𝕮𝖆𝖕𝖎́𝖙𝖚𝖑𝖔: 𝕮𝖎𝖓𝖈𝖔

84 8 91
                                    

— Quando penso que meu sofrimento acabou, lembro que ainda é quarta-feira... — Disse Amber Ortiz olhando para seu rosto inchado no reflexo do seu espelho após uma noite de sono que não aparentava ser o suficiente.

Em seu banheiro ela precisava se encorajar para mais um dia de luta. Abriu a válvula da torneira fazendo o conteúdo líquido cair em suas mãos e jogando água em seu rosto a fim de dar iniciativa ao seu dia, pois ela sabia bem que seu banho com água gelada seria tortuoso. Sua família não tinha dinheiro para comprar um chuveiro elétrico novo para ela mas, a jovem Ortiz sempre olhou para o lado bom das coisas. Pelo menos eu tenho um banheiro. Pensou Amber.

Em questão de alguns minutos Ortiz já estava pronta, cabelos penteados, seu fardamento completo, dessa vez de calça e bateria do celular cheia, por mais que a vida útil não seja a mesma de 4 anos atrás. Descendo as escadas ela podia ver o seu pai tomando o café da manhã na mesa marrom escuro que usam para o almoço. Amber conferiu as horas e viu que poderia tomar um café da manhã com o seu pai.

Amber Ortiz chega por trás do seu pai e dá um beijo no topo da sua cabeça, segue mais a frente e se senta ao lado do mesmo que prossegue calado.

— Bom dia, papai. — disse Amber sorridente. — O senhor dormiu bem?

— Como posso dormir bem se eu trabalho só para pagar contas que você e sua mãe fazem? — indagou o senhor Ortiz com um tom rancoroso.

— Eu compreendo... — respondeu Amber reclusa. "Não é nem 6 da manhã cara... já vai ser assim?" — Semana que vem vai ter o interclasse na escola e o desafio anual escolar, vou ter que ficar na escola até mais tarde e ter que ir na casa do pessoal do grupo.

— Isso vai custar algo? — Indagou o pai de Amber já começando a se estressar.

— Não, papai... — Amber se encolheu e parou de comer e deixou a xícara de café na mesa

— E o Sanches? — iniciou o senhor Ortiz. — Ele foi demitido mesmo? — o tom de desdém era nítido

— Sim... — Amber disse de certa forma triste e curiosa.

— Bem melhor assim.

— Papai. — disse Amber em um tom mais alto. — Me desculpa, mas ele sempre foi legal com você, ele adora a gente, pensei que você fosse amigo dele também.

COMO EU SERIA AMIGO DE UM PEDÓFILO? — gritou o senhor Ortiz.

— Tem alguma coisa errada, ele nunca faria isso, eu conhecia el... — Amber é interrompida.

— Você não sabe de nada, Amber. Você é boba e inocente, ele devia te assediar e você nem percebia. — Amber arregalou o olho

NÃO FALA ASSIM DELE. — gritava Amber em prantos.

CALA A SUA BOCA ENQUANTO EU FALAR COM VOCÊ. — Amber trava ali mesmo e baixava a sua cabeça. — Você está sendo uma garota mimada e rebelde. Eu que pago as contas desta casa, eu que mando em você e nessa droga. Enquanto estiver no meu teto fará o que eu disser. — Amber com a cabeça baixa deixou uma lágrima cair, não gostava que gritavam com ela tinha péssimas lembranças, inconscientemente ela se retrai na cadeira — Para com o choro, não falei nenhuma mentira Amber. Vai logo pra escola, se perder o ônibus não vou lhe levar.

Amber se levantou. Deu um beijo na testa de seu pai.

— Eu te amo pai — colocou um sorriso no rosto o foi pro ponto pegar o ônibus escolar, seu pedido havia sido aceito. Viu o ônibus de CT passar pela esquina da rua, as cores do colégio eram totalmente visíveis além do brasão na frente e ao lado do ônibus. Entrou, deu bom dia para a senhora Perez, uma senhora muito simpática e carinhosa com os alunos. Escolheu um assento no meio do ônibus do lado direito, colocando seus fones de fio, iniciou uma música.

𝓢𝓲𝓷𝓰𝓾𝓵𝓪𝓻𝓲𝓽𝔂Onde histórias criam vida. Descubra agora