Com uma leve discussão sobre o preço do kimono de Kuki, os jovens voltavam a caminhar pelas ruas, agora sem ninguém olhar estranho para a sacerdotisa. No final das contas, as 15.000 moras de Heizou valeram a pena.
Pararam em algumas tendas que haviam por perto para esperimentarem alguns quitutes como: ramen, takoyaki, yakisoba, ponzu, gomadare, udon, nakemo, entre outros que poderiam saciar suas fomes. Tudo na conta do detetive, é claro.
- Sinto como se eu pudesse hibernar depois de ter comido tantas coisas gostosa - dizia Heizou, terminando de dar uma mordida em sua sobremesa, o dango.
- Nunca havia comido udon antes, confesso que no começo o gosto era estranho, mas depois foi tendo um sabor explosivo na boca - respondia Shinobu levando a boca a sobremesa que havia pedido para o rapaz comprar para si, o dorayaki.
- Há sempre uma primeira vez para tudo - respondeu jogando o palito do dango no lixo mais próximo que viu.
- Quanto tempo falta para começar os fogos?
- Acho que daqui a uma hora irão começar. Ainda temos um tempinho pra aproveitar. O que quer fazer?
- Hm, deixe-me ver... - pensou enquanto terminava de comer sua sobremesa.
- PEGA LADRÃO! ELE ROUBOU MINHAS MORAS! - gritou uma mulher em prantos.
Antes que pudessem reagir, um homem passou por eles, se esbarrando na de cabelos verdes, por reflexo o Shikanoin a segurou para se equilibrar. Quando Kuki voltou seu olhar para ele, ela via uma feição estranha no mais velho, uma feição de surpreso, ou até mesmo... De assustado?
- Tudo bem, Heizou? - perguntou saindo dos braços do mesmo.
- O... Oh, desculpe, isso me fez lembrar de algumas coisas... - forçou uma risada, mas logo cessou e foi seguindo com o olhar o suposto ladrão - Eu já volto - disse o de cabelos bordô e antes que a garota pudesse dizer algo, o mesmo saiu correndo em uma velocidade fora do normal, provavelmente provocada por sua visão anemo.
O homem era ágil, se desviava com rapidez entre as pessoas e até mesmo pulava por muros baixos que via em seu caminho. Em sua mão, havia um saco recém roubado cheio de mora que segurava com força para não deixa-lá cair. Estava com um sorriso vitorioso no rosto de quem conseguiu o que queria. Porém, ao entrar em um beco - na intenção de despistar -, não esperava que uma rajada de vento o impossibilitasse de correr por um momento e logo o fizesse recuar para trás e caísse no chão.
- Mas o que...? - perguntou o homem, enquanto verificava se nenhuma mora havia caído.
- Essas moras não são suas, eu presumo - disse o detetive pulando de um telhado e parando em pé na frente do ladrão. Sua feição que antes era calma e sorridente, agora era fechada e com os olhos semicerrados.
- Dando uma de herói, garoto? Hah, não é minha culpa que a pessoa estava moscando e não percebeu.
- Eu irei dizer somente uma vez: Me dê o saco de moras. Você não vai querer se arrepender por isso - falou sério, levantou a mão direita, na intenção do homem lhe entregar o que foi pedido.
- Se isso era para me intimidar, não deu nenhum pouco certo - retirou da bainha de sua calça, uma faca apontando para Heizou - Esse seu poderzinho de vento não vai me afetar duas vezes.
Com isso dito, o homem partil para cima do Shikanoin, que por sua vez se desviava sem muita dificuldade dos ataques. O ladrão tentava de tudo para fazer um simples arranhão, mas nem se aproximar o suficiente do corpo do detetive conseguia.
- Essas moras agora são minhas!
Aquilo foi a gota d'água para Heizou. Talvez por ser portador de uma visão anemo, os movimentos do homem a sua frente pareciam estar em câmera lenta. Ele percebeu a faca vindo novamente na sua direção, de encontro a sua barriga, rapidamente segurou o pulso do ladrão, este que ficou sem reação e acabou por soltar o objeto. Aproveitou essa distração para dobrar seu joelho direito bem na direção do estômago do homem, o golpeando. Pode ouvir um grunhido de dor vindo do mais velho que pos suas mãos na barriga tentando de alguma forma impedir que doesse menos, Heizou se afastou ficando em uma posição de ataque, caso o ladrão fosse fazer algo.
- Eu disse que você não iria se arrepender se me desse as moras, mas não me escutou - disse o rapaz calmo, mas sua expressão ainda era séria.
- Seu filho da puta.... - dizia entre os dentes, a dor era grande, mas seu orgulho de ter sido humilhado por alguém mais novo, doia ainda mais. Ele não iria deixar barato.
Olhou para o chão, a faca estava caída em sua frente. Deixando uma mão na barriga, a outra mão tentou alcançá-la, mas antes que conseguisse, um soco foi desferido em seu rosto por Heizou, um soco tão forte que o ladrão foi jogado para fora do beco rolando algumas vezes no chão, ficando totalmente desnorteado. As pessoas que passavam por ali começaram a se perguntar o que estava acontecendo.
Heizou saiu do beco, em suas mãos havia o saco de mora que havia caído do ladrão após o soco, murmúrios começaram a pairar no pequeno círculo de pessoas que se formava em torno dele e do ladrão.
Uma sensação horrível pairou pelo corpo do Shikanoin, já havia presenciado isso antes. Lembranças nada agradáveis corriam em sua mente, sentia-se mergulhado novamente ao passado, mergulhado naquele fatídico dia.
No meio da multidão que se formava, a figura de Shinobu se fez presente, juntamente com a mulher que havia sido roubada e dois membros da comissão Tenryou. Os homens se aproximaram do homem que não reagiu e somente se deixou ser levado por eles para longe dos olhares curiosos das pessoas.
- Heizou! - disse a sacerdotisa se aproximando do mesmo que tinha um olhar distante, pôde ver pequenas gostas de suor se formando pelo seu rosto - Você está bem? - perguntou preocupada pondo a mão no ombro do mesmo.
Aquele toque fez o detetive voltar a realidade e olhar para a de olhos roxos.
- Shinobu?! Quando que você chegou aqui?
- A algum tempo. Depois que você me deixou plantada, acabei me encontrando com a mulher que teve as moras roubadas - apontou com o queixo para a mulher que via tudo com uma expressão aflita - e no meio disso, alguns membros da comissão Tenryou também. Seguimos na direção em que você havia ido e não demorou até ver a multidão parada aqui - explicou cruzando os braços.
- Ah... Foi mau ter te deixado sozinha, mas como detetive da comissão, não podia ficar parado sem fazer nada. Inclusive... - foi na direção da mulher - Aqui, suas moras - entregou para a mesma que suavizou o rosto.
- Muito obrigada, essas moras foram tudo o que consegui com o meu trabalho - sorriu sem mostra os dentes - Minha eterna gratidão - se curvou.
- Não há de que - sorriu de lado.
Aos poucos as pessoas foram indo embora comentando sobre o que ocorreu, a mulher foi embora acenando para os jovens que retribuiram o gesto.
- Você não está bem - disse Shinobu assim que a mulher se foi.
- Oi? - a olhou.
- Eu disse que você não está bem - virou para o mais velho.
- Mas eu estou ótimo! - forçou um sorriso
- Heizou... Eu vi o seu olhar pra tudo aquilo, com certeza não era o olhar de alguém que estava ótimo - suspirou - Estou dizendo isso, porque estou preocupada com você. Não guarde tudo pra si mesmo - o olhou bem no olhos.
Aos poucos seu sorriso sumiu, o Shikanoin sentia um nó em sua garganta, claro que ele não estava bem, a dor estava o corroendo por dentro. Se não botasse pra fora o que sentia, poderia ser ainda pior. Se dando por vencido, ele deu um suspiro pesado.
- Vamos... Conversar em outro lugar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma Noite Por Inazuma
FanfictionAntes de se tornar vice-líder da Gangue Arataki, Shinobu era uma simples sacerdotisa no Santuário da Ilha Narukami. Porém fazer as mesmas tarefas todos os dias, era uma monotonia que parecia não ter fim. A garota queria ao menos poder ir até a cidad...