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Um suco de equações do segundo grau enchem abundantemente o quadro a minha frente, e o relógio de parede logo acima da lousa escura indica que o dia escolar mal havia acabado de começar. Para o meu azar, é claro.

Meu olhar está fixo no Sr. Stone, um senhor de expressão fria e roupas fúnebres, mas eu não consigo captar nada do que ele está falando. Era impossível prestar atenção em algo que não fosse Benny e Erica Jones trocando bilhetes no canto esquerdo da sala.

Meus dedos, antes livres em cima da mesa juntamente ao livro de matemática, agarram sem nenhuma delicadeza a caneta esferográfica que repousa sobre o resto do material escolar, e eu começo a rabiscar coisas ilegíveis na folha do livro. Eu sabia que não podia continuar olhando a cena do mais novo casal de Whitechapel por muito tempo, seria humilhante oferecer a Benny o que ele claramente não merecia.

Os risinhos vindos dos monogâmicos da vez tomam conta da sala rapidamente, e por mais que eu não olhasse a cena fingindo ser o aluno mais dedicado em números possível, sabia que maioria das pessoas na sala também os encarava compulsivamente.

-Vocês poderiam simplesmente sair da sala, eu não me importaria de não ter vocês atrapalhando minha aula com a porcaria fútil e adolescente que vocês tanto se orgulham em ter. - Sr. Stone carrega consigo uma expressão desanimada, e seu tom de voz quase não seria perceptível se ele não estivesse em pé na sala.

- Qual é, Stone! Logo hoje que você tá tão animado quer que a gente saia da aula? - Benny falou e Erica riu por cima do comentário como se fosse a coisa mais engraçada já dita por um ser humano antes.

Um burburinho tornou-se presente na sala, e eu precisei olhar para o garoto castanho e sua namorada azeda para revirar os olhos. Como o meu melhor amigo havia se tornado naquela pessoa previsível?

Benny não olhou de volta, ele parecia nem me notar no ambiente.

-Não sei o que anda acontecendo contigo Sr.Weir, mas com certeza eu não sou obrigado a aturar, saia da minha sala. Erica Jones, a senhorita pode ir junto.

O professor se afasta em rumo a sua mesa, e agarra uma garrafinha de água quase sem expectativas de continuar com o assunto mas Benny decide cortar o silêncio.

-Experimenta tirar a gente, Sr. Necrotério.

Mais burburinhos e risos ecoam pela sala. As pessoas da nossa turma adoravam toda aquela cena porque era a forma perfeita de mantê-los acordados, mas algo havia despertado uma preocupação genuína em mim.

O olhar de Benny permanece fixo ao nosso professor e de repente o ar contém um peso difícil de suportar. Erica ainda tem um sorriso carregado de indiferença e ela está agarrada no pescoço do garoto. Garoto que agora não possui o mesmo sorriso debochado de antes, e nem o olhar divertido que insistia no início da discussão. Ele estava diferente, distante.

Eu tenho uma sensação de angústia crescendo dentro do meu peito ao que observo toda a cena. Era como se eu soubesse que alguma coisa ruim estava prestes a acontecer em frente a todos os olhares curiosos da sala, como se Benny estivesse prestes a fazer algo de que posteriormente se arrependeria. Benny Weir não era somente o que aparentava agora, houve um tempo em que ele não era essa pessoa problemática que causava transtorno em qualquer ocasião que estivesse, e infelizmente, eu ainda acreditava nesse seu lado.

Benny, não faz isso.

Implorei pra mim mesmo em um sinal desesperado. Uma camada superficial de suor está presente em minha testa, e um calor indescritível atinge a minha nuca com força. Os batimentos acelerados são audíveis por mim, e sabia que se eu continuasse dessa forma desmaiaria de desespero, mas algo surpreendente acontece. O olhar verde esmeralda corre em direção ao chão em confusão como se ele repensasse em sua atitude, como se fosse uma criança recém acordada de um pesadelo.

Erica rapidamente reage, sussurrando algo indecifrável no ouvido do garoto que rapidamente responde com um:

- Melhor irmos.












 Preciso de você, Benny WeirOnde histórias criam vida. Descubra agora