•veintiseis•

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Estava deitada nos bancos do pátio da escola, era aula vaga e alguns alunos foram para a biblioteca e outros para a quadra. Vi minha avó ontem, no domingo, ela estava melhor, mas ainda tinha um pouco de dificuldade para falar. Eu ainda pensava no que Bárbara havia me falado no sábado, mas eu tentava ao máximo não pensar naquilo.

Uma sombra cobriu o meu rosto e eu abri os olhos lentamente, dando de cara com Javon me inclinado e me encarando. Obviamente eu me assustei e levantei rapidamente, batendo sem querer minha testa com a dele.

— Javon! O que você estava fazendo? – eu falei passando uma mão na testa.

— Eu pensei que você estava passando mal, o tempo está fechando e provavelmente vai chover mais tarde – ele passou a mão na testa e se sentou ao meu lado.

— Muito obrigada pelo aviso, meteorologista! – eu falei irônica e ele sorriu cinicamente – Você não tem treino? O que 'ta fazendo aqui me incomodando?

— Eu vou voltar agora, só passei para buscar água – ele balançou a garrafinha de água na minha frente e se levantou – Você deveria tomar mais cuidado.

— Com o que? – eu semicerrei os olhos.

— Com a Cloe – no momento em que o Javon falou o nome daquela garota eu senti minha barriga doer – Ela anda invadindo o vestiário masculino dando a desculpa que só foi levar toalhas novas, mas eu sei que isso é para ver o Miguel.

— E por que diabos vocês não contaram isso para ninguém? – eu perguntei indignada.

— Mais do que a gente contou, mas eles só falam que ela nos ajuda e que nós deveríamos ser mais gratos por ter alguém que se preocupa com a gente – Javon revirou os olhos e suspirou fundo – 'Ta afim de ver seu namoradinho jogar?

— Melhor não, alguém vai me denunciar para a direção – eu voltei a me deitar no banco e Javon saiu.

Sobre a Cloe estar ajudando os garotos no futebol me incomodava um pouco, ela não é flor que se cheire e muito menos o Javon, não duvido nada que ele me disse aquilo para me provocar. Mas também pode ter sido ele que pediu que a Cloe ajudasse os garotos, porque ele sabe que ela gosta do Miguel.

Um dos professores da escola me chamou para entrar porque começou a chover e já tinha um professor na sala.

Depois da escola minha mãe me levou para o hospital, minha vó já conseguia falar e isso foi o motivo da minha felicidade. Ela ama pêssegos, então eu levei pêssegos, escondido dos médicos, para ela.

— Sabe, vó, tem umas coisas na escola me incomodando – eu cortava os pêssegos em pedaços para que a mais velha comesse – Tem uma garota agora que fica tomando conta dos garotos do futebol, mas principalmente do Miguel. Eles não têm mais idade para ter babá, não sei pra que.

— Você confia no Miguel? – ela perguntou com as sobrancelhas arqueadas.

— Sim, óbvio.

— Não há motivos para você ficar desconfiada – a mais velha levou um pedaço de pêssego até minha boca – Se você confia no Miguel, pode ficar tranquila. Porque quando é algo recíproco, traz paz e não insegurança.

— Você tem razão, vó. Você sempre tem razão – eu sorri com as bochecha cheias – Mas a Bárbara me disse uma coisa que me deixou triste e desconfiada.

— O que ela disse?

— Ela disse que o Miguel só me pediu em namoro por pena – eu abaixei minha cabeça – Isso alugou um triplex na minha cabeça, não consigo pensar em outra coisa.

BOUND. || Miguel Cazarez Mora Onde histórias criam vida. Descubra agora