08 l QUENTE COMO A ESPANHA

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Faster than the wind, passionate as sin

🌙

10 de maio de 2022
Madrid, Espanha

A casa número 5 de La Finca Villa estava mais lotada e barulhenta que o normal.

Aquilo só podia significar uma coisa: Lunna Martínez estava de volta em Madrid. E todas as crianças, com exceção do mais novo de dois anos, Juan Daniel, estavam indo para o colégio. Ao todo eram cinco: Junior, Léon e Alejandro, os três Martínez-Ramos, e as gêmeas Waialiki-Villagers, Kaia e Zuri.

— Tia Lunna, leve a gente na escola, por favor! — Léon pediu cutucando sua coxa, mas foi puxado pela mão por Rosie.
— Lunna não sabe dirigir, ela leva vocês outro dia com o motorista — um bico formou-se em seus lábios, mas assim que Lua lhe deu um beijo na cabeça, virou um sorriso enorme. — Deem tchau pra tia Lunna!
Tchau, tia Lunna — um coro saiu do carro e Lunna recebeu acenos agitados das crianças, que já estavam em seus respectivos lugares.
— Te encontro à noite, ok? Pensando em sair uns dias de folga para aproveitar com a minha prima preferida.
— Eu sou sua única prima, Rosie — a advogada riu. — Não se preocupe, vou estar aqui. Trabalho só pela tarde esses dias.
— Esse homem não lhe deu um dia de folga? Ele sabe de quem você é, prima? Posso processá-lo por exploração patronal.
— Pode processar alguém por ser incrivelmente insuportável? — as duas riram e Rosie despediu-se da prima, lhe dando um abraço.

Lunna amava mais do que tudo estar em casa, principalmente na mansão da prima. Ser vizinha do seu melhor amigo – mesmo ele estando para o litoral da Espanha, em Valência, por conta da La Liga –, estar em contato com a sua creche pessoal, na companhia de seus pais e sua avó Celina era tudo o que Lunna queria depois de todos aqueles dias longe.

— Meu amor, venha comer algo! — Celina disse assim que a mais nova adentrou a residência. — Fiz o café da manhã com tudo que você gosta!
— Eu amo tanto a senhora, sabia? — Lunna deu um abraço apertado na avó e andou de braços dados com ela até a mesa de refeições.
Passarinha — disse o apelido de infância da neta em seu doce espanhol. — Me conte, como anda as coisas no trabalho novo? Ontem com as crianças mal conseguimos conversar! E sente-se para comer, vamos, vamos!
— Mamãe, desse jeito você vai sufocar Lunna! — Maria José brincou, mas a matriarca a encarou com o rosto fechado e gesticulou para que ela parasse de falar.

Lunna soltou uma risada e se sentou ao lado da avó na mesa, que já estava ocupada por seu pai e sua mãe. Era reconfortante poder estar ali novamente, fazendo a primeira refeição do seu dia com sua família.

— Nunca, mamá. Minha velhinha pode perguntar o que quiser!
— Então conte para sua vó, tem algum rapaz em sua vida? Já faz bastante tempo desde a última vez...
— Menos isso, vovó! — Lunna balançou o dedo para Celina. — Eu acho que não tem.
— Esse acho foi muito suspeito, querida. Papai está de olho, não se esqueça.
— Sim! Você voltou desse trabalho com um brilho diferente. Vamos, conte para sua família. — a mãe instigou e Lunna sentiu o rosto esquentar.

Tinha alguém. Por mais que ela não soubesse o que era, tinha certeza que existia algo. Algo que poderia arrastá-la para um lugar totalmente desconhecido e perigoso.

— Aquele rapaz que você trabalha é muito bonito. Nós o vimos na televisão, sempre passa vocês dois antes das corridas. Ele tem cara de ser um bom menino, não é, Maria José? Aparenta ser muito gentil, um doce!
— E tem cara de ser homem cheiroso! Comentei com sua avó isso.
— Olhem, Carlos é um chato. Se eu não trabalhasse com ele, iria odiá-lo. Ele é metido, meio arrogante, se acha o sabe-tudo — os três não tiravam os olhos de Lunna e sorriam cúmplices um para o outro. — E ainda vai me fazer trabalhar aqui em Madrid enquanto eu poderia passar mais tempo com vocês. Até mesmo poderíamos ir para a Yeguada — ela baixou os olhos e comeu um pedaço do mamão que a avó tinha deixado em seu prato. — Vocês não deveriam gostar dele.
— Deixe sua avó lhe contar algo, Passarinha. — Lunna a encarou. — Você fala desse rapaz com muito carinho, sabia? Mesmo quando usa palavras duras. Não tente enganar seu coração.
— Não estou enganando nada, vovó... É só que... não combinamos.
— Ora, Lunna! Você também é metida a sabe-tudo, já esqueceu?

THE CIBELES • CARLOS SAINZ JR.Onde histórias criam vida. Descubra agora