Capítulo 1

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"O sorriso é a maneira da alma dizer que está feliz." Foi isso que Ursa disse a Zuko quando ele tinha apena 8 anos.

- Mas, mamãe... A Azula sorri quando me empurrar! - os olhos do pequeno príncipe se encheram de lágrimas - a alma dela fica feliz quando a minha chora?

Ursa não soube o que responder. Ela pegou na mão se seu filho e foi passeando com ele pelo jardim do palácio.

- Zuko, se lembra dos atores da Ilha Ember?

Zuko fez bico.

- Não queria me lembrar!

Ursa deu uma risada pela birra do pequeno.

- As vezes, quando eles choram ou riem, eles estão apenas fingindo. Algumas pessoas também são assim! Mostram sorrisos falsos, lágrimas falsas, gritos falsos.

Zuko pensou por um tempo.

- Mamãe, como eu identifico um sorriso falso de um verdadeiro?

- Assim:

A rainha segurou o filho e o girou no ar. A luz do Sol iluminava seus rostos. Ambos caíram na grama e deram uma gargalhada gostosa.

De longe, Azula observava a cena com uma sombra no olhos. Ozai mantia a mão no ombro da filha.

- Nós somos fortes, Azula. Não precisamos de nada disso!

- Sim, papai.

E os dois foram andando pelo corredor frio.

(...)

Zuko nunca mais deu um sorriso, não verdadeiros. Desde que sua mãe foi embora e seu rosto foi marcado, ele não via mais motivos para sorrir. As vezes, ele sonhava que estava voltando ao palácio, e sua mãe e seu pai o recebem de braços abertos, e ele sorri.

Mas é só a porra de um sonho.

Quando ele acordava, ele fava um soco na parede. E outro. E outro. Outro...

Certa vez, Iroh entrou no quarto de Zuko e viu sua mão pingando sangue. Ele não falou nada, sabia que não era necessário. Iroh pegou algumas faixas e cuidou dos machucados do sobrinho.

Eles nunca falaram sobre isso.

Zuko pensava que a única amaneira de fazer aquela dor parar era indo para casa, mas não passou.

Seu pai, sua irmã, sua nação... Todos estavam ali, mas a dor não passava.

Certa tarde, o príncipe entrou em seu quarto e abriu uma gaveta. Tinha vários comprimidos para várias dores, menos aquela que Zuko sentia. Ele pegou alguns, não se lembrava da quantidade, enfiou na boca e engoliu tudo. Ele deitou na cama com os olhos fechados, torcendo para o coração parar.

Mas não parou.

O príncipe estava em total escuridão. Sua irmã, sua namorada Mai... Nada brilha.

Zuko acha que nunca amou a Mai, não da maneira que ela merecia. Seu pai nunca aceitaria o príncipe namorar um garoto. Foda-se! Ozai não o aceitava em nenhum aspecto.

Zuko se sentia um nada. Cada átomo se seu corpo não valia a pena. Ele teve sorte de nascer, mas teve azar de viver naquele mundo de merda. Uma família desequilibrada, com máscaras de sorrisos falsos. Era um verdadeiro show de horrores.

Uma faísca acendeu naquela escuridão. Graças a Deus! Por que ele não pensou nisso antes? Se ele se juntasse ao Avatar, poderia ser não só uma salvação pessoal, como uma salvação para o mundo! Ele estava decidido. Zuko juntou suas coisas, apenas o básico, e partiu na Nação do Fogo, sem antes gritar umas boas verdades na cara de Ozai.

(...)

Palavras, as vezes, machucam mais do que facas.

- Nós não vamos deixar esse idiota entrar para a equipe, não é, Aang?! - Sokka gritou contra o príncipe.

Era verdade, Zuko era um idiota. Mas ele queria mudar, queria muito. Será que eles não viam isso?

Zuko estava com medo. Medo de ser rejeitado. Sua cabeça estava a mil e a ansiedade percorria todo o seu corpo. Ele não deveria ter ido falar com o grupo, não é? Isso não daria certo.

Ele foi dando passar lentos até sua barraca, mantendo uma expressão neutra em todo o caminho.

Zuko socou uma árvore com a mão direita. E socou de novo, de novo... Até os nós dos dedos estarem vermelhos e ardendo. Ele bateu de novo, só que com a lateral das duas mãos. Cada soco era um grito raivoso. Por fim, ele queimou a árvore.

Zuko caiu de joelhos, e lágrimas escorriam de seus olhos. Ele soltou um grito tão alto, mas tão alto, que os pássaros que descansavam nas árvores levantaram voo.

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