- Thiago Narrando 🔥 -
Vamo lá, pô. Pode xingar, xinga aí por eu magoar a Gabriela e xinga com vontade, eu mereço.
Mas, antes, deixa eu te explicar como tudo começou.
Você precisa saber que eu sou nascido e criado aqui na comunidade. Eu era filho do dono que morreu, então o morro é meu por herança.
Meu pai, o Digão, era muito ruim. Ele me batia de verdade, as coças que ele me dava era como se ele estivesse batendo em gente grande, pô.
Aprendi na marra a ser homem com 10 anos, porque aos 10 anos eu já tinha que saber atirar com o fuzil e se eu errasse, era porrada que eu levava e porrada com a mão fechada.
No final de tudo, o dito cujo, chamado Rodrigo e mais conhecido como Digão, morreu pro câncer e da pior maneira possível.
Mas, até o fim da vida dele, eu fiz o que pude pra cuidar dele e antes de morrer ele disse "Agora tu é homem da casa e o dono do morro, haja como tal".
Então, eu agi. Assumi o morro com 17 anos e desde então ninguém me tira do comando, só que o Deus que tá lá em cima.
E por um tempo, foi tudo às mil maravilhas. O monstro do meu pai tinha morrido, minha mãe estava vivendo o que ela sempre quis viver e foi quando eu conheci a desgraça da Gabriella.
Meu irmão, essa mulher enlouquece qualquer um, tira qualquer um do eixo e eu tô completamente caidinho por essa desgraçada.
E nós ficou, pô.
Depois de mó cota só vigiando ela, eu chamei ela pro camarote e nós se beijou e na hora o beijo encaixou. E quando o beijo encaixa, desiste. Tu tá perdido.
Mas, assim que nós ficou ela começou a passar mal e foi aí que eu percebi, neguinho colocou balinha no copo dela e a filha da puta nem percebeu e quando eu descobri quem foi, o menor pagou e pagou da pior forma. Pagou com a vida.
Ela não se lembra, mas foi eu que levei ela pra casa e cuidei dela.
No dia seguinte, já tava doidão de apaixonado por essa maldita que quando cheguei em casa minha mãe jogou um balde de água fria na minha cachola.
Ela mandou eu sentar porque queria conversar comigo. Disse que eu tinha que assumir uma mulher que eu nunca vi na vida, porque se não, a menina morria. Disse que era pra eu honrar minhas calças e ser homem assumindo a menina, eu neguei irmão. Neguei com todas as forças e mandei ela e a menina pra puta que pariu, era a Gabriella que eu queria e quero.
Depois de um mês, minha mãe foi pega numa emboscada e quando eu cheguei lá, ela me fez prometer que eu faria a mulher de fiel e que não contaria pra ninguém, e como tu nega um pedido da tua mãe que tá morrendo na tua frente?
Não tem como, fi. Prometi e pretendo cumprir até morrer e isso fudeu tudo, porque isso me fez perder a mulher da minha vida e a mulher que eu amo.
Não tem um dia que eu não pense nela, não tem uma noite que eu sonhe com ela, não tem como, é ela.
Procurei me aprofundar no assunto da menina, assim que minha mãe morreu, eu fiz a mulher de fiel, do jeito que minha mãe pediu. E agora, ninguém mais podia tocar na guria, quem vai se atrever a encarar o cara mais perigoso do Rio de Janeiro?
E quando eu fui procurar saber de quem a mulher tava fugindo, eu descobri que a filha da puta era sobrinha de último grau da minha mãe, ela não tinha mais família e pra completar ela tinha engravidado do maior miliciano do Rio de Janeiro, mas não quis ter o filho e abortou.
Pronto, a cabeça dela tá a prêmio. E o pior, esse filho da puta é o único que me desafia, mas a regra da vida bandida é, se ela for minha fiel, neguinho nem olha pra ela na rua, conseguiu entender?
Por isso que em qualquer morro que eu vá, ela tá do meu lado, pra mostrar que ela é minha fiel e ninguém pode tocar nela.
Mas, não nos tocamos na cama, não consigo, minha mente bloqueia e eu só consigo pensar na desgraça da Rafaela.
Com qualquer mulher que eu fique, o meu parceiro, chamado grandão, não sobe. Não funciona, parece que ela lançou algum feitiço e depois do sexo foda que a gente teve, aí mermo que não funciona.
Por isso, que nesse um ano que eu tô com ela, a Thaíssa, eu sempre desço pra uma balada do asfalto pra ela matar as necessidades dela, o problema não é dela se meu amigão não quer funcionar com outra mulher.
E agora, depois de um mês, ainda consigo sentir a Gabriella, sentir a buceta dela, os lábios dela tocando no meu. Porra, é foda.
Chego em casa e já coloco meu fuzil no canto.
- Oi Th... - Thaíssa me vê da cozinha.
- Fala ae, Thaíssa. Como tá aí? - Pergunto.
- Pô, queria hablar contigo. - Ela diz e eu chego pra cozinha.
O foda é que a mulher é mó parceira, dá altos papos pra mim sobre a Gabriella.
- Eu tô gostando de uma pessoa do asfalto. - Ela diz e na hora chega eu tonteio.
Me sento na banqueta que tem ali e coloco a pistola em cima da bancada.
- Qual foi, Thaíssa? - pergunto já sentindo a dor de cabeça que isso vai dar. - Tu sabe que não dá, é só um pente e rala...
- Eu sei Th, mas eu quero continuar ficando com ele e não sei como. Eu gosto dele, mas não vou fuder mais do que minha vida já tá fudida. - Ela fala e me olha. - Eu não vou colocar nossa vida em risco, até porque você já renunciou a muita coisa por mim, além disso, por que tu não vai lá nela? - Ela pergunta e eu nego.
- Só se for pra ela me colocar pra fora embaixo de vassourada, esqueceu a última vez? - Pergunto e ela ri.
No dia seguinte que eu e Gabriela transou, eu fui à casa dela e faltou pouco ela puxar uma arma pra mim.
Disse que me odiava e que não queria me ver nunca mais, aí eu nunca mais fui lá, desisti, não adianta eu lutar por uma coisa que nunca vou poder ter.
- Se eu fosse você... - Thaíssa diz e pega uma colher com a panela de brigadeiro que fez e sai comendo.
- Tu vai comer brigadeiro quente? - Pergunto e ela olha pra trás.
- É mais gostoso quente, Th. - ela diz e sai rebolando o cu de passarinho.
- Depois que você se cagar não me chama pra te limpar. - Falo e ouço a risada dela.
Essa maluca é maneira pra caralho.
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Envolvida no Tráfico
Fanfiction- Não me troque por ninguém, te farei crença. Disputar ego, pra quê? Que você vença! - Ele me diz e eu dou um sorriso irônico. - Baby, eu aprendi com você, não sei se lembra. Você me perdeu em câmera lenta... - Falo e saio dali o deixando sozinho e...