Batidas Na porta

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Cibele e Ivo pegaram no sono na sala, dormiam no sofá, ela estava sobre o peito dele, ambos roncavam cansados, de repente alguém bate violentamente na porta e os acorda.
A mulher e o homem levantam assustados, Ivo indica o corredor com os olhos, Cibele assentiu compreendendo, ele tira uma arma de dentro da almofada do sofá e vai até a porta. A pessoa bateu novamente, Ivo espiou pelo olho mágico.
Ye estava miserável, suado, com a camiseta de time imunda, parecia desarmado, com dor, apoiando-se na porta com a testa encostada na mesma.
Ivo aponto o cano da arma para o abdômen dele, a porta era grossa, mas o revólver tinha potência suficiente para atravessar e acerta-lo.

— O que tá fazendo aqui?

— Não tenho forças pra ir até ela. — Falou com a voz rouca.

Ivo o avaliou, mas era difícil de onde estava.

— Se feriu enquanto tentava nos matar?

Ofegante Ye se afastou da porta, ergueu a camisa e baixou o calção para que Ivo visse a marca gravada a ferro.

Cristo, aquilo estava muito feio, ensanguentado, com bolhas. Ivo travou o revólver e o guardou no cós da calça.

Cibele observava do batente da porta do quarto de Ivo, ela se aproximou assim que ele guardou a arma.

— É o Ye, tá machucado. — Sussurrou. Os olhos de Cibele ficaram marejados. —  Ele quer sua ajuda.

— Eu ajudo. — Respondeu após um tempo.

— Fique atrás de mim. — Ivo falou concordando com a cabeça.

Ele abriu a porta, Ye caiu para frente, Ivo o amparou arrastando-o até o sofá, Cibele trancou a porta e já ia se aproximando de Ye, mas Ivo estendeu o braço impedindo -a, ele estava revistando o parceiro, checando se ele não tinha nenhuma arma.

— Tá limpo, mas ainda pode ser perigoso chegar muito perto.

Ye mantinha os olhos semiabertos, seu rosto estava abatido.
Vê-lo daquela maneira partia o coração de Cibele que ainda tinha flash backs dele ao seu lado durante sua crise de pânico e de quando ele surgiu em sua porta com um buquê.

— Eu jamais a machucaria.

Ivo riu.

— Panos limpos, gaze, soro fisiológico,  água fria e luvas, se tiver, por favor. — Pediu encarando o local do ferimento, havia um círculo de sangue ali.

Ivo encarou Ye, depois foi em busca do que Cibele pediu.
Sozinhos, a enfermeira ergueu cuidadosamente a blusa e baixou um pouco o calção dele, gravado no ventre do rapaz estavam as letras XL.

— Eu estava fora de mim, mas não ia te machucar. — Falou cansado.

— Então por que fez aquilo? Pessoas morreram.

— Eu já tava meio doidão de cocaína, ainda saí pra fumar, foi quando vi vocês, não consegui me conter, só queria acabar com o Ivo.

— Ivo tem sido meu único amigo nesse lugar, mas você desapareceu, não tem o direito de ter ciúmes. Quem fez isso?

— Não importa.

— Se fosse um pouquinho mais baixo... Quais nomes femininos você mais gosta? — Brincou, mas Ye resmungou. — Desculpa, estou nervosa.

— Tem algo que posso fazer pra te ajudar? — Ivo perguntou deixando uma bandeja com os matérias que ela pediu no chão ao lado dela.

— Não. No momento não tem muito que eu possa fazer também além de limpar a ferida, mas como foi com ferro quente ela já foi cauterizada, tem que cuidar as bolhas e quelóides a partir daqui, pra quem sabe ficar imperceptível com o tempo.

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