Capítulo 11

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Rosalie "Mcfield"

Eu, de fato, estava pronta? Decerto que não. Mas nada mais podia ser feito. Eu iria para o baile conhecer o rei de Valkandria que logo mais será o meu marido e pai do meu filho.

Que destino mais imprevisível e ao mesmo tempo penoso é esse?

Lia tinha ficado comigo por um curto período de tempo. Mais precisamente, algumas horas da manhã. Ela sabia que eu ficaria nervosa. Acho que eu estava bem mais que isso.

-- Olha, garota -- Ela segura nas minhas mãos geladas. -- Eu acredito que tenha feito um bom trabalho com você. Na verdade, só te lapidei. Você foi bem instruída pela minha irmã.

-- Eu não posso errar... Mas e se eu errar? Corro o risco de ser morta?

Eram tantas dúvidas que pairavam em minha mente. E todas elas, ao final, eu me questionava se poderia morrer se caso acontecesse. Mas... Seria a morte uma fuga aceitável para essa loucura toda?

-- Não sei como vê o rei, Rosalie, mas ele não é um monstro. Se ele quis casar com você, mesmo sabendo que você é plebéia sem origem, algo bom ele viu em você. Não fique receosa assim e nem coloque tantas caraminholas nessa cabecinha. Você vai se sair muito bem e em breve será nossa rainha.

Ela levanta e se curva na minha presença. Eu sorrio. Alguém se curvando perante mim? Isso é mais louco do que meus sonhos de criança.

Como acostumar-se com isso?
Como achar normal curvarem-se perante mim?

Uma carruagem me aguardava na frente da casa. Todos os meus novos pertences já estavam nela aguardando apenas a dona embarcar.

Encaro meu reflexo, sorvo o ar lentamente pelo nariz e solto vagarosamente pela boca. Sorrio por fim. Eu estava muito bonita. Meus cabelos loiros estavam macios e soltos, minha boca estava adornada com um batom rosa escuro realçando meus lábios grossos e na minha cabeça repousava um chapéu onde continha uma pequena telinha que ficava na altura do meu nariz, dando um ar de suspense ao meu olhar.

Meu vestido, que era um rosa bem claro, ficava um pouco abaixo do joelho e tinha detalhes em dourado no busto. Eu usava luvas brancas, salto nude e algumas joias.

Eu era Rosalie Mcfield e de fato parecia ela. Eu dei vida a um personagem e viverei eternamente encenando. Preciso me adaptar rápido ou posso cometer erros e isso ser meu fim.

Peguei minha bolsa de mão e saí daquela casa que me abrigou por pouco tempo. Eu estava nervosa, muito mesmo, mas procurava imaginar que tudo isso fazia parte de um sonho e que para poder acordar eu precisava cumprir tudo que me foi ordenado.

Subi na carruagem; dessa vez teve até uma mão estendida para me ajudar. A forma como estar bem vestida muda o jeito com que sou tratada faz-me sentir mal por quem não é abastado a ponto de vestir-se com tamanha elegância.

Organizo meu vestido e sento com classe no banco macio e confortável do veículo. Retiro meu leque da bolsa e abano-me graciosamente.

Estarei levando as minhas malas logo porque segundo Lia após a escolha anunciada eu ficarei imediatamente hospedada na ala das visitas do castelo. O dia seguinte é marcado por momentos familiares em que eu conhecerei melhor a todos e o meu futuro lar ao lado do meu esposo.

O início real do baile será daqui a quase três horas, mas é necessário chegar antes para se fazer notada. Sinto-me mal em saber que todas as jovens que estarão lá estão com seus corações cheios de esperança, crendo que serão escolhidas.

Saber que meu nome é o que será chamado não envaidece-me, pelo contrário, me deixa apreensiva. Provavelmente receberei olhares ameaçadores e até gestos grosseiros das outras moçoilas. Não gosto da ideia.

Um presente para o reiOnde histórias criam vida. Descubra agora