Capitulo 66

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Rosalie Versalhes Monferrato Bourbon

No dia da festa da colheita, Narciso acordou cantarolante e muito animado. Eu não estava tão empolgada, mas fingi estar bem.

Madeline tinha descoberto onde fica a fábrica de bombas que Narciso patrocina para suas maldades e isso foi mais uma vitória. Sabemos agora de onde saem essas armas terríveis.

Jhonatas confessou-me ontem, após o jantar, que uma das condições para morar no castelo e consequentemente ser rei era ter que deixar sua mãe para trás. Narciso explicou que não seria bom saberem que um rei é filho de uma cozinheira.

Jhonatas começou a expressar preocupação com a mãe e vontade de abandonar isso tudo por ela. Foi aí que eu me dei conta de que ele é o bom garoto que eu previ que fosse desde o início. Ele só está apenas pressionado com toda essa situação.

Riezdra tinha ido na frente organizar os últimos ajustes para a festividade sob ordem do seu padrinho. Madeline e Gine também foram para ajudar a equipe organizativa de serviçais. Pedi que ela ficasse atenta a tudo.

Eu, Riezdra e Narciso partimos para a festa juntos. Eu estava usando um vestido, ressalto que Narciso praticamente forçou-me a usar ele, que expõe quase todo meu colo. O decote era bem farto e a cor bem luminosa. Meus ombros expostos davam a sensação que eu estava quase nua. Tentei disfarçar colocando uma xale, mas o calor não deixava eu ficar com ele sobre os ombros por muito tempo.

–– Eu precisarei cumprimentar algumas pessoas e falar com outras. Isso demandará tempo. Como Riezdra estará ocupado, vou incubir você, Jhon, de olhar sua irmã. Posso contar com isso? Tenho medo do que pode lhe acontecer se ficar longe de olhos protetores. Principalmente estando grávida.

–– Claro, Narciso. Eu estarei de olho na minha irmã.

Ao chegarmos no centro da festa, descemos da carruagem e cumprimentamos as pessoas com aceno de mão. Ouço alguns insultos, mas sei que são direcionados a Narciso.

Como não éramos o foco, acabamos nos afastando sem ser notados por aquela multidão. De braços dados, caminhamos por entre as barracas que exibiam os frutos da terra colhidos nessa última remessa.

Não estavam tão viçosos, mas ainda sim eram bonitos e grandes. Cumprimentaram-nos e ofereciam alguns alimentos para que provássemos. Achei gentil da parte deles.

–– Você já deve ter notado, mesmo com apenas um dia morando no castelo, que há uma atenção excessiva em cima de mim. –– Balanço a cabeça e sorrio para uma mulher que passa de mãos dadas com sua filha. Jhon faz o mesmo.

–– Você veio de um país visto como inimigo pelo povo, Rosalie. Você é casada com o rei de lá. É normal estarem... desconfiados.

–– Eu preciso te contar mais coisas sobre a minha história, Jhon. –– Ele me olha, suspira e balança a cabeça em negação. –– Olha, eu estou apenas querendo contar a verdade a você. Eu sei que você acabou de chegar e está muito perdido em relação a muita coisa, mas o que você vai fazer com o que eu vou te falar é uma decisão só sua. O que eu não posso é te deixar ser influenciado para um caminho que pode chegar a não ter mais volta.

Nossa conversa foi bastante rápida pois eu decidi ser objetiva. Tinha muita gente circulando e a cada dez minutos alguém nos cumprimentava.

Ao final da minha narração, meus olhos estavam marejados e uma trava na minha garganta impedia que eu prosseguisse. Acabei começando a chorar de forma desesperada. Ele, meio que sem saber o que fazer, me puxou para um beco sossegado e tentou me acalmar.

–– Rosalie! Olha para mim! Calma!

–– Eu... Eu...

Foi aí que ele me abraçou. Um abraço forte e confortante. Nesse momento, Riezdra aparece e me tira abruptamente do contato com meu irmão. Jhonatas acaba levando um soco e cai no chão violentamente.

Um presente para o reiOnde histórias criam vida. Descubra agora