Capítulo 15

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Ravi

Com a bandeja de madeira na mão, empurrei a porta com o joelho e observei a menina deitada em posição fetal no centro da cama queen size. Uma mão debaixo do travesseiro, a outra machucada apoiada no colchão; cabelos úmidos por toda parte, aqueles pezinhos de sola rosadas arranhados nos calcanhares, o joelho direito também machucado... Injustiça do caralho!

Cabia a mim manter a ordem, mas se um vento miserável arranhasse aquela pele leitosa novamente, meus esforços seriam em vão.

Caminhei até a cama e Monique não se mexeu. Os olhos fechados e o chiado do nariz indicavam que ela estava chorando antes da minha entrada, e pelo pouco que eu conhecia dela, sabia que estava lutando para se conter. Ela tinha esse traço de Joshua, algo enganoso e destrutivo que os irmãos herdaram e aprenderam com a parte perturbadora da família. Esconder emoções perturbadoras não era necessariamente a melhor opção. Isso só os tornava mais vulneráveis.

— Monique...? — Ela abriu os olhos e conseguiu dar um sorriso fraquinho, forçado. — Trouxe feijão tropeiro, arroz, salada, purê e rosbife. Cortei em cubos para você. A funcionária do seu irmão prepara apenas pratos básicos, mas sempre deliciosos.

— O cheiro até deu água na boca. — Fazendo uma careta de dor, ela se apoiou na mão sadia e sentou com as pernas dobradas na posição de lótus.

Vendo-a esfregar os olhos, coloquei cuidadosamente a bandeja aos pés da cama e sentei-me, já envolvendo seu corpo em um abraço afetuoso, trazendo-a cuidadosamente para perto de meu peito até senti-la por inteiro, como se fosse parte indispensável de mim.

Eu ainda não sabia mensurar exatamente o que aquela pequena exercia sobre mim, mas meu carinho por ela era genuíno, e o desejo que ela inspirava queimava como brasas no meu corpo. Eu precisava tê-la assim, cada vez mais perto de mim, mas doía vê-la tão indefesa.

— Você já sabe o que precisa fazer. — Gentilmente acariciei a parte de trás de sua cabeça com as pontas dos dedos e permiti que meus lábios roçassem a pele fria de seu braço nu.

— Está... tudo bem agora — Tentou controlar os soluços.

— Chore, pequena. — Continuei beijando e acariciando sua pele. — Chore o quanto puder, apoie-se em mim.

Confiando em mim com suas vulnerabilidades mais uma vez, a garota chorou profusamente e baixinho, abafando os soluços contra minha camisa.

Fiquei completamente em silêncio. Dei seu tempo.

Enquanto ela chorava, seu corpo trêmulo foi mimado com cada parte do meu, e cerca de vinte minutos depois, quando os soluços diminuíram, me afastei o suficiente para desabotoar e arrancar minha camisa do corpo. Com isso, limpei seu rosto, nariz e tudo, e beijei sua testa enquanto um sorriso envergonhado brincava em seus lábios. Ela havia se esgotado mentalmente e estava à beira de um desmaio sob o peso dos efeitos colaterais da medicação induzida.

— Eu não... queria... que... me visse assim...

— Estou cuidando de você assim há dias, pequena catarrenta. — Assim eu a fiz rir através de um restinho de soluço. — Não deveria ter molhado o cabelo... — Comecei pentear as mechas com os dedos, levando-as para trás dos ombros.

— Eu estava muito agoniada. Meu corpo inteiro coçava sem parar... — Ficou tensa acima de mim quando a mão direita esbarrou na arma em minhas costas. — Isso é... Ravi?

— Aquela mulher não vai ameaçar sua paz novamente. — Agarrei a mão curiosa e beijei brevemente no dorso. — Não há nada para se preocupar. Temos tudo sob controle.

A herdeira e o viúvo Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora