CAPÍTULO 6

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Elizabeth


Passei a mão nos pelos macios e dourando do Golden que estava deitado na mesa de cirurgia, ele estava dormindo a algumas horas. Olhei para a dona dele que tinha os olhos cobertos de lagrimas ao olhar para o animalzinho.

- Ele ainda vai ter uma vida normal. É bastante salvável e forte, ele ficará bem. - Tentei tranquilizá-la.

Ela fungou enquanto volta ao seu olhar para mim.

- Ainda me sinto culpada, talvez os outros cachorros possam o afastar por ter um latido diferente.

Paguei suas mãos nas minhas, estavam suadas e frias. Dei o meu melhor sorriso acolhedor.

Um vizinho completamente estúpido e sem amor no coração, denunciou a dona do meu mais recente paciente. Ao que ele disse, o cachorro incomodava bastante a vizinhança, pois latia sem parar dia e noite. O infeliz consegui a assinatura de mais de 50 pessoas para abater o cachorro, a justiça, no entanto deu duas opções a ela, abatia o cachorro ou retirava suas amídalas. Como uma amante dos animais e pelo grande amor que tinha pelo seu amigo de quatro patas ela escolheu a segunda opção.

Juro que seu eu visse esse cara na minha frente, gostaria de o abater eu mesma. Babaca.

Entretanto, esses casos são muito mais comuns do que pensam. É claro que os donos que amam seus animalzinhos não escolheriam sacrificá-los, na maior parte das vezes a maioria não tem dinheiro para pagar pela cirurgia e acabam abandonando os pobres animais. Como seres humanos podem ser tão cruéis com coisas tão fofas e amigáveis? Isso era algo que nunca intenderia.

- Ele irá passar a noite em observação e se ocorrer tudo bem, poderá levá-lo para casa amanhã mesmo. - Alisei suas mãos com os meus polegares.

- Obrigada doutora, de verdade. Não só pelo desconto da cirurgia do Mark, mas também por cuidar muito bem dele. - Foi sincera, momentos assim me faziam refletir que tinha escolhido a profissão certa.

- Não tem que me agradecer, estou apenas fazendo o meu trabalho. - Soltei suas mãos e fui em direção ao grande armário de metal que ficava presente na sala, paguei um pedaço de papel que era na verdade uma lista. - Assim que passar na recepção entregue isso a Karina, ela lhe dará os medicamentos nessa lista. Se nos próximos dias Mark apresentar qualquer comportamento estranho ou rejeitar os analgésicos traga o para cá imediatamente. Lembre-se de manter a dieta dele equilibrada e a prática de exercícios o ajudará na recuperação.

Parei na sua frente e entreguei a lista para ela.

- Claro, me lembrarei disso. Mark é bastante atlético e gosta de comer bastante, acho que a recuperação dele será rápida.

- É bom saber disso.

Ela deu um beijou no focinho do cachorro enquanto alisava sua barriga exposta pela posição que estava deitado de lado. Consegui a ouvir sussurrar um - Boa noite cenourinha, amanhã vamos para casa. - Aquilo me arrancou um pequeno sorriso.

- Mais uma vez, obrigada doutora. Tenha uma boa noite.

A desejei uma boa noite também antes da mesma sair.

Ficamos eu e o Mark sozinhos. Teria que o transferir para a sala de descanso, onde por sorte estava vazia. O último animal que estava em observação foi embora hoje de manhã.

Mais uma noite sem dormir adicionada com sucesso na minha lista. Assim que Vivian voltasse da licença maternidade vou contratar mais três pessoas e tirar uma semana inteira de féria, resumida a comer besteira e ficar deitada no sofá o dia inteiro assistindo série ou lendo um livro de romance bem clichê. Tinha que me dá esse luxo, estava tão exausta.

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