CAPÍTULO 16

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Elizabeth


Escuto os gritos da minha mãe vindo do final do corredor, não gostava daquela parte da casa, era tão escura quem às vezes River se escondia lá só para me assustar. A sombra que cobria o caminho a minha frente se parecia com o lugar onde os monstros das histórias de terror do meu avô se escondiam, mas eu precisava enfrentar o meu medo de menininha, logo, logo já completaria 9 anos, não podia mais ter medo do escuro e também mamãe precisava da minha ajuda.

Caminhei na pontinha dos pês para evitar qualquer barulho que pudesse chamar atenção dos monstros. Conseguia ver a luz que vinha do quarto dela, agarrei popy minha coelhinha de pelúcia e melhor amiga, se algo acontecesse popy me protegeria. Os gritos ficaram mais altos quando cheguei a porta, empurrei devagar a madeira velha e branca e vi...

Vi a minha mãe se debatendo na cama, havia dois homens ao lado dela, os dois vestidos de branco como os médicos da televisão.

— ME SOLTEM! ME SOLTEM SEUS MALDITOS! — A mamãe gritou enquanto tentava se soltar de um dos médicos. — EU QUERO O DALLAS, LIGUEM PARA O MEU MARIDO!

Papai...

Vovó me contou que papai foi viajar para trabalhar com algumas pessoas e logo estaria de volta para o meu aniversário. Ela mentiu para mim, papai na apareceu ontem na minha festa de aniversária nem a mamãe, ela estava doente — Foi o que o vovô disse.

Mas por quê ela estava gritando? Se estava doente, não deveria gritar e sim ficar deitada quietinha.

— Minha filha fique calma, assim você vai acordar as crianças. — Era a voz do vovô

— ELE MATOU O MEU BEBÊ! ELE É UM MONSTRO!

— Bunny?

A voz de Jack me tirou daquele transe hipnótico, na verdade aquela lembrança horrível. Fechei meus olhos evitando olhar para aquela porta novamente, agradecia aos céus por Kat não ter destrancado aquele quarto.

Me virei para o homem para em frente a porta do nosso mais recém quarto, sorri para ele na intenção de disfarçar as minhas emoções.

— Está tudo bem? — Sua expressão era de preocupação.

— Sim. Vem. — Puxei sua mão e o levei para dentro do quarto fechando a porta. — Precisamos conversar. Senta. — Apontei para a enorme cama de casal.

Ele não relentou, apenas se sentou com as penas abertas e os cotovelos apoiados em cima dos joelhos. Era mais fácil conversar com ele assim, quase na mesma altura que eu.

Flexionou aqueles lábios esperando por mim. Tinha que parar de achar ele bonito a cada maldito gesto.

— Precisamos conversar. — Levei as mãos na cintura.

— Sim, você já disse isso. — Sorriu sedutoramente.

Foco, Liz.

— Pelo jeito a regra número seis foi quebra...

Seu suspiro cansado cortou a minha fala. Jack passou a mão pelos cabelos e me encarou como se quisesse ver a fundo da minha alma.

— Não é o fim do mundo por isso.

Queria rebater e dizer que era sim. A regra número seis constituía em não dormi no mesmo cômodo juntos, por mais que isso fosse uma suíte da era medieval, não tem sofá ou outra coisa, as poltronas que tinham eram do estilo vintage, não havia nem sequer um colchão extra, só a cama. O que significa que teríamos que dividi-la.

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