10 l MÔNACO

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Heaven can't help me now

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Stade de France
Paris, França
26 de maio de 2022

Lunna achava Paris uma cidade superestimada. Ela não era adepta à sua culinária mais conhecida, que incluía patos, miolos, queijos e doces em excesso; muito menos gostava do cheiro da cidade. Paris tinha cheiro de Paris, e não era agradável.

Mas tinha uma coisa que Lunna gostava não só na cidade, mas como no país: a paixão por futebol. E, naquele dia, a cidade inteira estava diferente.

Era a grande final da Champions League. A capital francesa transpirava futebol, e Lunna estava encantada. "A cidade deveria ser sempre assim", pensou ao dar mais uma olhada pela janela do hotel. Viu passarem diversas crianças vestidas de branco, cobertas com cachecóis, balançando bandeirinhas com o escudo que Lunna tanto amava.

A companhia de Carlos, em conjunto daquele clima futebolístico que os dois tanto gostavam, deixava as coisas ainda melhores. Os dois não eram de conversar abertamente sobre os últimos acontecimentos, mas sempre que se pegavam sozinhos, era inevitável perceber a tensão que os rodeava. A noite no Ritz na Espanha foi a última em que ficaram juntos, e Lunna nunca descobriu quanto Carlos pagou por ter parado o elevador da ala privativa do hotel por mais de uma hora, nem mesmo o valor total dos dois quartos. E duvidava se um dia saberia. Talvez nem mesmo Carlos soubesse.

Mas a única coisa que os dois sabiam muito bem é que era apenas uma questão de tempo para que ficassem juntos novamente. E ter a ciência daquilo assustava Lunna mais do que a espanhola imaginava.

Por esse motivo, mesmo fazendo apenas um bate e volta rápido na cidade parisiense, Lunna optou por ficar hospedada em um hotel diferente do que Sainz. A preparadora não confiava em si mesma perto dele, sabia que cederia. As memórias das duas noites em que estiveram juntos ainda eram vividas em sua mente – sem falar nas sensações que Carlos lhe causava, que pareciam sempre voltar para assombrá-la. Era incrível, e interessante, o efeito que ele tinha sobre ela. E Lunna já chegara a se perguntar se tinha algum, ainda que pequeno, sobre ele. A ideia de que era apenas mais uma no meio de tantas outras que o espanhol poderia ter era torturante, angustiante. Uma hora teriam que deixar as coisas em pratos limpos, mas o medo de estragar tudo era maior. Muito maior. O que tinham era diferente, não poderia ser estragado tão rápido.

Não demorou muito para Martínez sair do Novotel Suites Paris Stade de France e encontrar com o piloto em frente à área VIP do estádio. A espanhola sorriu ao vê-lo encostado com um pé na parede, digitando no telefone, usando uma calça jeans azul e uma camisa do Real Madrid. Não demorou dois minutos para que Carlos notasse que não estava sozinho, e ele abriu um sorriso ao ver quem era sua companhia.

— Se tivéssemos combinado, não daria certo — apontou para a blusa que a mulher usava.
— Décima primeira Champions — Lunna respondeu. — Temporada da remontada, quando Dani entrou no time.
— Sim! Nossa, quase inacreditável o que ele fez. Mereceu muito a premiação de melhor do mundo naquela temporada.
— Eu espero que se repita hoje. Estou nervosa.
— Eu também. Quero ver Salah abrir o berreiro de novo hoje.

Lunna soltou uma gargalhada ao lembrar do post que o jogador fez atiçando a torcida do Real Madrid.

— Ele deve ter pesadelos com Sergio Ramos até hoje — respondeu, mas voltou sua atenção para o celular que tocou. Lunna atendeu e respondeu apenas um "obrigada, querido, já te encontro", que fez Carlos Sainz se perguntar quem era do outro lado da linha.

O espanhol não queria acreditar que depois de todos os acontecimentos dos últimos dias, Lunna tinha uma outra pessoa. Muito menos que o outro estivesse ali, num lugar que ela tinha o convidado.

THE CIBELES • CARLOS SAINZ JR.Onde histórias criam vida. Descubra agora