? Temos muito trabalho a fazer — Disse Lili do pé da minha cama com os braços cruzados.
Resmunguei.
— Quais os planos de hoje? — Perguntei
— Vamos revisar o que aprendeu e abrir uma fenda até o núcleo do universo.
— Certo.
Demorei para levantar da cama, mas consegui. Me arrumei para o treinamento, tomei café e fui.
Passamos horas revisando os ataques, defesas e combinações de poderes até finalmente chegar a parte de abrir o portal, a parte mais complicada.
Me sentei em uma posição confortável, fechei os olhos e respirei fundo, com as mãos apoiadas no chão comecei a visualizar aquele mar imenso e logo comecei a sentir aquela energia viajar através de mim, por mim, um arrepio e um formigamento fluia das pontas de meus pés até as pontas de minhas mãos. Abri os olhos e respirei pela última vez, então comecei a tecer a fenda com as mãos, como uma costura, fio por fio.
Aquela fenda brilhosa começou a se alargar e brilhar com intensidade e eu pude sentir o fluxo dessa energia se ligando com todas as outras realidades e fendas abertos entre elas. Era uma sensação maravilhosa e assustadora, era como se eu estivesse vivendo cada sentimento e momento ao mesmo tempo, como se tudo fosse um só, como se todas as Lili's fossem uma só.
— Está indo muito bem — Disse Lili — Agora entre nele — Ordenou ela, e então obedeci.
Era a segunda vez que estive naquele lugar de corpo e mente, mas não estava sendo puxada para nenhum canto dessa vez, apenas caminhando levemente sob as águas. Era um lugar calmo e silencioso, embora as bolhas a minha volta não demonstrasse o mesmo. Caos, havíamos manifestado um caos por todo o universo.
Continuei andando mais a frente me afastando cada vez mais da fenda, procurando por algo que não sabia exatamente como era. Cheguei a um lugar afastado demais, não havia bolhas, não havia vida, era uma tela branca com apenas água abaixo dos meus pés refletindo apenas a mim. Mas mesmo assim continuei a andar. Agora passando por um lugar escuro e frio, com pouca luz ou quase nada, e bem no fundo uma pequena bola de luz branca coberta por uma luz preta flutuava, como um mini buraco negro ou algo parecido. Quanto mais me aproximava, mais frio ficava e aquela pequena bola de luz começava a se expandir. Senti um tremor vindo do local e logo depois um aperto e um puxão, como se algo estivesse se rompendo, e estava. Minha ligação com a fenda, minha realidade, estava cada vez menor, não o sentia tanto quanto antes, havia me afastado demais.
Corri de volta para ela o mais rápido que pude. Avistei a pequena fenda quase que invisível, quase fechando por completo. Faltando poucos centímetros pulei por ela caindo do outro lado no chão do meu quarto, e assim a fenda se fechou atrás de mim, por pouco, por muito pouco.
Lili me olhava incrédula, assustada.
— O que aconteceu lá dentro? — Ela perguntou — Você ficou lá por uma hora e teve terremotos aqui fora.
Uma hora? Parecia apenas alguns minutos para mim.
— Eu achei uma coisa, uma bola de luz coberta por uma luz preta em volta, como um buraco negro.
— Eu não faço ideia do que seja — Afirmou Lili.
— Eu acho que sei quem pode saber... — Pronunciei correndo direto para o escritório.

— Pai, temos uma coisa para conversar — Pronunciei ao entrar no escritório rapidamente batendo a porta, ele não ficou surpreso  quando viu duas de mim.
Ele se posicionou com a coluna inclinado sob a mesa e as mãos uma sobre a outra e então esperou eu falar.
— Consegui acessar o lugar a qual procura, você estava procurando uma abertura certo? Pode até ter uma, mas eu consigo acessar diretamente, abrindo uma fenda no espaço e tempo, sincronizando minha mente com minhas outras versões que consequentemente leva ao núcleo de tudo, mas tem um porém, tem uma bola de energia se expandindo, uma espécie de luz branca coberta por  uma luz preta que pulsa cada vez mais como um coração, mas a cada pulsação que isso dá, algo é afetado em algum lugar, realidade.
— Isso que você me descreveu, é o coração que liga todas as coisas do universo, é uma pequena bola de energia que escreve e reescreve a linha do tempo e suas variações, as luzes brancas é a criação, as pretas, destruição, fim, essas duas energias se movem em conjunto se uma está desregulada demais a outra pode não acompanha causando conflitos no espaço e tempo, se as duas pulsão desalinhada vira uma bagunça, e se as duas se separam, adeus universo que conhecemos, o caos reina.
Sem palavras, ele realmente sabia o que era.
— E o que temos que fazer?
— Ow, você minha querida tem um poder interessante, e que pode dar um jeito nisso tudo, você só tem que reiniciar o universo, mas não se preocupe porque eu sei como — Disse ele me mostrando os cálculos e pesquisas anotadas em seu caderno — Entende o que tem que fazer?
— Eu tenho que me ligar a todas as realidades em que existo, até às que eu não existo atraves do núcleo e transferir essa conexão reprogramando ela, alterando os desastres causados, como voltar no tempo, o início.
— Quase, você tem que voltar no início e ir direto para o fim e unir essas energias para que se movimentem em harmonia novamente.
— Se eu fizer isso, irei apagar tudo o que aconteceu desde que voltei.
— Errado, você irá apagar tudo o que já aconteceu no universo desde de que ele foi modificado.
Era uma missão arriscada e eu não estava pronta para arriscar perder tudo.
— Meus irmãos se lembrariam de tudo e ainda seriam a umbrella academy?
— Não vou mentir para você Lili — Primeira vez que ele me chamou pelo apelido — Tudo o que estiver fora do núcleo irá ser reiniciado.
— Então eles vem com a gente...
— Fora de cogitação, aquele lugar aguenta apenas uma pessoa de cada vez, se tiver mais alguém, ele vai se colidir em si mesmo, eai não vai ter nem um resquício de vida para restaurar.
— Não pode me pedir para abandonar minha família e deixá-los esquecer um dos outros!
— Sinto muito — Lamentou ele
— Não! Você não sente! desculpa, mas eu não vou fazer isso, se for para perde-los irei perde-los aqui, ao lado deles, então aceite sua perda como estou fazendo, Abigail se foi e não vale a pena condenar os outros para tê-la de volta, eu não seria tão cruel para fazer isso, mesmo que significasse salvar o mundo — Falei com toda a sinceridade do meu coração — Se quiser pede a ela — Disse apontando para Lili que arregalou os olhos de onde estava escorada na porta.
Já estava na porta quando escutei Red respirar fundo e dizer:
— Ela não pode.
Suspirei e me perguntei por um instante o por que ela não podia, já que ela sou eu, algo me dizia que tinha mais alguma coisa, mas não ousei perguntar o porquê e apenas disse uma única e última vez: Sinto muito, não irei fazer isso...