Dessa Vez...

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Donna

Já havia se passado mais de uma semana aqui, eu não via muito os moradores da casa ou Thomas, e estar encarcerada naquele porão macabro não ajudava nada. — Eu tenho que fazer dar certo... — Eu disse pensando em uma nova rota de fuga, tinha que ser a oportunidade perfeita... dessa vez eu não posso errar. Passos ecoam pela escada, eu finjo estar dormindo encostada na parede.

Duas mãos envolveram meu braço, imediatamente abri meus olhos. — Luda quer a sua ajuda na cozinha. — Era aquele velho de novo, o que prendeu todos e os levou para o abate junto com Thomas, eu não queria subir e encontrar aquele bando de loucos mas era isso ou uma motosserra destruindo minhas entranhas. Me levantei olhando para ele e estendi os pulsos, ele revirou os olhos mas me desamarrou, tudo naquele porão era nojento e empoeirado. — Ela disse o que eu preciso fazer? — Perguntei olhando para o velho papel de parede descascado, ele nem sequer me olhou ou me respondeu.

Quando finalmente chegamos até Luda, a mesma estava na pia cortando carne, tinha bastante sangue na pia e no chão e eu já sabia muito bem o que estava acontecendo aqui. — V-você disse que queria ajuda na cozinha. — Tentei ao máximo não gaguejar ou mesmo deixar o nojo transparecer, Luda se virou com um sorriso no rosto, suas mãos estavam completamente cheias de sangue. — Sim fia, que bom que ocê chegou. — Talvez para ela aquilo fosse apenas mais uma quarta feira, mas eu estava a beira de um desmaio, o cheiro de sangue era tão forte que eu conseguia sentir o gosto. — Tempera logo a carne, logo logo toda a família tá aqui. — Ela disse se virando de novo, o barulho que a carne fazia enquanto era cortada estava me deixando enjoada.

Respirei fundo e olhei para os pequenos potes que quase não tinham muita coisa para usar, ou alguns deles estavam mofados ou quase não tinham o suficiente para dar gosto ou pelo menos disfarçar que aquilo era carne humana. Abaixei minha cabeça, lágrimas escorriam pelas minhas bochechas enquanto eu tentava fingir que não estava na casa de uma família canibal e que aquilo era um grande almoço de família, um normal. Finalmente aquilo tinha acabado, eu lavei minhas mãos o mais rápido que pude. 

Luda me mandou sentar a mesa já que o jantar estava quase pronto e alguns dos membros da família já estavam a mesa, um homem numa cadeira de rodas, o que nos trouxe a essa casa dos horrores mas Thomas ainda não estava aqui. — Eu... eu vou voltar pro porão. — Falei me levantando da mesa vendo que o velho também se levantou. — Hoyt, leva ela pro porão. — Luda mandou e com apenas um olhar emburrado ele me empurrou até a porta do porão e me amarrou de novo.

Descendo as escadas com cuidado eu olhei para meus pulsos amarrados e então logo minhas pernas também estavam amarradas. — Vê se não dá problema sua vadia. — Disse Hoyt com raiva subindo as escadas e fechando a porta. Me vi novamente encostada naquela parede pensando em tudo o que deveria ter feito ou que deixei de fazer, dava para escutar as risadas e o barulho dos talheres batendo nos pratos.

De repente a porta do porão foi aberta e passos pesados soaram, as escadas rangiam com cada passo, então Thomas aparece com uma bandeja em suas mãos. Tentei não reagir a seu olhar sério e seus passos pesados, ele se aproximou e se agachou do meu lado...

Am I His Prey?Onde histórias criam vida. Descubra agora