BOUND. || Miguel Cazarez Mora

•seis•

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Me surpreendi assim que entrei em casa. Meu pai estava no sofá e parecia estar com raiva.

- Liz, sente-se aqui. - Ele falou sem olhar para mim. Eu já imaginava o que ele queria.

- O que foi, pai? - Me fiz de desentendida.

- Você sabe muito bem o que foi. - Ele olhou para mim. - Aqui nesta casa temos regras, você só tem que fazer uma coisa: segui-las. Mas tudo o que você faz é bancar a rebelde e chegar a hora que quer em casa!

- Querido, calma! - Minha mãe suplicou.

Eu mantinha minha cabeça baixa. Já esperava o que iria acontecer, mas eu só queria me divertir um pouco, o que custa?

- Ela precisa aprender! Olha para mim. - Levantei minha cabeça e olhei para o mais velho. - Você está de castigo! Sem sair de casa, de casa para escola e da escola para casa! Entendeu?

- Sim. Posso ir pro meu quarto?

- Pode. - Meu pai se levanta e aponta para a direção do meu quarto.

Me levantei e subi as escadas. Pude ouvir minha mãe discutindo com meu pai sobre como ele é rígido, talvez ele não tenha recebido amor suficiente quando era criança.

Me despi, coloquei um pijama e me deitei na cama, não demorou muito para que eu caísse no sono.

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- Gente, eu estou de castigo. Só posso ir para a escola e voltar. - Falei enquanto comia uma pequena salada de frutas.

- Só porque você chegou 23h? - Becca praticamente gritou desacreditada.

- Infelizmente meu pai é bem conservador, ele nem sabe que eu "namoro". - Fiz aspas com as mãos, as meninas já sabiam sobre o namoro falso, mas só elas.

Meu pai, por incrível que pareça, chegou cedo em casa na noite anterior, justo ontem. Eu estava contando que ele só voltaria durante a madrugada, mas não foi o que aconteceu, ele é bem rígido com esse negócio de horário e não perdoa. Só posso chegar em casa antes das 22h quando ele está em casa, se eu demorasse mais um pouquinho conversando com Miguel, talvez eu teria dormido na rua.

Não sei como, mas ele não viu Miguel conversando comigo na noite de ontem, muito menos a bicicleta que estava guardada na garagem. Ele é tão preocupado com o trabalho que às vezes esquece que existe filhos, esposa, família, mundo real.

- Pelo visto não vai ter festa do pijama das segundas-feiras. - Maddy se debruçou na mesa.

- Infelizmente, Madeleine. - Passei uma mão em suas costas, como apoio emocional.

- Logo hoje que vai ter jogo, que saco. - Becca bateu a mão na mesa choramingando.

- Infelizmente eu não vou poder ficar, mas vou estar torcendo por eles de casa.

Sorri meio desanimada. Ter um pai rígido igual o meu é péssimo, não posso fazer nada que eu quero, somente na presença da minha mãe.

★

Eu voltei para casa sozinha, como sempre, mas estava chateada por não ficar para ver o jogo. Me sinto como um pássaro preso numa gaiola, às vezes eu gostaria que minha vida fosse só eu e minha mãe

- Mãe! Cheguei! - Anunciei assim que abri a porta.

- Oi, filha! - Minha mãe gritou da cozinha.

Fui até a cozinha, minha mãe estava fazendo o jantar provavelmente. Mas por que tão cedo?