BOUND. || Miguel Cazarez Mora

•diecisiete•

Miguel Pov's

Depois de ter me resolvido com a Liz, minha mãe me chamou para jantar fora, em uma lanchonete qualquer no centro da cidade, para conversar e passar mais tempo juntos.

— Ouvi falar que o lanche daqui é muito bom! Vai querer o que? – minha mãe me perguntou segurando o cardápio.

— Acho que vou querer fritas com bacon e um hambúrguer de cheddar – eu passei o dedo indicador no cardápio escolhendo alguma bebida – E para beber eu quero um suco de laranja.

— Vou fazer nosso pedido – minha mãe chamou o garçom que logo veio e anotou tudo. Depois de um tempo, os pedidos chegaram.

— Isso aqui 'ta muito bom! – eu falei com a boca cheia e minha mãe repreendeu.

— ¡Ten más educación, hijo! – ela deu um tapinha na mão e eu ri.

— Desculpa, mamá – ela sorriu fraco e me olhou nos olhos de uma forma estranha – O que foi?

— Nada – ela desviou o olhar e respirou fundo.

— Eu sei que não é nada. O que aconteceu, mãe? – eu perguntei preocupado.

— É que você está tão feliz vivendo a vida que sempre quis, não é?! Tem uma namorada, um time de futebol...

— Mãe, pula essa parte! – eu já estava perdendo a paciência, sabia que tinha algo acontecendo e ela estava enrolando para me contar.

— Se lembra que você fez aquela inscrição para uma bolsa de estudos no México? – minha mãe engoliu em seco.

— Sim, eu me lembro. O que tem ela? – franzi a testa e apoiei os cotovelos na mesa.

— Você está na lista de espera para uma vaga na escola – os olhos dela começaram a transbordar – Você foi aprovado.

Eu tinha total me esquecido sobre essa bolsa, faz tanto tempo que eu fiz a inscrição que eu nem me lembrava mais. Eu queria estudar no México para ficar mais perto da minha família, mas eu também vou ter que ficar longe da minha família que mora aqui.

Quando eu conheci os meus amigos, eu conheci o real significado de família.

— Eu não sei se quero ir – meus olhos vagavam pensando que iria começar tudo de novo.

— Você pode desistir, mas lembre-se da sua família que mora lá – ela segurou minha mão me fazendo olhá-la – Eu sei que você não quer ir por causa dos seus amigos e da Liz.

— É – eu desviei meu olhar novamente e ela apertou minha mão – Mas eu queria ficar mais perto da nossa família também.

— Você não precisa se preocupar com isso agora, a vaga nem saiu ainda – ela sorriu tentando me acalmar – Até lá tem chão, meu amor. Independente do que você escolher, eu quero que te faça feliz.

— gracias, mamá – eu segurei suas duas mãos e aproximei elas do meu rosto, depositando um selar em cada uma.

★

No dia seguinte, depois da aula, eu fui para a casa da Liz assistir alguma coisa com ela. Porém, eu mal prestava atenção no filme, só conseguia pensar em como a Liz ficaria caso eu fosse embora.

— Essa é a melhor parte! – Liz riu de alguma cena do filme e desviou o olhar para mim – Você viu?

— Oi? Ah, sim! Muito engraçado! – eu dei uma falsa risada e Liz voltou a ficar séria.

— Eu menti, essa cena não foi engraçada – eu voltei a ficar sério e olhei para o chão – O que 'ta acontecendo? Você nem parece estar aqui.

— Não é nada, amor... – eu notei que ela não acreditaria nisso, então inventei outra coisa – Eu só ando meio preocupado com o desenvolvimento do time, o campeonato está chegando e treinamos bem pouco por causa das aulas.