LUCERYS
Foram necessárias duas palavras sussurradas dos lábios trêmulos de Lucerys para Aemond desmoronar, a pose intimidadora, o olhar que fazia qualquer um temer por sua vida, o muro que Aemond mantinha levantado sobre si desmoronou completamente com aquelas palavras. O olhar do caolho brilhou junto aos trovões e relâmpagos que iluminavam o céu. A respiração de Lucerys estava tão acelerada que era possível ouvi-las mesmo em meio aquela tempestade que caia sobre suas cabeças.
Lucerys sentiu como as mãos de Aemond escorregaram lentamente sobre seu rosto quando ele parou de falar, Aemond estava de olho arregalado. Ele olhava Lucerys com tanta intensidade que fazia o coração do jovem Strong acelera desesperadamente.
Então, ele fez a única coisa que ele poderia fazer na quele momento, correr. Correr para o mais longe possível dali, correr para longe de seu tio. Lucerys saiu das vistas de Aemond e tentou correr, mas tem a fuga impedida quando Aemond enrola seus braços sobre o corpo trêmulo e encharcado de Lucerys.-Deixe-me ir... Lucerys implorou ao sentir os braços fortes de seu tio agarrarem seu corpo. Ali ele já não conseguia mas conter as lágrimas, lágrimas cheias de dor, cheias de mágoas. E muito provavelmente ele derramaria ainda mais lágrimas.
-Você zomba de mim, Lucerys. Aemond sussurrou, seu tom de voz áspero mas ao mesmo tempo agudo sendo sentida até nos pés de seu tão assustado sobrinho.
-Não
-Você mente
-Não.
-Então diga novamente, diga o que você realmente quer me dizer, sobrinho. Aemond virou com brutalidade o corpo de Lucerys para que ele o olhe em seu olho. Seu aperto se mantinha firme em volta do corpo encharcado do jovem Strong. Com um de seus braços ele segurou a cintura de Lucerys, com o outro ele segurou a mandíbula dele, com força. -Olhe para mim. Seu tom soou autoritário. O aperto firme na mandíbula de Lucerys o obrigou a olhá-lo. -Mantenha o seu olhar em mim, enquanto você fala...
A chuva incessante ainda caia sobre eles, a tempestade parecia segui-los de alguma forma, era como se eles fizessem parte dela. Os dois dançavam na chuva escura, dançavam em meios aos trovões e relâmpagos que com ele traziam um mau presságio.
Um som alto de trovão soou sobre a fortaleza vermelha, e de alguma forma Lucerys conseguiu relaxar o suficiente para falar as palavras que de fato seu tio queria ouvir. Junto ao estrondo do trovão ele falou. Alto e claro olhando diretamente para o olho de Aemond.-Quando eu o machuquei aquela noite, eu nunca mais dormi uma noite inteira sem sentir remorço pelo que fiz, eu nunca mais consegui respirar sem lembrar do seu grito quando a minha adaga cortou o seu olho. Aemond ouvia atentamente as palavras de Lucerys. A chuva parecia já não incômoda-los mais.—Mas com tudo, eu ainda sentia medo, medo da sua irá, medo do seu ódio e mágoa por mim,medo de você me odiar para sempre. Por que mesmo com tudo isso... Lucerys fez uma pausa e mexeu uma de suas mãos, percorrendo com os dedos a cicatriz com a qual ele marcou para todo sempre a face de Aemond.
-Avy Jorraelan
Aemond desmoronou completamente com as últimas palavras pronunciadas em alto valiriano. A chuva ganhou força, ela já caia em grande escala, mas depois das palavras de Lucerys para Aemond. Ela pareceu ganha muito mais força. As mãos de Aemond escorregaram do rosto de Lucerys, ele deu um passo para trás ainda temendo não ter escutado bem. Lucerys também recuou. Os dois permaneceram se olhando por algum tempo, eles provavelmente ficariam doentes no dia seguinte, já que estavam a tanto tempo em baixo da chuva.
