Suas pernas continuam tremendo à medida que ele segue o corpo escultural de Ohm Pawat que está na sua frente andando a passos pesados. Nanon estava com medo de ter dito demais, mas não se arrepende, porque sabe que ele tem que se valorizar seja onde estiver, numa pista de skate ou na frente de um computador.
Quando adentrou o escritório de Ohm, no qual esteve quando passou na entrevista e teve um pequeno embate com seu futuro chefe antes mesmo do dia presente, ele suspirou como se fosse a primeira vez e seus ombros estavam pesados. Parado no meio da sala, Ohm apoiou-se na mesa de vidro e cruzou os braços.
— Quem você pensa que é, Nanon Korapat? — Começou bem, bem mal. Nanon travou a mandíbula e sabia que alguma coisa relacionada a esse tipo de pergunta iniciaria aquele momento em que teria que enfrentar o homem que até o instante não queria contato algum.
— Quem eu penso que eu sou por falar a verdade? — Nanon riu brevemente, sem entender muito bem o que Ohm queria com aquilo.
— Eu sou o chefe aqui e é apenas o seu primeiro dia. Quero deixar algumas coisas claras antes que vire bagunça. Sou eu quem dito regras aqui, sou eu quem cuido deste lugar e você é meu funcionário. Não venha pra cima de mim dizer que você está sendo desrespeitado, porque eu estou tratando você como qualquer outro.
Nanon não entendeu muito bem aquilo. Ele acabou de vivenciar um pouco do que é ser desrespeitado e ignorado, e ainda é capaz de ouvir esse tipo de coisa?
— Então você cuida muito bem dos seus funcionários, hein? Muito bem. — Desta vez Ohm se desencostou da mesa e se aproximou de Nanon, ficando a apenas centímetros do seu corpo. Seus olhos castanhos o fuzilavam.
— Tome cuidado em como você se dirige a mim, ok? Não sou seus amigos e eu posso te mandar embora a hora que eu bem entender, então não me venha com ironia.
— Eu por acaso menti? — Ohm hesitou e não disse nada por um instante. Nanon não conseguia parar de olhar para os olhos do próprio chefe. — Eu só quero respeito, ok? Eu não estou te exigindo nenhum tratamento especial, mas é realmente difícil trabalhar assim. — Ele não queria deixar a lágrima escorrer por sua bochecha, então Nanon engole seco.
Ohm ficou estático, só dava para ouvir a sua respiração e Nanon ainda ficou engolindo sua saliva com dificuldade na sala completamente silenciosa.
— Olha, Ohm. Eu derrubei café na sua camisa perfeitamente passada e pedi desculpas na hora, eu não sou rico como você e agora como meu chefe eu esperava que tudo o que aconteceu ficasse para trás. Só quero ser bem tratado e fazer o meu trabalho, ok? Não espero nada demais.
— Não dirija a palavra pra mim como fez no restaurante, entendido?
— Eu não vou ficar quieto quando você me deixar pra baixo se é isso o que você pensa. — Nanon deu um sorriso fraco em direção a Ohm que ficou confuso com aquela frase. Um funcionário respondendo seu chefe é como uma missão suicida.
— Espero que você me surpreenda, skatista. E que acima de tudo, saiba dividir as coisas a respeito das suas responsabilidades.
— Você ainda vai desejar nunca ter me conhecido, Ohm. Ou melhor, talvez vai se arrepender de ter sido tão duro comigo.
— Por que diz isso? Eu tenho ideias bem definidas sobre as pessoas, skatista.
— Não ache que me conhece tão bem assim só porque eu fico em cima de um objeto de madeira com rodinhas, eu vou te surpreender.
— É? Ótimo. Me entregue um projeto de design para nossa própria agência e depois podemos conversar. Você tem um dia para me entregar, porque eu quero saber se te contratar não foi a pior coisa que eu fiz.
Nanon piscou e soltou o ar, se afastando de Ohm. Ele tinha uma missão muito desafiadora, mas sabia que mesmo que aquele fosse seu primeiro dia de trabalho, ele não estava sozinho para montar a sua ideia. Um dia. Era tudo o que ele tinha para mostrar que merecia estar lá, mesmo sabendo que não precisava fazer isso para provar alguma coisa a alguém, nem mesmo seu chefe.
— Sabe que eu não preciso fazer isso para provar o meu valor, não sabe? Ninguém fez isso para trabalhar aqui, mas eu vou fazer e eu quero que você saiba por mim que eu sou o melhor para o cargo no qual estou e ainda mais.
— Sua língua é muito afiada, garoto. Você vai ser um problema para mim, Nanon.
— Que seja, você é o meu.
Ambos deram um passo a frente e ficaram a centímetros um do outro novamente, encarando os próprios olhos como se tivessem algum tipo de resposta para aquele embate tão duro. Por um lado, Nanon tentava acreditar que Ohm não fosse tão insuportável assim e por outro, queria ser a mudança. Se o seu chefe é dessa forma, ele vai mostrar de todas as formas que as coisas não são bem assim.
— Em um dia, Ohm. Agora vou trabalhar.
E ele girou os calcanhares e abriu a porta da sala, deixando seu chefe para trás, com o olhar carrancudo.
Quando Nanon chegou em sua mesa contou tudo aos colegas, além da sua amiga Film e Perth. Todos ficaram um pouco chocados pela ação de Ohm, mas o abraçaram no momento em que disseram que iriam lhe ajudar nesse projeto.
De uma coisa ele sabia, não estava sozinho.
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Sk8er Boy I OhmNanon
FanfictionOhm Pawat I Nanon Korapat Nanon Korapat é um skatista talentoso, porém apenas pratica o esporte por hobby. Desempregado e sem seguir a sua carreira na formação de design gráfico, tenta arranjar uns trocados ali e aqui para poder se sustentar morando...