- Dezenove! - Legolas gritou, enquanto atingia um orc com seu arco. Eu apenas revirei os olhos, me voltando para a batalha.
Enquanto eles continuavam contando, ouvi um grito, e me virei para ver Aragorn apontando para algo a distância. Assim que olhei naquela direção, vi um grupo de orcs se aproximando pela passagem que dava acesso à entrada principal. Os primeiros da fila mantinham seus escudos a frente, enquanto o resto os erguia acima da cabeça, para se protegerem contra nossas flechas.
Ao comando de Aragorn, atirávamos flechas contra o grupo que se aproximava cada vez mais. A proteção de escudos não era completamente impenetrável, e com boa mira era possível acertar os espaços entre os escudos. Consegui derrubar alguns orcs, e outros caíram sob as flechas de outros arqueiros, mas era impossível derrubar todos antes que chegassem a porta.
Pensei imediatamente que eles não teriam como passar pela porta. Mas assim que eles se aproximaram mais, pude perceber qual era seu plano.
Eles levaram uma espécie de bola de ferro, cheia de espinhos para a grade dos esgotos, que levavam diretamente para dentro da muralha. Colocaram outra logo após a primeira, e então se afastaram para os lados, abrindo um caminho entre eles.
Outro orc surgiu, carregando uma tocha acesa em suas mãos. Ele corria rapidamente em direção à grade, enquanto os orcs ao redor gritavam em apoio, e foi quando eu percebi o que acontecia.
As bolas de ferro eram explosivos, e a tocha que o orc carregava estava prestes a detoná-los.
Aragorn, assim que percebeu o que se passava, gritou:
- Togo hon dad, Legolas, Aerin! Dago hon! (Legolas, Aerin, parem ele! Matem-no!)
Eu imediatamente peguei uma flecha, e mirei no orc que corria. Respirei fundo, me forçando a me acalmar, e manter o arco firme. Mas, exatamente no momento em que eu ia soltar a flecha, algo me puxou para trás, fazendo com que eu caísse de costas no chão.
Um orc se ergueu acima de mim, um machado erguido em suas mãos. Não parei para pensar. Ao mesmo tempo em que a lâmina dele descia, eu rolei para um lado. Me levantei rapidamente, me virando de frente para a criatura. Mas no exato momento em que eu ia atingi-lo, um barulho ensurdecedor soou.
Olhei ao redor, apenas para ver uma grande parte da muralha caindo aos pedaços, em uma explosão de fogo. Ao mesmo tempo, o grupo de orcs que ia em direção ao portão principal voltou a avançar. As flechas lançadas contra eles não foram o suficiente para pará-los, antes que chegassem até o portão. Imediatamente eles se afastaram para os lados, e pude ver o que escondiam sob aquela proteção.
Eles levavam um aríete.
Ouvi a voz de Théoden, gritando para que protegessem o portão. Os orcs se aproximaram, batendo o aríete contra a porta.
Enquanto isso, mais orcs entravam pelo muro destruído. Ouvi Gimli gritando o nome de Aragorn, e pulando para baixo da muralha. Imediatamente tive uma ideia.
Me aproximei da escada mais próxima a onde o muro havia sido destruído. Naquela parte, alguns arqueiros ainda tentavam impedir a subida dos orcs. Passei reto por eles, subindo na amurada de pedra com um único salto. Olhando para baixo, vi cerca de uma dúzia de orcs subindo apressadamente.
Matei o mais próximo deles, que já tentava passar pela amurada. E então coloquei meu pé sobre uma das bordas da escada, vendo se ela ainda estava firme o suficiente.
Isso é loucura. Foram as últimas palavras que passaram por minha mente, antes que eu respirasse fundo, e empurrasse a amurada com meu outro pé, me equilibrando para cima da escada, enquanto ela tombava para o outro lado.
Os orcs que ainda subiam a escada guincharam, enquanto caíam velozmente, e eu me preparava em poucos segundos para o impacto. Assim que atingi o chão, rolei para o lado para amortecer a queda, enquanto o resto dos orcs eram esmagados pelo peso da escada sobre eles.