Lucerys juntou suas mãos nervosamente, se ele não tentasse ficar calmo ele morreria ali mesmo. O terror que ele estava sentido era inexplicável, mas pra uma melhor noção, ele só estava com medo de Aemond matá-lo por dizer algo como aquilo. Mas essa era a verdade que ele queria ouvir. Aquela era a única verdade. Com um tom suplico e nervoso ele sussurrou tentando obter alguma resposta.
-Tio
-NÃO...
O olhar que Aemond lançou para ele foi de raiva, ele agarrou Lucerys pelo pescoço encurralando ele contra o parapeito, suas mãos o sufocando, o deixando incapaz de respirar. Aemond pressionou seu corpo contra o de Lucerys enquanto botava toda a sua força em suas mãos afim de estrangular o garoto.
-Como ousa, depois de tudo Lucerys. O rancor em sua voz era tão nítido quando seu olhar de ódio.
Lucerys puxou todo o ar que ainda tinha para tentar responder alguma coisa, mas o aperto em sua garganta era forte, ele iria matá-lo, ele queria matá-lo.Mesmo com as mãos grandes de Aemond o estrangulando Lucerys sussurrou algo em sua defesa.
-Você queria a verdade, essa é a minha verdade. Tio. Agora me diga, qual é a sua verdade. Tudo aquilo seria em vão, Lucerys sabe, desde o momento que aquelas simples e verdadeiras palavras saíram de seus lábios, que tudo aquilo seria em vão. Aemond se sentiu desafiado, com isso ele pôs mais força sobre o pescoço de lucerys. O caolho moveu os lábios lentamente num gemido de frustração.
-Você quer a minha verdade, sobrinho. Então eu darei ela a você. O olhar de Aemond subiu novamente sobre o olhar assustado do jovem Strong.
-Eu tenho tido sonhos com você, todas as noites desde que você me mutilou aquela noite.-Em meus sonhos, em meio a uma forte tempestade nos céus do castelo de ponta tempestade montado em Vhagar... ele fez uma pausa dramática para observa o olhar aterrorizado de Lucerys enquanto ele ouvia a sua verdade.-Na tempestade Vhagar devora Arrax, enquanto eu, apenas observo o seu corpo cair sobre o mar da baía. As últimas palavras de Aemond foram frias, sem emoção, porque ele ainda era Aemond, o que só queria vingança pelo seu olho arrancado.O coração de Lucerys doeu quando a morte de seu dragão foi dita de forma tão fria dos lábios de Aemond, ele não temeu por ele, mas sim por seu dragão. Lucerys chorou, fortes lágrimas escorreram por seu rosto caindo sobre as mãos de seu tio que ainda permaneciam em seu pescoço. Aemond pressionou o pescoço de Lucerys outra vez, agora gritando em alto valiriano...
-eu sei que você sabe, o que são esses sonhos. Lucerys. Aemond aproximou-se do rosto de Lucerys, os dois estavam respirando juntos uma fração de sentimentos tempestuosos passando entre as duas faces. Os cílios de Lucerys se moveram para cima e para baixo quando ele sussurrou a resposta.
-Assim como Daenys Targaryen, seus sonhos são um mau presságio. No fim eu morrerei pelas suas mãos, tio.
Aemond largou o pescoço de Lucerys, que caiu no chão buscando todo o ar que podia para seus pulmões. O garoto levou suas mãos até o pescoço onde tinham as marcas das mãos de Aemond. Lucerys olhou com dor para Aemond. O caolho o olhou uma última vez antes de sair e deixá-lo ali sozinho.
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Presságio
FanfictionSonhos tem um forte significado para os Targaryen, sonhos podem significar o começo de uma profecia, ou até mesmo a destruição. Sonhos que parecem mais um pesadelo atormentam os belos sonhos do príncipe Aemond Targaryen. "Nos céus a tempestade caía...