Era Uma Vez Um Príncipe

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Ivo concluiu os trabalhos do dia, esperou por Cibele, mas já estava escuro e a mulher não apareceu. Algo estava errado, saiu para caminhar pelo bairro a fim de espairecer, quando deu por si estava na frente do ponto que seu parceiro administrava. Foi entrando, os aliados de Ye jogavam cartas em mesas de bar no quintal, mas estavam atentos aos movimentos de Ivo.

— E o carioca?

— Saiu e não falou pra onde. — Um brutamontes carrancudo respondeu sem tirar os olhos das cartas.

— Mas ele tá machucado e sem veículo.

— Emprestei o meu.

— Hm. Por isso Ye pediu pra que eu pegasse uma blusa pra ele... Então vou entrando tá.

Os homens jogaram as cartas na mesa e levantaram cercando Ivo, ele riu.

— Qual a graça, boneca?

— Vocês não tem noção de com quem estão lidando.

— Aqui quem manda é o Carioca. Volta pro teu ponto.

Ivo assoviou para o céu, os homens avaliaram o perímetro ansiosos, mas nada aconteceu, de repente, como formigas saindo de um formigueiro, os homens de Ivo surgiram por todas as partes, até mesmo nos telhados.
O brutamontes não conseguiu segurar a pose por muito mais tempo, indignado e apavorado foi o primeiro/único a colocar a mão no cós das calças para sacar o revólver, rapidamente os homens de Ivo apontaram suas armas para os de Ye que intimidados se ajoelharam.

— Como você tem tantos caras do seu lado? O Carioca é quem comanda a maior parte dos Agosto.

Ivo sorriu, se curvou com as mãos nos joelhos para que seu rosto ficasse na altura do brutamontes e explicou:

— Dê uma olhada melhor, camarada Dog, esses não são do Agosto... São o R3.

Ivo levantou e afastou em tempo de desviar do soco que o brutamontes desferiu, em seguida o homem foi baleado na testa por alguém do seu comando.

— Porra mano! Que merda caralho! — Gritaram apavorados.

— Ivo, a gente é família cara, tá lembrado? A gente é irmão, somos parte do mesmo time!

— Em outro momento decidirei quais de vocês farão parte do meu time, mas já adianto que teremos demissão em massa logo logo.

Ivo passou pelos homens ajoelhados e entrou na casa. Imediatamente cobriu o nariz, como Ye conseguia viver naquela podridão? Assoviou pedindo ajuda, dois dos seus apareceram.

— Ah, os novatos, ainda estão na escola?

— Sim, senhor.

Jovens, magros, pequenos. Ivo via seu eu de treze anos neles.

— Hm, vejam se podem encontrar algo que nos leve até Ye.

— Não é mais fácil torturar um dos homens dele até que abram o bico? — O menor deles sugeriu.

Ivo arqueou uma sobrancelha, aquele devia ser o moleque que saiu fugido de casa por causa do padrasto.

— Cauã?

— Sim.

— Se acha que é fácil assim, pode ir lá fora e tentar a sorte. Mateus, faz o que falei antes.

Cauã estremeceu, sentiu um nó na garganta, gostaria de poder voltar atrás e manter-se quieto, mas se queria fazer parte da facção e conquistar algum respeito não podia arregar. Então foi isso, respirou fundo estufando o peito, olhou ao redor, encontrou uma faca de cozinha de cortar bifes e saiu para começar seu interrogatório.
De dentro da casa deu para ouvir os gritos dos homens e os berros de Cauã que perguntava do paradeiro do Carioca a plenos pulmões.
Ivo já começou a planejar como domar o menino ou teria que desfazer-se dele, não precisava de outro Ye na facção.

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