Corri para o buraco aberto na muralha, e imediatamente vi Aragorn se levantando em meio aos destroços, com Gimli ao lado dele. O anão correu em direção aos orcs que se aproximavam, enquanto Aragorn gritava para que ele voltasse.
Gimli não parou, acertando os orcs repetidas vezes, até ser derrubado em uma poça da água. Aragorn gritou para que os homens atrás dele preparassem os arcos, e logo os arqueiros, que antes estavam dentro da muralha atirando sobre ela, agora dirigiam suas flechas para o grupo de orcs que se aproximavam rapidamente.
Olhei em volta, e meu coração se encheu de alívio ao ver Legolas ao longe. Ele correu em direção às escadas de pedra da muralha, com um dos escudos dos orcs na mão. E então, jogou o escudo sobre a borda e subiu nele, surfando sobre a escada até o chão, tudo enquanto atirava flechas repetidamente contra os orcs.
Corri até ele, atacando os orcs que nos cercavam.
- Exibido! - Gritei para ele sobre os sons da batalha, tirando um sorriso do elfo.
- Eu? - Ele perguntou - E quanto a você? Acha que não vi o que fez com aquela escada?
Eu ri, enquanto nós corríamos até o centro da batalha, onde Aragorn liderava os homens para a luta, ao mesmo tempo em que puxava Gimli da poça de água onde havia caído.
Continuamos lutando fervorosamente, mas eu logo percebi que estávamos em apuros. Nossos números eram muito inferiores aos dos orcs, e cada vez essa diferença se tornava mais notável. Pude ouvir a voz de Théoden cortando o ar.
- Aragorn, volte para o castelo! Tire seus homens daí!
Na mesma hora ele atendeu ao chamado, ordenando aos homens que recuassem.
- Am Marad! (Para o portão!) - Ele gritou - Nan barad! Haldir! Nan barad! (Recuar, Haldir! Recuar!)
Assim que ouvi o nome do elfo, me virei para a direção em que Aragorn gritava. Vi Haldir no topo da muralha. Ele assentiu ao comando de Aragorn, e passou a gritar também para que os elfos recuassem.
E foi nesse segundo, que a guarda dele baixou. Um Uruk se ergueu por trás dele, erguendo sua espada lentamente.
- Haldir, tiro! (cuidado) - Foi tudo que tive tempo de gritar, mas era tarde demais.
Ao mesmo tempo em que os olhos de Haldir encontravam os meus, a espada nas mãos do orc desceu em um arco rápido, atingindo o elfo direto nas costas.
Mal ouvi o grito que saiu de meus lábios. Eu então corri. Corri mais do que já me lembrava de ter feito antes. Subi as escadas de pedra da muralha, empurrando todos os orcs em meu caminho, até chegar aonde vira Haldir cair. Ele estava lá, deitado no chão.
Eu me ajoelhei ao lado dele, deitando-o sobre minhas pernas. Ele ainda respirava, fracamente, e seu olhar parecia vago.
- Aragorn, boe enni dulu! (preciso de ajuda!) - gritei - iesten! (por favor!)
Eu vi Aragorn se aproximando de mim, enquanto algo puxou a manga de minha blusa. Era Haldir.
- Brennil nín... (minha dama) - Ele disse. Sua voz era fraca, não mais que um sussurro - Avaro naeth. (não se preocupe).
- Não... - Eu sussurrei, apertando a mão do elfo, mas ele me interrompeu.
- Harthon gerithach lend vaer. (espero que tenha uma boa jornada.) - Ele fez uma pausa, tentando tomar fôlego, seus olhos fixos nos meus - 'Law lîn síla sui Ithil (seu brilho é como o da lua).
- Haldir... Naethen (eu sinto muito). - Eu disse. E enquanto seus olhos se fechavam pela última vez, o brilho aos poucos deixando seu olhar, eu completei - Le maethor veleg a gornui. (você é um guerreiro poderoso e corajoso). Le hannon, mellyn nín (obrigada, meu amigo).
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O Retorno do Anel #2
FantasyA sociedade está separada. Aerin carrega um grande segredo, que além de cultivar seu medo, carrega seu destino iminente. Agora longe de Frodo e Sam, ela segue um caminho diferente na guerra do anel, partindo em busca de seus amigos capturados. Enqua...