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Quando cruzo a sala de estar e coloco os pés para fora de casa as coisas já parecem está fora de controle. Rory e Jane me seguem com passos descompensados, e pingos de chuvas acertam nossas cabeças.

-Por favor, Ethan. Ele não é o mesmo de anos atrás, ele não é mais nosso amigo.

A garotinha agarra meu braço, os dedos finos apertam forte o meu punho e Rory apenas observa tudo em silêncio, os óculos embaçados pela neblina da chuva.

-Jane, eu sei que o amigo que tanto am..admirei ainda existe dentro do Benny. Eu passei dois anos inteiros em completo silêncio, não acha que mereço ao menos uma explicação dele?

-Não acha tarde demais para cobrar explicações Ethan? - Ela me solta e cruza seus braços com um olhar quase fuzilante após me fazer a pergunta.

Tinha esquecido o quão franca a minha irmã caçula podia ser. Desde pequena sempre fora uma pessoa decidida, dona da própria narrativa. Cabelos loiros como os de mamãe, cílios longos e curvados como os de uma boneca e uma ousadia indescritível em sua atitude. Jane era tudo que eu queria ser e não conseguia por ser cheio de problemas de segurança.

-Ethan sente paixão. - Rory corta o silêncio.

-Por Deus Rory, cala a sua boca!

De repente meu rosto arde como se estivesse em chamas e Jane está preparada para falar algo, mas decide fechar a boca. Há algo confuso em sua expressão, e Rory ainda tem o mesmo sorriso idiota quando o olho, ato de puro nervosismo. Nunca havia comentado com ninguém sobre a minha "obsessão" em garotos, ou melhor, "garoto", então ouvir Rory afirmar tão seguramente que eu sentia paixão por Benny era desesperador.

-Faça o que tiver que fazer. Vamos esperar você dentro de casa. Rory...- Um peteleco de Jane atinge a testa do garoto loiro, ele resmunga. -Você vem comigo.

Minha garganta trava em um nó enquanto observo meus companheiros se afastarem. Por dois segundos Rory olha para trás, os olhos azuis denunciam preocupação, eu sorrio. Era só Benny Weir. O garoto de meias malucas que amava ouvir McFly a todo volume enquanto assávamos biscoitos natalinos. Eu iria ficar bem. Eu precisava ficar bem.

A casa de Benny estava parada a poucos metros a minha frente. Eu olho a casa, a casa olha de volta para mim. Por que ela também parece uma estranha agora?

Ando até o jardim de Benny, respiro uma, duas, três vezes, aperto a campainha e ela soa tão claramente que eu estremeço. Como foi que fiquei tão destemido de um minuto para outro? Em um segundo eu estava largado em uma cama bagunçada ouvindo o meu amigo e minha irmã debaterem sobre minha vida amorosa, e em outro estou parado na frente da casa da minha mais antiga e única paixão enquanto chove. Aperto a campainha de novo. Examino meu polegar, e mordo a unha. Eu não sei por onde começar...eu deveria ser direto? Passar na cara que ele havia quebrado meu coração? Mais uma vez aperto a campainha... o desanimo começa a dar sinais.

Benny... por favor. Eu sei que não quer me ver nem pintado de ouro. Eu sei que agora eu sou o idiota que você finge não conhecer na escola, isso quando não sou o idiota que você debocha e faz piadas. Mas eu preciso esclarecer toda essa situação. Por favor, abre essa porta. Não me importo se iremos brigar, nos ofender. Eu só quero entender nossa última conversa. Eu só quero entender o porquê que você me odeia tanto. Eu te fiz mal? Te magoei?

Me afasto do jardim, a tristeza gritando a cada passo que dou. As lágrimas já estão caindo, mas meu olhar ainda está fixo na chuva que acerta o chão. Talvez eu estivesse mesmo ficando louco, eis a explicação para tamanha estupidez acumulada. Eu esperava que algo realmente acontecesse?

A chuva começa a se intensificar, continuo imóvel ao que repito a mim mesmo que preciso deixar essa loucura no passado. Eu não posso insistir em um sentimento que só me leva ao fracasso. É hora de mudar meu caminho, é hora de superar Benny Weir. Nem que pra isso eu precise odiá-lo.

(...)



capítulo pequeno e sem graça eu sei, mas minha inspiração é quem decide as coisas eu não tenho culpa kkkkk bjs

 Preciso de você, Benny WeirOnde histórias criam vida. Descubra agora