Capitulo 2

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O despertador tocou e Jeni o tateia até parar. Ela se levanta meio sonolenta e vai para a cozinha. No caminho de volta ela ouvi um barulho vindo do quarto de sua mãe. Ela abre a porta e não a vê na cama, mas o barulho ainda estava lá, então entrou no quarto e foi em direção ao banheiro. Quando abriu a porta viu sua mãe sentada no chão com as duas mãos no assento da privada com a respiração acelerada. Ela tinha vomitado.

-Ah mãe. -disse fazendo uma cara de nojo. -Vem - e a pegou pelo braço delicadamente ajudando-a se levantar.

Lia se deitou na cama com muito esforço e começou a chorar. Jeni não aguentou ver aquela situação. Lágrimas começaram a cair, mas ela não podia chorar ali, não agora, se não sua mãe iria vê-la e culpar a si mesma por essa situação. Então Jeni enxugou as lágrimas rapidamente e buscou um comprimido para sua mãe tomar. Um comprimindo que deixara dormir. Ela saiu do quarto fechando a porta devagar, encostando-se a parede começando a cair até sentar no chão. Começou a chorar silenciosamente, mas com desespero dentro de si. Era sempre assim. Sempre desde que perdeu o pai e seu irmão mais velho.

Ela adormeceu ali mesmo. Sentada no corredor, com o rosto todo molhado. O que mais aconteceria com ela desse jeito? Jeni quase não dormia nas primeiras noites em que descobriu o acidente de seu pai e seu irmão. Lia ficara na cama o dia todo, e às vezes saía para beber e só voltava de madrugada. Encontrava Jeni deitada no sofá dormindo desembrulhada. Ás vezes bêbada. No dia seguinte ficava o dia inteiro deitada na cama se sentindo culpada pelo que aconteceu. Mas não adiantava. Lia voltava ao mesmo bar e chegava em casa com cheiro de cigarro e álcool. A garota sabia que ela não fumava então devia estar com um alguém.

Jeni não a culpou e nem a culpa por isso. Ela estava passando por um momento de dificuldade e era esse o jeito dela lidar com situações ruins, mesmo extrapolando em algumas horas.

Jeni estava deitada em uma cama de ferro presa com correntes de metal em torno dos pulsos e tornozelos. Ela levantou a cabeça para ver onde estava. Seu coração disparou contra o peito velozmente quando reconheceu o lugar: Era o porão da cabana do Sr. Smith.

Ela se debateu sobre a cama tentando escapar das correntes, mas foi inútil, elas só estavam apertando ainda mais os pulsos e os tornozelos quando subitamente parou de se mover ouvindo passos vindo da escadaria no canto do porão. Jeni conteve o impulso de chorar.

-Olá. -Disse uma voz grave, porém suave e extremamente familiar. -Pensei que não fosse mais vê-la. Faz tanto tempo. Jen... -e deixou as palavras circularem no lugar úmido.

Jeni fixou o olhar no teto estremecendo, apesar de ela não estar sentindo frio, seu corpo estremecia de medo, medo de não poder mais ver sua mãe, medo de não poder mais ver a luz do sol, não ver mais nada...

-Não se preocupe - disse o Sr. Smith quase em um sussurro, - eu vou te fazer a mulher mais feliz de todo o mundo. Acredite.

Ele passeou suavemente os dedos na bochecha dela percorrendo seus olhos verdes escuros pelo seu rosto pálido e assustado parecendo estar lendo sua mente. Ele esboçou um sorriso, um sorriso não suave, mas sim um sorriso doentio, cheio de pensamentos horríveis. Sr. Smith fazia círculos com o indicador na bochecha dela fazendo seu estomago revirar de nojo e querer vomitar.

-Nós vamos ficar aqui para sempre...

Ela acordou ofegante e suada. Suas mãos tremiam até perceber que estava em sua cama, em seu quarto, até perceber que estava segura. Mas, quando foi que ela chegou lá? Será que sua mãe tinha acordado? A ultima coisa da qual se lembrava era de ter sentado no corredor.

Ela olhou pela janela e viu que já escurecera. Jeni sentou na cama, calçou os chinelos e desceu até a cozinha. Sua mãe não estava lá, só viu um bilhete pregado na geladeira como sempre fazia quando ia á algum lugar. Ela tirou o bilhete da geladeira e leu.

Meu anjo - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora