Alerta de Hakim.

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Feliz ano novo gente!!

Capítulo 28

Alerta de Hakim

Papai e mamãe acabaram me ligando e dizendo que quando chegassem, poderíamos conversar sobre Malika. Concordei e continuei seguindo a minha rotina normalmente.

Agora que tinha um carro, passei a fazer um esforço de almoçar em casa para fazer com que Malika almoçasse comigo. Passou a funcionar e eu passei a me sentir mais tranquila que ela estivesse comendo e não passando fome. Sâmia ainda me dizia que ela continuava falando com homens pelo celular, mas com menos frequência que antes.

Eu realmente achei que as coisas estavam melhorando e voltando aos eixos. Tentava fazer Malika conversar comigo e contar as coisas, mas ela mais me fazia perguntas do que se abria sobre si mesma.

Ela queria saber como foi o meu casamento com Hakim, queria saber como foram os primeiros dias, quando passamos a perceber que tínhamos um sentimento rolando entre nós, como tinha sido a minha primeira vez.

Com muito cuidado, eu lhe contava as coisas sem tentar fazer com que as coisas parecessem perfeitas e como eu estava feliz com a vida maravilhosa que estava, não porque eu não queria que ela soubesse como eu estava feliz com tudo, mas com medo de que a minha felicidade não fosse interpretada como felicidade e sim como esnobe.

Tinha medo também que contar as coisas fizesse com que tudo fosse um gatilho para que ela pensasse no que ela poderia ter vivido com Kaleb e que não teve a oportunidade de viver.

Até mesmo como tinha sido a minha primeira vez, fui o mais curta em responder:

— Foi bom, mas porque nós dois nos amávamos e confiávamos plenamente um no outro para que desse certo. Um dia, acredite Malika, você vai conhecer alguém que faça esse momento ser especial. — Nesse dia, estávamos sentadas na porta da casa, vendo o resto do dia avançar para o anoitecer.

Tinha trazido copos e refrigerante e ocupávamo-nos em ter uma conversa amigável entre copos de bebidas e olhadas para o horizonte, no qual o sol desaparecia lentamente.

Foi a primeira vez que Malika pareceu um pouco incomodada e falou:

— Não sei se tenho capacidade de conhecer alguém assim. Queria ter um manual dos homens ao ponto de poder saber quem presta e quem não presta. E assim, quem sabe, me permitir confiar nele e amá-lo... — Apertei a mão da minha irmã entre os meus dedos e sorri afavelmente.

— Você vai encontrar uma pessoa assim, mana. E vai saber que ele é a pessoa certa em quem você vai poder confiar.

— Como você soube que o Hakim era a pessoa certa em quem confiar? — Ela me rebateu.

As lembranças vinham uma a uma e eu precisava escolher dentre as tantas que tinha com ele, talvez a mais antiga, aquela na qual eu realmente comecei a perceber que ele era confiável.

— Você sabe que eu praticamente desmaio quando estou em um avião... — Malika concordou mexendo a cabeça num gesto afirmativo. — Ele me pegou antes que eu caísse no chão, mesmo depois de eu ter enfiado um espetinho no membro dele. — Talvez ali tenha sido o primeiro gesto de Hakim de que ele era confiável.

Ou talvez não. A forma como ele tinha sido sincero e falado para mim como queria salvar a sua irmã tinha sido no mínimo louvável. Em algum momento desses, internamente, meu inconsciente tenha percebido que ela era confiável.

— E em outros momentos... Como no nosso casamento que ele me protegeu de um homem malvado ou como ele sempre cuidava de mim e se importava, muitas vezes sem que eu realmente pensasse a respeito. Até a forma como ele sempre queria checar que estava tudo bem, se eu tinha uma opinião divergente, se eu estava de acordo, ou se eu estava cansada demais depois de longos dias de Ramadã tentando impressionar os pais dele... — E era a mais pura verdade.

Amor RoubadoOnde histórias criam vida. Descubra agora