•veinticinco•

5.3K 491 305
                                    

Eu andava de um lado para o outro na recepção do hospital. Quando me deparei com minha vó caída no chão do corredor não pensei duas vezes em ligar para a ambulância, felizmente eles vieram o mais rápido possível. Meus pais ainda estavam à caminho, mas a viagem iria demorar um pouco, então só restava eu e Miguel para saber como minha vó estava.

— Mi amor, senta um pouquinho – Miguel tocou em meus ombros – Daqui a pouco os médicos aparecem para dar notícias.

— Desculpa, amor, mas isso 'ta tirando minha paz – eu suspirei passando a mão na minha testa – Essa demora, parece que eles estão enrolando para contar o que ela teve.

— Mas nós acabamos de chegar no hospital, fica calma – o moreno me abraçou de lado e me puxou para sentar em um dos bancos.

Miguel se levantou para ir buscar água para mim, eu estava muito nervosa pois nunca havia passado por tal situação sozinha, e também estava com medo de algo acontecer com a minha vó.

— Liz Valentin? – um médico me chamou na porta da recepção e eu me levantei indo até ele.

— Sou eu, alguma notícia sobre minha avó? – eu mexia os dedos freneticamente de ansiedade.

— Sua vó sofreu um princípio de infarto, mas por bem pouco ela não sofreu de fato o infarto. Vamos torcer para que ela não dependa de aparelhos médicos nos próximos anos – quando o médico disse essas palavras, eu senti o chão cair e eu ficar em breu, um beco sem saída, uma escuridão sem luz no fim do túnel.

— Mas o que pode acontecer se ela sair dos aparelhos? – eu perguntei com a voz trêmula.

O médico apenas suspirou fundo e balançou a cabeça negativamente, eu sinceramente não sabia o que pensar sobre essa resposta que ele me deu, mas era tão óbvia. Meus joelhos falharam, eu ia de encontro ao chão mas senti dois braços me segurarem por trás, o Miguel estava ali me segurando, era o que ele sempre fazia. Miguel era meu porto seguro.

O médico apenas murmurou um "sinto muito" e saiu de lá. Quando a ficha finalmente caiu, eu chorei, chorei até sentir meu coração doer e minhas narinas entupidas. Miguel me abraçou forte, eu me senti livre para chorar nos braços dele, ele apenas passava a mão em minha cabeça enquanto sussurrava palavras de afirmação. Meu mundo estava se partindo ao meio.

Miguel me levou para comer em um restaurante dentro do hospital, mas eu estava zerada de fome e se colocasse alguma coisa na minha boca talvez eu vomitaria ali mesmo. O moreno comia em silêncio, apenas parava para me mandar comer, mas em todas as vezes eu negava.

— Liz, só uma garfada – Miguel pegou o garfo e entregou para mim, mas eu apenas devolvi para ele.

— Sério, Miguel, eu não 'tô com fome – eu bufei e olhei para a porta de vidro que dava a visão do lado de fora do restaurante.

Algumas pessoas passavam de um lado para o outro, tanto pacientes quanto visitantes. Observei um pouco melhor e vi meus pais na recepção, eu apenas levantei e sai correndo até eles. Miguel me seguiu sem entender nada, mas quando viu meus pais ele suspirou aliviado.

— Mãe! Pai! – eu abracei os dois ao mesmo tempo – Ela 'ta muito mal.

— Mas você conseguiu visitá-la? – minha mãe perguntou com a respiração ofegante.

— Eles não deixaram, ainda iriam fazer alguns exames para ver se tem mais alguma coisa.

— Mas o que sua vó teve? – meu pai perguntou.

— Princípio de infarto.

— Aí, meu Deus! – Minha mãe se virou com as duas mãos na cabeça.

BOUND. || Miguel Cazarez Mora Onde histórias criam vida. Descubra agora