Capitulo 4

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Segunda-feira tinha chegado. Jeni acordou ás seis em ponto. Levantou e foi até a cozinha comer alguma coisa, pegou uma maçã comendo no caminho de volta ao quarto. Vestiu uma calça jeans e uma camisa regata roxa com um casaco jeans por cima calçando um tênis e amarrou o cabelo em um rabo de cavalo.

Logo depois saiu do quarto com a alça da bolsa nos ombros e foi até o final do corredor e parou em frente à porta da mãe. No momento em que ela tocou a maçaneta sentiu uma coisa gelada e seca ao mesmo tempo e foi quando ela sentiu um cheiro forte.

Vodca e sangue.

O coração de Jeni acelerou contra o peito. Várias imagens passaram pela sua cabeça: Sua mãe na cama ensanguentada tentando se matar, ou... Alguém tentando matar sua mãe, ou... Ela abriu a porta bruscamente esperando ver algo desse tipo, mas não. Viu sua mãe de pé em frente ao espelho com um blazer vermelho vinho e uma saia vermelha até os joelhos e um sapato bege combinando com a roupa. A garota franziu o cenho não entendendo o que estava acontecendo.

-Bom dia, Jeni - disse Lia olhando-a pelo espelho.

-Bom... O que você está vestindo? -Disse quase em um sussurro.

-Bem, hã, eu vou para uma entrevista de emprego - E se virou para a filha. - O que achou?

Jeni passou os olhos do blazer até os sapatos. Estava simplesmente perfeita, achou. Lia tinha curvas de dar inveja a qualquer uma. Era alta, 1,75 mais ou menos, enquanto Jeni tinha 1,67. Os cabelos castanhos com grandes cachos definidos caíam sobre os ombros enquanto ela mexia graciosamente. Nos seus quarenta e tantos anos, Lia estava inteiramente bela.

-Você está incrível. -Disse se aproximando de sua mãe. -Mãe, o que aconteceu? Quer dizer, a maçaneta está toda suja de sangue e molhada de... -a palavra saiu com certo nojo na boca de Jeni - vodca.

-Ah, eu me cortei enquanto eu juntava os cacos da garrafa na cozinha. Ela caiu da minha mão.

Mas como se até um dia atrás Lia estava perfeitamente bem? No dia anterior ela e Jeni foram ao parque, passear. Dia de domingo é sempre bom para passear com a família e já que nenhuma das duas tinha compromisso então decidiram ir para o parque no centro da cidade. Elas conversaram, riram, comeram, e se divertiram, que foi uma coisa que não faziam desde o terrível acontecimento.

-Mãe, você estava bebendo? De novo? Você me prometeu ontem, esqueceu? Você me prometeu que não iria mais beber...

-Jeni -interrompeu Lia, - meu amor, eu não bebi. Não coloquei sequer uma gota de álcool na minha boca desde sexta.

-Então... o que foi aquilo?

-Eu iria joga-la fora. -Foram essas palavras que fez Jeni relaxar. -Ela acabou escorregando da minha mão e caiu, foi quando eu me cortei - disse estendendo a mão com um curativo no dedo indicador em direção a Jeni.

-Ah. -Disse ela suavizando a voz. -Eu pensei que... Desculpa.

-Não precisa se desculpar, querida - e sorriu de um jeito amoroso.

Lia, na noite anterior logo depois que chegaram a casa, prometeu a Jeni que nunca mais iria beber, custe o que custasse, ela não iria colocar nenhuma gota de álcool na boca. Iria tomar os remédios antidepressivos, e viver como uma pessoa normal, ter uma vida normal. Não foi fácil ela ter tomado essa decisão, não mesmo, mas, alguma coisa que Jeni não sabia a fez mudar, para melhor. Era o que esperava.

Jeni ocupou o carro perto de um Miata vermelho mal estacionado que ocupava quase duas faixas, e ela já estava atrasada demais para estacionar em outro lugar, porque ficou ajudando sua mãe a escolher acessórios para a entrevista de trabalho e quase perdeu a hora. Ela saiu do carro apressadamente e entrou no portão principal indo direto para a sala de aula. Felizmente a professora de inglês ainda não tinha chegado.

Meu anjo - EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora