𝐞𝐢𝐠𝐡𝐭

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Pego minha faca que estava na minha gaveta, ainda suja de sangue seco. Vou na pia da cozinha e a limpo rapidamente. Power e Denji discutiam sobre pão. Isso só pode ser amostra grátis de um hospício.

Tranco a porta do meu quarto e uso a faca cortando a fita que deixava a caixa aberta. Havia muita coisa ali dentro, na caixa o nome de Iyato escrito junto de uma mensagem.

"Caixa do lindo, gostoso, melhor atirador, apreciador, elegante e humilde Iyato. Se mexer nela tá morto."

Risco de morte eu não corro. ㅡ o que era pra ser uma piada me fez querer chorar em posição fetal. Mas, adoro fazer piadas de meus problemas.

Vasculho no meio de tudo aquilo, havia muito poeira, deveria estar aqui guardado desde eu nasci, ou antes até.

Seus livros favoritos de poesia estavam ali, junto com papéis e seu diário. Um diário de couro preto com um cadeado, procuro mais fundo pela caixa a busca da chave, mas, não a encontro. Pego minha faca e a encaixo na fechadura do cadeado, era grande demais.

Vou em busca de algo no meu quarto que poderia abrir o diário. Pode conter algo importante nele, ou só o dia a dia do Iyato. Acho um clip maior e um outro mais pequeno, faço um gancho com o mais pequeno em forma de "C". Encaixo os dois na tranca e vou tentando abrir.

ㅡ Bingo! ㅡ grito quando ouço o cadeado se abrindo.

Aprendi com Hayga como destrancar portas sem uma chave, caso eu ficasse fora de casa, porém serviu para isso também.

Suas páginas iniciais estavam impossíveis de ler, amareladas e algumas rasgadas. Chego no capítulo seis de seu diário:

"O dia já começou dando tudo errado. Hayga fica me enchendo o meu saco, "tenha responsabilidade" "você parece uma criança", "pare de mimar essa criança", blá, blá, blá.

Eu não ligo, não ligo se minhas atitudes são como de uma criança de cinco anos. Eu não sei o dia de minha morte, o dia em que eu irei respirar pela última vez. Eu não quero morrer, quero viver até a minha velhice, quero me apaixonar, quero sair da Segurança Pública e viver uma vida normal.

Quero poder mimar minha irmã até ela se enjoar de minha cara. Quero ver ela se formando, a vendo com um vestido de formatura, ou um jaleco, ou até mesmo com um vestido branco em seu casamento.

Quero que ela sinta o que é amor de irmão. O que Hayga nunca vez comigo."

Acabando de ler a última frase, uma folha é molhada com uma única lágrima que percorreu meu rosto. Fecho o diário, se continuasse assim iria o joga-ló no fogo. Pareço uma manteiga derretida só lendo essas bobagens. O guardo debaixo de meu travesseiro.

Algo me dizia que ainda teria algo a mais que interessasse naquela caixa, sigo minha intuição e continuo procurando.

Acho um pano branco, que já não era mais tão branco por conta do tempo, estava pesado quando o pego, o abro e acho munição de bala e um papel, leio o papel primeiro:

"Pedaços do Demônio da Arma."

ㅡ Puta merda.

Pego as balas e as analiso mais de perto. Não tinha dúvidas, realmente eram quatro pedaços de suas carne. Destranco a porta e falo com Power:

ㅡ O Aki ainda está aqui? ㅡ coloco minha cabeça para fora do quarto.

ㅡ Como é que eu vou saber. ㅡ brinca com miauzinha ㅡ Digo se você me trazer um osca! ㅡ aponta o dedo para mim.

ㅡ Não.

Saio do quarto e vou até a lavanderia já que não estava na cozinha.

ㅡ Vem cá, você nunca sai dessa lavadeira não? ㅡ me encosto na porta cruzando os braços.

Aki não me responde, continua dobrando as roupas. Chego mais perto e entrego o pano branco para ele.

ㅡ Abre. ㅡ ele obedece. Me olha de canto ao pegar um dos pedaços.

ㅡ Como conseguiu?

ㅡ Nas coisas do meu irmão. Deduzo que ele estava a procura dele antes de morrer.

ㅡ Acha que o Demônio da Arma o matou?

ㅡ Talvez. ㅡ poderia ser uma possibilidade, já que seu corpo e o de Hayga nunca foram encontrados. 

Ele me entrega o pano, o coloco em cima da máquina de lavar e o ajudo a dobrar as roupas. Aki me olha de canto e abre a boca, o interrompo antes de falar algo.

ㅡ Cala a boca. Estou sendo humilde.

ㅡ•°°•ㅡ

Se passaram alguns dias, não tinha mexido mais na caixa ou lido de seu diário. Tinha feito exame de anemia e estou a um passo de ter. Eu e Aki estávamos indo agora caçar um demônio. Seria nossa primeira vez fazendo isso sozinhos. Estava reclamando o caminho inteiro.

ㅡ Por que eu tive que ir com um emo? Por que não pude ser dupla de Himeno?...

ㅡ Vai continuar reclamando até quando? ㅡ acende um cigarro após estacionar o carro.

ㅡ Até quando eu ver uma vaca voar. ㅡ saio do carro.

Estamos em um parque que foi abandonado, destroços dos brinquedos ameaçavam cair a qualquer hora, a roda-gigante sairia rolando quando menos esperar. Aki começa a ir na direção da atração "túnel do medo".

ㅡ Não vou entrar aí nem fudendo! ㅡ não que eu esteja com medo, tenho fobia de lugares apertados como esse.

ㅡ Então fica sozinha. ㅡ diz sem olhar para trás.

ㅡ Por que começar justo por aí?...

ㅡ Para de reclamar e vem logo. ㅡ apaga o cigarro o jogando fora.

Fico calada o xingando em minha mente. Bem atrás dele começo a segui-ló. As paredes eram estreitas e apertadas, andávamos de lado para conseguir passar. Controlava minha respiração para não me desesperar, estava tão escuro que piso no seu pé sem querer.

ㅡ Foi sem querer. ㅡ bem feito.

Chegamos do outro lado onde havia um carrinho como uma espécie de montanha russa. Nos entreolhamos, estava fácil demais pra ser verdade. Impulsiono o carinho e ele começa a andar nos trilhos enferrujados, quando menos esperávamos o carrinho some.

O demônio estava por perto.


Contínua...

𝐂𝐎𝐋𝐋𝐈𝐒𝐈𝐎𝐍 𝐎𝐅 𝐎𝐂𝐄𝐀𝐍𝐒, Aki HayakawaOnde histórias criam vida. Descubra agora