Sk8er Boy I OhmNanon

• Capítulo 3 •

Seu corpo está deitado na pista de skate e ele respira de forma acelerada. O suor toma conta da base das suas costas e da sua testa evidenciando a exaustão em relação ao seu treino e o calor insuportável que parecia não dar trégua naqueles dias.

Já faz duas semanas desde que Nanon não conseguiu bater Sea na competição que teve, mas ainda assim ele se esforçava ao máximo para que evoluísse sempre. Ele já demonstrava melhora em algumas manobras, o que lhe deixava esperançoso em relação a um possível patrocínio.

Ele nota uma sombra tomando o espaço que antes o sol cobria. Sua mão cobre seus olhos para que consiga enxergar a figura de pé a sua frente. Neo estava sorridente com seu boné azul e amarelo, encarando o amigo.

— Não vai levantar daí, não? — Nanon passou a mão na testa, afastando os fios de cabelo grudados bem ali e riu breve.

— Estou cansado, cara. — Neo ofereceu a mão para que Nanon pudesse ter uma ajuda ao levantar, então ele o fez, logo em seguida ajustando a camiseta que vestia.

— Eu notei, você se desgastou muito hoje, toma! — Neo ofereceu uma garrafa de plástico com água. Bem gelada.

— Cara, você é incrível! — O amigo riu. Nanon abriu rapidamente o objeto, sentindo o líquido refrescante em sua boca e garganta. Sua respiração melhorou aos poucos.

— Não tem essa, Nanon. Você foi ótimo hoje, só que eu acho que já tá na hora de você se preparar para o trabalho. — Ele concordou, erguendo o skate do chão e segurando-o contra o seu corpo.

— Verdade. Acho que vou lá, ok? A gente se vê amanhã, combinado?

— Fechado, amigo! — Nanon piscou para Neo, sorrindo e se despedindo dele.

•••

O cheiro familiar daquele sorvete de chocolate era tão bom que fazia Nanon sentir sua barriga roncar. Tinha uma desvantagem em trabalhar em uma sorveteria tão variada como aquela, porque tudo o que preparavam era de encher os olhos de tão bem feito.

Não era um espaço luxuoso, mas era confortável e atendia todos os clientes muito bem, exceto como naquela tarde em que Nanon anotou corretamente o pedido de alguém e quando foi entregar à mesa em que a pessoa se encontrava foi tratado tão mal. Uma mulher, provavelmente próximo dos seus quarenta anos não gostou do que encontrou, exigindo que o pedido fosse refeito.

— As bolas de sorvete estão praticamente derretidas nas bordas, não vou comer isso. Me traga novamente o que eu pedi. Quatro bolas de sorvete de chocolate! — A voz nasal daquela figura de cabelo curto castanho claro e acomodada com um conjunto de roupa bonito e bem passado exigia demais. O sorvete estava no ponto e claramente dava para ver que não era para aquilo, mas Nanon engoliu a reclamação.

— Tudo bem, senhora, com licença que eu vou trocar o seu pedido e refazê-lo.

Ele pegou a taça de vidro do sorvete e foi preparar novamente como a cliente havia pedido. Enquanto isso, Tay, o jovem que trabalhava com ele no estabelecimento se espantou com o que tinha acontecido.

— Cara, isso tá perfeito. Não acredito que ela pediu pra você refazer isso. — Nanon deu de ombros, porque tinha aprendido que o cliente era prioridade.

— Infelizmente eu vou refazer, ainda bem que tem outra caixa do sorvete que está quase congelada, mas que dá pra retirar o pedido dela. Com esse calor, não tem como, mas aparentemente querem que a gente faça milagre, então.

— Difícil, mas tenho certeza que agora ela vai gostar de verdade. — Nanon encarou a mesma taça de sorvete agora do jeito que provavelmente a cliente gostaria, com as mesmas coberturas, biscoitos e doces em cima.