Capítulo 05 - (Parte 2)

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Monique

Vi que dona Bruna ainda estava com a vovó, então avancei para as escadas e segui as poucas luzes acesas da sala e do corredor que dava para a cozinha

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Vi que dona Bruna ainda estava com a vovó, então avancei para as escadas e segui as poucas luzes acesas da sala e do corredor que dava para a cozinha.

Abri as portas que tive acesso, mas não encontrei Ravi, e quando me deparei com a área de serviço, vi por uma pequena abertura na cortina que havia luz vindo de um cômodo externo.

Puxando a maçaneta, senti respingos de chuva e ar frio no rosto. Nada disso me parou. Fechei a porta, caminhei pelos ladrilhos protegidos pelo telhado ao redor da casa, passei pelo que parecia ser uma piscina coberta de lona e me dirigi para aquela casa com paredes parcialmente transparentes.

Aproximando-me, ouvi ruídos além dos da natureza, e quando invadi o local, encontrei Ravi batendo em um saco de pancadas. Foi quando ele se virou, me olhou surpreso, e eu corri em sua direção, já segurando minhas mãos atrás de suas costas, enterrando meu rosto em seu peito, grudando-me como cola enquanto lutava contra a angústia que embargava minha garganta.

Eu não podia deixar que as palavras de mamãe continuassem me influenciando.

— O que aconteceu? — seu tom chegou preocupado, o estalo do velcro indicou que estava arrancando as luvas das mãos. — Monique? — Tentou afastar meu rosto, mas não cooperei, então sua grande mão aqueceu minha nuca suavemente. — Pesadelo?

— Por favor, não me deixe enlouquecer.

— Não vou deixar.

O topo da minha cabeça pesou e ao ouvir estalinhos de beijos, respirei fundo, sussurrando para mim mesma que estava tudo bem e que eu não precisava mais chorar.

— Quero me curar dessa dor, Ravi. Me ajuda — pedi em tom estremecido. — Quero esquecer que tudo isso aconteceu, ser forte, parar de chorar...

— Você já foi forte pra caramba quando saiu das garras manipuladoras de sua mãe abusiva. Uma coisa de cada vez, baixinha. Só respire.

— Quando penso que vai passar, desmorono outra vez...

— Shh, eu sei. Agora, respire.

— É como uma ferida cada vez mais aberta... Preciso esquecer tudo ou vou perder o controle...

— Não tem como passar uma borracha agora, Monique. Cicatrizar por fora enquanto houver danos por dentro é perigoso. Dada a gravidade da decepção, tudo o que você sentir é compreensível. Na próxima semana marcaremos com um psicólogo. Você vai ficar bem. Feridas devem ser tratadas, não ignoradas.

Ponderando sobre a ótica de suas palavras, inspirei e expirei, meu coração batendo forte, minha cabeça girando. Eu não sabia o que era ter um ataque de pânico há anos, mas só naquele dia houve dois princípios.

— Você é um homem sábio, Ravi... Ainda tenho muito a aprender na vida.

— Crescemos com a ideia errada de precisar ser forte o tempo todo, e quando não somos, porque o ser humano não é super-herói, nos sentimos lesados, frustrados e abertos à ansiedade. Sinto muito por quem perdeu até o direito de chorar, mas você não está mais em um tanque de tubarões, então gaste sua dor. Chore mesmo, faça isso agora com a ferida latejando. Em uma semana estará chorando menos, na próxima estará mais disposta a recomeçar. Vou estar te protegendo nesse meio tempo.

A herdeira e o viúvo Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora