Capítulo 7

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- S/N -

  Acordo com uma enorme enxaqueca, mantenho os olhos entreabertos, consigo ver um quarto muito bonito, com uma mobília antiga mas bem conservada, em tons de vermelho e dourado. Não sei onde estou, mal lembro meu nome, fecho os olhos de novo e me espreguiço, até ouvir a porta de madeira abrir, o que significava que eu não estava sozinha.

  Era Scaramouche, não me lembro bem da noite passada, nem o que fizemos, se fizemos algo. Mas finalmente Emma volta a minha cabeça e junto com ela volta todos as memórias da noite passada.

  Scaramouche finge não me notar, e pega alguns papéis na gaveta, até que ele diz algo que me assusta de primeiro momento.

  - Dormiu bem? - Ele diz sem olhar nos meus olhos, olha apenas a papelada em cima da mesa.

  - Que gracinha, como ele é amoroso, não acha? - digo em puro sarcasmo o que posso ver em seus ombros largos que não foi uma boa ideia.

  - Olha aqui, sua cachorra. Não dificulte meu trabalho, entendeu? - Ele se vira agora para mim, com os papéis na mão, vem em minha direção.

  - Assina essa merda! - Ele diz jogando os papéis e uma caneta na minha cara.

  Dou uma risadinha irônica, não sou louca de falar outra coisa, mas também não vou sair por baixo. Ele não vai me matar, no dizer dele, ele precisa de mim. E sinceramente, não me importo se era mentira ou não, a esse ponto em que eu não sei nem minha localização, a morte seria o menor dos meus problemas.

Dou uma folheada na papelada, são alguns papéis de cartório para um casamento, ele já assinou, tem uma letra bonita mas bem apressada, posso ver que ele escreveu isso as pressas. Assino o que eu tenho de assinar, e incrivelmente me sinto mais tranquila, agora tenho quase certeza que ele não irá me matar ou algo do tipo, até porque esses papéis são difíceis de conseguir, nem imagino o que ele teve que fazer.

  Mal termino de assinar e ele já pega brutalmente os papéis do meu colo.

  - Terá uma cerimônia importante assim que chegarmos, tem roupas no armário. E colabore, se não você já sabe para onde sua amiguinha vai. - Afirma Scaramouche, a sua última frase me fez arrepiar, eu já tinha esquecido que Emma estava na mão deles.

  Ele não permitiu minha saída daquele quarto, fiquei o dia inteiro lá, não havia janelas, nem qualquer coisa que pudesse me distrair minimamente. Próxima a hora de chegada, eu abro o guarda-roupa e vejo a roupa que ele conseguiu para mim. É um belo vestido branco igual aos de contos de fadas, a malha era bem leve, provavelmente transparente, havia colares e joias tbm, eu estava no paraíso, só faltava um sapato, mas eu o cobraria mais tarde, agora é a hora da minha festa.

  Tomei um banho maravilhoso na suíte daquele quarto, arrumei meus cabelos vermelhos em um rabo de cavalo. Preferi usar o vestido sem sutiã, meus seios são pequenos, mas gosto deles assim. Coloquei um enorme brinco de pedras preciosas que eu sequer sei o nome, estava pronta, mas estava descalça, então, esperei até o horário que o homem disse que chegaríamos.

  Ele atrasou alguns minutos, mas trouxe um caixa, de sapatos com certeza. Ele sequer notou a roupa, sinceramente, fiquei magoada, porra, eu estou linda, eu gosto de ser admirada, não importa por quem.

  Scaramouche colocou os sapatos na cama e disse um seco "coloque-os" e eu obedeci, eram lindos, de salto fino com alguns cordões de pérolas pendurados. Vesti com a maior alegria, sempre gostei de ganhar roupas novas. O homem de cabelos púrpuros continuou no quarto, e dessa vez reparei que ele me olhava fixadamente encostado a beira de uma cômoda ao lado da porta.

  - Já chegamos, levante-se! - Mandou ele, e eu sou conseguia pensar o quão abusado ele era. Assim que eu achasse Emma eu iria embora o mais rápido possível, e com todas as roupas que ele me deu hoje.

  Finalmente vi por fora daquela porta, estávamos em um cruzeiro, parado em um belo porto, nunca tinha conhecido aquele lugar antes, seria encantador se eu não estivesse acompanhada de um cara como Scaramouche. Mas teria que entrar em seu teatro, não quero arriscar minha vida, e muito menos a de Emma.

  Conseguia ver muitas pessoas no porto, provavelmente um festival ou algo do tipo, era divino, estava apaixonada por aquele lugar. Fico um pouca ansiosa com a quantidade de pessoas, não por ser tímida, mas sim por eu estar falsamente casada com um maníaco. Se por acaso alguém perguntar como nós conhecemos? "Ele arrancou um pedaço da minha mão, me pediu em casamento, me sequestrou e agora estamos aqui, muitíssimo apaixonados." Penso comigo mesma. Agora pensando sobre minha mão, ela está com pontos mas praticamente cicatrizada, por quanto tempo esse maluco me manteve apagada?

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Obrigado por chegar até aqui <3

Sinto que esse capítulo ficou meio confuso e peço perdão. Estou em provas finais então fiz as pressas!

Imoral  [Scaramouche X Leitora]Onde histórias criam vida. Descubra agora